A SINTESE UNIDADE I ÉTICA E FILOSOFIA
Por: bruna parnoff crestani • 2/4/2019 • Resenha • 2.284 Palavras (10 Páginas) • 235 Visualizações
UNIDADE 1
Para o gregos, tudo o que existe, fenômenos naturais e humanos, e mesmo os próprios deuses, é oriundo das relações sexuais entre eles. E os Deuses, são forças naturais diluídas e, formas humanas idealizadas, segundo Reale (1993). Não só os fenômenos naturais são promovidos pelos deuses, mas também os fenômenos da ida individual e social do homem grego, o destino da cidade, das guerras, são todos concebidos pelos deuses e manipulados por eles. Tudo é divino. A função do mito era responder as questões fundamentais. A narrativa explicava e significava, o modo de vida, a organização social, a conduta dos homens, os valores e normas, de modo que os comportamentos e atitudes eram condenados por exemplos idealizados e fixados em personagens. Os mitos, portanto, carregam mensagens que se traduzem nos costumes e na tradição de uma sociedade. Eles são modelos norteadores que ajudam a organizar e significar a vida das pessoas. O mito como fala, como narrativa concreta, serviu de base para um novo modo de pensar, problematizador, conceitual e reflexivo: o filosófico.
1.1.2 – LOGOS: A EMERGÊNCIA DA FILOSOFIA
O homem é um ser pensante e criativo. Cria o mito (figuras, imagens e fantasia) e o logos (razão, produzindo conceitos). A filosofia surgiu a partir da crítica e racionalização do mito: porque ela supera a crença mítica e coloca a razão e a lógica como pressupostos básicos para o pensar. Logos, se define como fala, discurso, razão. Nesse sentido ele se opõe ao mito, que também é fala, mas uma fala que narra, enquanto logos significa uma fala que demonstra, que descreve o que ocorre. O surgimento do logos, inaugura uma nova fase de entendimento acerca da realidade: a possibilidade de analisar e interpretar o mundo para além dos fatos e das experiências. Desse momento em diante não é mais atribuída aos deuses a origem do cosmos e de todas as coisas, mas ao próprio homem, que o fez mediante o uso da razão. Os primeiros filósofos elaboram o conceito de Physis, para explicar e significar o mundo e o próprio homem. Physis é o princípio unificador e organizador da diversidade dos seres, segundo Aristóteles, Tales teria sido o primeiro filósofo a expressar o pensamento racional.
O modo de pensar, como exercício da razão (logos) dos primeiros filósofos, é uma reflexão acerca da origem, ordem e transformação da natureza e do ser humano. A ideia de um princípio fundante, de onde tudo nasce e para onde tudo volta, só é possível para o pensamento racional. Os filósofos pré-socráticos escolheram diferentes Physis para dizer qual era o princípio que estaria na origem da natureza e de seus movimentos (Além de Tales de Mileto, Heráclito, com o fogo, o movimento; Pitágoras, o número; Leucipo e Demócrito com o átomo). O nascimento da Filosofia, traz uma nova visão de mundo único que se formou a partir de narrativas que eram transmitidas oralmente de geração para geração, mais tarde esta tradição oral foi sistematizada e escrita por Homero e Hésiodo.
Por muito tempo o pensamento mítico foi suficiente para organizar, explicar e significar o mundo. À diferença do mito, porém, o pensamento filosófico, enquanto um pensar conceitual e reflexivo acerca da realidade, busca ordenar, explicar e significar a complexidade do cosmos e a diversidade dos seres mediante um discurso que justifique sua existência.
SEÇÃO 1.2 - Do Mito à Filosofia Hermenêutica
O que orienta o filósofo é a consciência histórica ou consciência das condições históricas nas quais toda a compreensão humana está submetida, sob o regime da finitude. O recurso do mito não significa nenhuma concessão do rigor filosófico em favor de um pensamento mítico. A filosofia, entretanto reconhece o teor do mito como genuinamente humano, e enquanto tal assume em sua discussão. A discussão hermenêutica esclarece-se, em grande parte, à luz do mito, no qual, pela primeira vez, a humanidade colocou o problema da compreensão e da interpretação.
Em um mundo já secularizado, numa época pós-metafísica, tomou-se consciência do espaço propriamente humano. Sem referência a uma verdade absoluta e sem se reduzir a uma verdade empírica, eram, então, o sentido e o agir do homem que careciam de compreensão. Isso muda radicalmente com o Romantismo e, inclusive, em dois sentidos. Primeiro duvida-se da possibilidade de contar com uma razão supra-histórica, que, de antemão, corresponderia à realidade. Em consequência, a compreensão torna-se um problema, porque não resulta mais de uma participação paritária da interlocutores numa razão comum. O desafia da hermenêutica, está em compreender o outro, o diferente, e a rigor cada texto é outro e diferente, sempre carecendo de interpretação, porque a própria linguagem não existe num padrão rigorosamente universal, mas em sentidos sempre singularizados em cada ato de uso.
A filosofia antiga ocupava-se com o mundo como ele é, na perspectiva da ontologia; já a filosofia moderna superou essa perspectiva com a teoria do conhecimento com a convicção de que os objetos são mediados por representações subjetivas. Antes, com Schleiermacher, apesar dos limites da condição humana, não se deixava de perguntar pelo procedimento correto para chegar à verdade, agora já não há mais essa perspectiva. Inaugura-se um novo modo de pensar, que vem se estabelecendo na medida em que os conceitos compreensão e interpretação, referidos ao mundo, passam a ter outro significado ou seja, na medida em que a interpretação é “apenas interpretação”, em oposição ao saber da realidade (Scholtz, 1992-1993).
A filosofia hermenêutica, podemos dizer que ela surgiu da crise da concepção tradicional de verdade e de ciência. Em Kant encontra-se a base teórica desse acontecimento: a destruição da ontologia tradicional e a redução do mundo ao mundo fenomênico. O filósofo hermeneuta tem consciência de que vive num mundo já sempre interpretado e compreendido, e de que suas interpretações podem ser as mais diversas.
Na complexidade de sua função mediadora, entre o mundo divido e o humano, Hermes não só representava uma presença amiga do deuses, mas também evidenciava a diferença abissal entre os dois mundos e mantinha os homens numa situação de eterna imperfeição e inferioridade. Por melhor que fosse o mensageiro e o tradutor, a compreensão humana nunca seria perfeita e Hermes nunca iria conseguir que os homens ascendessem ao nível da divindade. Por isso, além da explicação etimológica do termo hermenêutica, a referência à mitologia grega fornece a matriz ou a fonte alimentadora da história do pensamento ocidental, enquanto pensamento metafísico. O conhecimento depende da luz, da iluminação divina.
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