A Teoria da Experiência Hermenêutica de Gadamer

ATIVIDADES DE HERMENÊUTICA

Atividade Avaliativa 1.8/2020: A teoria da experiência hermenêutica de Gadamer.

• A história da hermenêutica

No fim da primeira parte do seu livro Verdade e Método, Hans-Georg Gadamer descobre as duas tarefas da hermenêutica, de reconstrução associada a Scheleiermacher e de integração, que se baseia em Hegel. E assim sua interpretação da história da hermenêutica moderna se pauta em Hegel.

        A hermenêutica moderna foi sendo desenvolvida dentro da interpretação da Bíblia e nos estudos filológico dos textos clássicos. Para Gadamer a proposta de hermenêutica de Scheleiermacher é inovadora na tarefa de compreensão. Nessa concepção o papel do interprete é recriar o processo criativo do autor, e assim entender o a intenção do texto.

        Contudo Gadamer critica a interpretação psicológica de Scheleiermacher, para ele o foco na interpretação psicológica acarreta na exclusão do assunto, dando lugar a reconstrução da individualidade do autor. Além disso, Gadamer acredita que o ato divinatório de recriação é impossível.

        Segundo Gadamer, Dilthey é importante, pois afirma que a compreensão nas ciências humanas funciona de modo diferente das ciências naturais. Uma vez que o o historiador não pode ter uma visão objetiva, já que ele próprio é um sujeito histórico, então seu conhecimento é derivado das experiências.

        Para criar estruturas validas se é elaborado os sujeitos lógicos, que são os grupos coletivos de indivíduos. Dilthey afirma que a vida individual é capaz de compreender a vida em geral e a consciência histórica é capaz de compreender a tradição, já que tem suas bases na vida.

        Partindo de Husserl, Heiddeger é o primeiro a libertar o conceito de vida da ideia da justificação metodológica. Também não existe nenhuma diferença entre a compreensão nas ciências humanas e naturais, assim como a descoberta de uma metodologia verdadeira da compreensão, através da reflexão transcendental de Husserl. Essa compreensão se dá através da forma original da realização de Dasein.

         

• Preconceitos e a autoridade da tradição

Com total aceitação Gadamer acolhe a descrição ontológica de Heidegger, da compreensão como base para a hermenêutica. Segundo ele a compreensão é uma projeção arremessada. Isso significa que mesmo compreender um texto do passado se termina numa referencia das possiblidades futuras possiblidade de ser

Em suas obras Gadamer trabalha o conceito de preconceito (Vorurteile) para dizer as estruturas previas da compreensão. Em alemão, vor que significa “pré” e uteil,isto é “juízo. Esse conceito provocativo serve para mostrar como o uso da razão foi colocada contra a aceitação da autoridade pelos iluministas

No geral os próprios preconceitos são todos conhecimentos conscientes ou não que incluem: os significados das palavras, nossas preferencias, fatos que aceitamos e os valores e juízos. E que na maior parte do tempo não são percebidos, exceto se houverem choques de preconceitos.

O caráter arremessado da compreensão implica que todos os nossos preconceitos são herdados de nosso passado de aculturação  e que apenas alguns deles foram testados. Esses preconceitos podem ser baseando nas coisas em si, ou seja, legítimos, como podem ser baseado em ideias do acaso e assim serem ilegítimos.

Por isso a primeira tarefa de Gadamer é restituir a autoridade da tradição e encontrar nelas preconceitos legítimos. E por isso ele contra ataca a concepção iluministas de oposição entre razão e autoridade, uma vez que reconhecemos a autoridade das outras pessoas, pois a consideramos mais sabias.

Por tal razão ele constantemente discute os clássicos, com objetivo de demonstrar a autoridade da tradição. Contudo não se deixa de apontar para o modo histórico, onde através de testes se permite que o modo verdadeiro venha a ser. Porem assim como uma pessoa pode perder sua autoridade o texto também pode perder o estatuto de clássico.

• O círculo hermenêutico e a história efetiva

Uma vez que a compreensão ocorre dentro do circulo hermenêutico, ao interpretar um texto deve ser feito partindo do todo para parte e retornando ao todo.  E assim acontece a interação entre os movimentos da tradição e do interprete, como exemplo de movimento da tradição se tem as varias interpretações da Republica de Platão, já o movimento do interprete é ler além da obra principal as demais interpretações.

Por isso Gadamer identifica como aplicação da ontologia de Heiddeger a concepção prévia da completude, isto é o intérprete deve aceitar que o texto tenha uma unidade interna (coerência) e que diz a verdade. E apenas quando essa pressuposição não puder ser sustentada que se deve buscar uma explicação histórica ou psicológica.

Também é graças a pressuposição de coerência e verdade que o texto pode questionar nossos preconceitos. A grande questão da hermenêutica é a relação entre o que é familiar e compartilhado entre o autor e o interprete e as oposições, dessa forma questionar aquilo que normalmente é aceito sem perguntas.

Por essa razão o tempo que separa o autor do interprete é uma condição positiva e produtiva, já que permite trazer a tona o que o texto tem para dizer a nós. Isso se deriva da preservação dentro da tradição, pois ela exclui as fontes de erro e os preconceitos ilegítimos, além de que novas formas de compressão surgem revelando elementos de significados não suspeitos.

Na hermenêutica de Gadamer surge o conceito de horizonte que indica a situação hermenêutica, como conjunto de preconceitos herdados. Eles constituem o horizonte do presente particular, pois representam aquilo que não se pode ver. Isso também implica a capacidade de mudança do próprio horizonte, através da adoção de novos preconcietos ou perda de antigos. Por isso o horizonte trata tanto dos limites atuais como a ideia de transformação enquanto se caminha, uma vez quem horizonte estático e fechado é totalmente impossível.