A SAUDE MENTAL
Por: jefersonlisboa • 9/10/2020 • Trabalho acadêmico • 1.495 Palavras (6 Páginas) • 144 Visualizações
Entrevista com paciente oncológico
Qual tipo de câncer você possui?
-Leucemia miliótica crônica.
Houve de fato a entrega do diagnóstico pra você? Houve uma explicação?
-No Hemorio fui diagnosticada, eles falaram que era leucemia, só não sabiam o tipo de eu tinha só depois que eu fiz a biopsia. Depois que eu fiz a biopsia, mais ou menos durante 20 a 30 dias chegou o resultado e me mostraram o tipo.
Eles te explicaram como seria o tratamento?
-Sim, explicou.
E como foi sua reação na hora?
-Na hora do que da primeira coisa? Porque assim, quando me internei a primeira fez havia uma suspeita poderia ser leucemia mas eles não tinham muita certeza, principalmente no Albert porque não tinham os exames mais profundos havia a suspeita mas poderia ser também uma outra doença no baço. Então encaminharam minha amostra de sangue para o Hemorio e lá eles pediram para me levarem até lá. Quando eu soube a primeira vez que era uma suspeita eu fiquei tranquila, pois era uma suspeita eu tinha 50% de ter ou 50% de não ter, mas deu pra segurar o tranco. Quando cheguei no Hemorio, fizeram os exames e chegou toda a junta médica eu achei estranho e junto veio a chefe do ambulatório, foi ela que me disse “ olha... você tem leucemia” na hora eu falei pra ela “ não, não tenho leucemia eu posso estar com leucemia, eu não nasci com isso”, aí ela me disse que iriamos tratar e daria tudo certo. Depois todos saíram e eu comecei a chorar.
O que você pensou nesse momento?
-Na hora eu só pensava nos meus filhos.
E qual foi o sentimento?
-Não tenho como explicar. Medo, culpa porque eu comecei a pensar no que eu tinha feito de errado para adquirir uma doença tão grave. Um medo muito grande de deixar dois adolescentes e uma criança de 8 anos na época e que precisava de mim. Sonhos de vida que eu tinha projetado e culpa porque eu pensava “senhor eu sempre me alimentei bem, sempre me exercitei, nunca bebi, nunca fumei, sempre me cuidei e me vem uma doença assim”. Na hora foi muita coisa e além de sentir muita dor, sentia muita muita muita dor mesmo, porque eu cheguei lá com uma crise de infecção muito aguda. Eu cheguei lá bem complicada.
Ao longo do tratamento o que você sentiu?
-Olha quando eu comecei o tratamento na primeira vez que eu descobri, fiquei internada sessenta e dois dias e voltei pra casa eu voltei pensando “vai dar tudo certo, eu vou ficar bem, vou tomar os remédios que tenho que tomar” porque assim, a crise blástica tinha regredido. E estava tudo no controle eu teria uma doença grave, o câncer, mas ele iria ser controlado com os remédios, como uma diabetes. Mas depois que eu tive a recaída que ficou assim mais complicado, porque eu pensei “será que isso pode acontecer quantas vezes? Quantas recaídas será que eu posso ter?” e meus irmãos não foram compatíveis comigo, nenhum dos três teve a medula compatível com a minha, então eu entrei numa fila de doação de órgãos que tem gente que está lá a dez anos, muitos morrem e não conseguem. E eu comecei de novo o tratamento porque a crise blástica voltou e termino agora o bloco, depois que terminar eu continuo com o medicamento, vou começar de novo porque o que eu tomei antes perdeu o efeito, estou no segundo mas depois desse bloco eu vou ficar só quimioterapia oral e esperar o doador, então... assim... é ter fé, né? Crer que Deus é o Deus do impossível. Se tem que passar, vamos passar. Tem dias que é complicado, enjoos e eu tive um momento que atacou minha gastrite muito forte, eu tive infecção no estômago e fiquei bem ruim mesmo e toda vez que me interno, fico com ansiedade e penso “meu Deus é última, quero logo que isso acabe”. Mas graças a Deus meus médicos dizem que estou correspondendo bem.
Você acredita no tratamento?
-Acredito.
E na equipe médica?
-Sim. Acredito.
Você tem o apoio dos seus familiares?
-Sim.
Quem?
-Olha, meu esposo tem sido uma base tremenda. A ponto da saúde dele as vezes entrar em risco por causa da minha, minhas filhas, minha mãe, meu pai. Minha família toda me deu um apoio, no inicio todos, meus primos, igreja, mas a minha família tem vivido mais perto de tudo que eu tenho passado, minha filha caçula então... ela que me dar forças quando estou mal, com dor, enjoada ou quero jogar tudo pro alto la me dar muita força, conversa muito comigo, meus outros filhos me dão muito apoio. Eu sei todos eles sofrem e me dói porque não posso tirar um pouco do medo que eles sentem. Sei que meu esposo tem medo, meus filhos têm medo, nós vemos muitas pessoas irem embora, principalmente quando a gente se interna eu tenho perdido muitos colegas de quimioterapia, então, eu sinto eles têm medo mas não me deixam desaminar, eles brincam comigo, conversam. Minha mãe me diz que Deus é Deus e ele é poderoso e acima da minha família só Deus porque tem momentos que eles não me entendem, então me agarro a Deus.
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