A correlação entre Heidegger e Vernant em o mito/ oque é isso filosofia ?

• Qual a ideia central de cada autor e qual a relação que pode ser restabelecida entre eles?

“Afirmar-se “filósofo”, mais do que ligar-se aos seus predecessores, é distanciar-se com relação a eles: é não ser um “físico” como os milésios, limitando-se a uma investigação acerca da natureza...” (VERNANT, p. 477). O conflito entre Parmênides e Heráclito é essencial, pois esse choque de ideias — baseadas nos pensamentos dos milésios — se afasta lentamente do misticismo. Por conseguinte do desaparecimento do misticismo surge outro modo de inteligibilidade. Essa nova acepção é definida pela razão de um fenômeno apresentar uma ordem regular, e não poder mais ser explicadas por deuses. Esse fenômeno ou realidade, parte das classes “aquelas que são” e “ aquelas que não são”. Por exemplo, ao observar o calor e o frio, notou que o frio nada mais era do que negação do calor. Após denominar esses pares de opostos como “ser” (positivo) e “não-ser”(negativo), Parmênides postulou o “ O Ser é e o Não-Ser Não é.”

Em “Que é isto - a filosofia?”, Heidegger tem como objetivo penetrar na filosofia, habitar-se, sujeitar-se aos seus comportamentos, ou seja, filosofar. Para isso o autor trabalha com o impasse da diferença ontológica, pois ele defende que somente na correspondência do ser do ente o homem pode filosofar e isto é saber o que é filosofia. Essa distinção da ontologia se dispõe como polos determinantes à questão da identidade e a questão da diferença. Sendo assim, não há filosofia sem as questões de identidade e contrastes ontológicos; mas também não se abordam estas questões sem a filosofia.

Além disso, outra questão abordada por Heidegger refere-se aos gregos. O autor expõe que a questão do que é a filosofia, envolve uma questão histórica da existência ocidental-europeia. Ele afirma que esta questão da essência de filosofia torna-se um ciclo. Se essa questão surge realmente de uma carência e se não esta fadada a continuar apenas um simulacro de questão para sustentar uma conversa, então a filosofia deve ter se tornado para nós problemática, enquanto filosofia.

Dessa forma, o pensamento filosófico surgiu aos poucos, em substituição aos mitos e às crenças religiosas, na tentativa de conhecer e compreender o mundo e os seres que nele habitam. A formação do pensamento filosófico se deu na passagem do mito (mýthos) para a razão (lógos). Sabe-se que o início da filosofia deu-se no momento em que o homem passou a buscar explicações de forma racional para os fenômenos da natureza, e não mais na mitologia. Portanto, fica claro que a relação estabelecida entre os textos de Heidegger e Vernant, é a filosofia como antecedente da razão e o fim do mito.