A Relação Entre Filosofia E As Teorias Do Desenvolvimento
Por: Debora Sousa • 23/7/2024 • Ensaio • 625 Palavras (3 Páginas) • 69 Visualizações
A RELAÇÃO ENTRE A FILOSOFIA E AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
Redação por Débora Miranda Sousa
A educação, nos tempos contemporâneos, é alvo de importantes discussões acerca de sua metodologia. Como um instrumento de transformação social, é interessante notar o quanto essas discussões são soterradas como forma de evitar que esse caráter transformativo seja colocado em prática. Portanto, é comum que os espaços educativos sejam mecanicistas e repressores, fazendo com que esse a experiência de aprendizagem seja vivida com sofrimento, tédio e aprisionamento. Por conta disso, a filosofia é fundamentável para que seja possível uma estruturação efetiva da metodologia de ensino e, principalmente, para a elaboração de uma experiência interessante alinhada com a natureza humana de buscar conhecimento.
A filosofia, em primeiro lugar, nos atenta para o sentido de educar. A essência humana gira em torno do ímpeto de saber: a criança, sujeito mais próximo da essência, é movida pela força da palavra “porquê”. As bases filosóficas se ocupam em saber de onde vem tal ímpeto e as teorias do desenvolvimento se ocupam em manejar o direcionamento desse ímpeto, que só é possível com o conhecimento de sua origem.
O racionalismo e idealismo filosóficos postulam que o pensamento é a via de afirmação da existência, de forma que o pensamento se torna a única fonte de todo o conhecimento. Dessas teorias filosóficas surge o inatismo, teoria do desenvolvimento em que o sujeito já nasce com sua capacidade inata de aprendizado e a sua inteligência se resume a capacidade orgânica de pensar. A grande problemática dessa teoria é a imposição de uma norma às crianças: aquelas que precisam de mais tempo para concluir determinada fase de aprendizado são sentenciadas à diagnósticos médicos e psiquiátricos e devem frequentar instituições especializadas, impedindo o convívio diversificado de crianças e criando a noção de anormalidade. Contribui também para a medicalização da infância e rompe com o caráter de transformação da educação, já que o sujeito nasce e morre com os mesmos potencias.
A teoria ambientalista, baseada no behaviorismo, é totalmente contrária à teoria exposta anteriormente. O ambiente e a experiência são decisivos no desenvolvimento infantil e a criança é completamente moldável ao meio externo. Os estímulos ambientais consistem na punição e recompensa, caracterizando uma experiência escolar traumática e manipuladora. A criança é tratada como passiva e seus desejos são anulados, já que o postulado afirma que suas vontades não partem dela mesma e podem ser modificados pela experiência educacional. Essa prática, como afirma o texto 3, se mostra poderosa ao considerar a importância do ambiente, mas se mostra perigosa na forma de lidar com uma criança. A raiz de um grande problema contemporâneo é a crença de que o educando não tem opiniões próprias e pode ser condicionada a se transformar em massa de manobra para um levante revolucionário. Aniquila, também, o caráter transformativo da educação, já que a criança é passiva em relação ao saber e não é ensinada a ter autonomia de aprendizagem; assim, o educando se torna dependente de seus mestres e não é estimulada a questionar.
Dessa forma, é possível concluir que a teoria interacionista é a única alinhada a transformação educativa. Nesse postulado, o ambiente e o indivíduo não se anulam: as bases filosóficas são concebidas como complementares, e não como excludentes. Dessa forma, é concebida a existência de um indivíduo dotado de capacidades orgânicas, mas também existe um ambiente que deve ser preparado para o manejo de suas capacidades. Aqui, a filosofia não está apenas na base teórica, mas também na prática teórica: a criança é ensinada a aprender. Dessa forma, o professor é o mentor do conhecimento e deve se desafiar a aprender a ensinar. Esse exercício é filosófico porque o conhecimento não é estático e proporciona autonomia e questionamento constante: esse é o caráter transformativo da educação.
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