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A IRONIA E A MAIÊUTICA SOCRÁTICA NO ENSINO DE FILOSOFIA PARA CRIANÇAS

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Por:   •  14/6/2014  •  1.168 Palavras (5 Páginas)  •  1.511 Visualizações

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A IRONIA E A MAIÊUTICA SOCRÁTICA NO ENSINO DE FILOSOFIA PARA CRIANÇAS.

Sócrates (C.470-390 a.C.) nasceu e viveu em Atenas. Filho de um escultor e de uma parteira, conhecia a doutrina dos filósofos que o antecederam e de seus contemporâneos. Diziam que era um homem feio, mas que quando falava, exercia fascínio sobre os que o procuravam, sobretudo os jovens, passando horas discutindo em praça pública. Esta pequena biografia de Sócrates já nos aponta a postura de um exímio educador: detentor de conhecimento, dom da oratória e carismático. Estas três virtudes somada aos elementos próprios da ironia e da maiêutica que veremos a seguir deveriam ser o fio condutor da nossa prática docente se desejamos lograr êxito em nossas aulas no Ensino Fundamental, tal qual o fascínio que desenvolveu Sócrates sobre seus admiradores nas praças públicas de Atenas.

Para Sócrates a ironia consiste em perguntar simulando não saber. Desse modo, o interlocutor expões suas opiniões, à qual Sócrates contrapõe argumentos que o fazem perceber a ilusão do conhecimento.

A maiêutica centra-se na investigação dos conceitos. Para tanto, Sócrates faz novas pergunta para que o interlocutor possa refletir. Portanto não ensina, mas o interlocutor descobre o que já sabia.

O interessante neste método é que nem sempre as discussões levam de fato a uma conclusão efetiva, mas ainda assim trazem o benefício de cada um abandonar sua opinião (doxa), um conhecimento impreciso e sem fundamento. A partir daí, é possível abandonar o que se sabia sem crítica e atingir o conhecimento verdadeiro.

Feito estes esclarecimentos iniciais, resta-nos identificar os elementos do método socrático na proposta de Mattew Lipman para ensinar filosofia para crianças.

Geralmente, quando se fala de ensino de Filosofia para crianças, muitos se surpreendem, pensando que tal objetivo se torna quase impossível. Isso se dá mediante o fato de que muitos veem a Filosofia apenas como uma disciplina escolar para ensino médio e superior (VELLOSO, 2012).

No entanto, Matthew Lipman quis propor um método que tivesse por foco justamente o ensino de Filosofia para crianças desde as idades escolares iniciais, levando-as a discutirem temas filosóficos importantes, explorando pontos importantes da racionalidade humana.

Assim, ao desenvolver seu método de ensino de Filosofia para crianças, quis justamente mostrar que esta que pode ser considerada como a “mãe de todas as ciências” deve estar presente na vida de todas as pessoas, desde a mais tenra até a mais avançada das idades.

O desejo de saber e a procura intensa pela verdade de Sócrates foram as forças que o levaram a ser um dos pensadores mais influentes de sua época. Lipman, quando propõe seu método para ensinar crianças a filosofar, também busca basear-se na atitude dialogal, fomentando os educandos a criarem uma chamada “comunidade de investigação”. Para isto, Lipman procura transformar a escola em um ambiente científico de investigação que dê conta das questões prementes de diversas áreas do saber humano, cuja base principal é a comunicação natural e disciplinada, porém com um objetivo: o de encontrar a verdade.

Da mesma forma Sócrates. Para ele, o encontrar a verdade tem que partir do pressuposto de que o homem tem que se livrar da ilusão do saber. Para fazê-lo, Sócrates se colocava como alguém ignorante diante de seus interlocutores. A partir da autoconfissão de sua ignorância, ele levava os seus interlocutores a uma série de perguntas, no final das quais os mesmos eram obrigados, por via racional, a confessar sua própria ignorância diante do tema em discussão. Essa era a chamada ironia, um conjunto variado de ficções e estratagemas utilizados por Sócrates (REALE; ANTISERI, 2004).

Essa fase do método socrático está presente no método de Lipman a partir do momento em que o educador se torna um mediador da comunidade investigativa. Ele não

pode se ver como o detentor pleno da verdade, mas como um condutor dos educandos rumo a ela. Porém, é indispensável que ele tenha consigo elementos importantes sobre o assunto que está sendo questionado e que intervenha sempre que necessário. É imprescindível que o seja um mediador, assim como Sócrates agia, pois é o educador quem guiará a comunidade investigativa. Sem sua intervenção, o grupo de educandos não se torna uma verdadeira comunidade investigativa em busca da verdade.

Depois de ocorrida a ironia, Sócrates propunha que era possível acontecer o verdadeiro conhecimento mediante o uso da faculdade da razão. Isso se dava não mais através de uma instrução que fosse imposta de forma extrínseca ao discípulo, mas através da retirada do saber da mente do mesmo. Ou seja, Sócrates fazia com que

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