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A metodologia popperiana

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Por:   •  3/9/2013  •  Resenha  •  1.757 Palavras (8 Páginas)  •  368 Visualizações

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A metodologia popperiana é toda baseada em conjecturas, ou seja, teorias que são enunciados ou hipóteses, que por sua vez serão testadas, principalmente no campo empírico. A proposta colocada é então de uma análise do método que será usado para tais testes. Vale ressaltar que, em Popper, o objetivo principal da ciência, e que dá sentido a ela, é o aumento de conhecimento e a maior possibilidade de verossimilhança, e no caso da tentativa de se propor uma nova conjectura (teoria), é obrigatório que esta tenha mais conteúdo teórico que a teoria anterior. Porém ao aumentar o conteúdo empírico de uma conjectura, abrimos à possibilidade desta ser cada vez mais falseável, mas por outro lado é justamente essa possibilidade de falseabilidade que leva à ciência a estar em constantes mudanças, fator que demonstra uma das significativas mudanças na ciência, que o autor propõe.

Costuma-se caracterizar as ciências empíricas por usarem métodos conhecidos por indutivos, onde repetidas observações, com repetidos resultados levam a comprovação da teoria. O primeiro problema indutivista se dá quando se tenta passar de enunciados singulares, de algumas observações, para enunciados universais, quer dizer quando força-se a generalização. Um exemplo clássico é o caso dos cisnes brancos, por mais que se tenha observado um grande número de cisnes e todos os observados serem brancos, não necessariamente pode-se de tal observação se afirmar que “TODOS os cisnes são brancos”. Diante da óbvia falta de justificativa dos indutivistas restou-lhes a tentativa de sustentar a idéia da possibilidade, onde um experimento determinaria uma teoria como “mais provável” ou “menos provável”, dependendo para isso ou aquilo apenas os resultados obtidos, sairíamos assim do principio da indução como “verdade” para ser agora mais ou menos “provável”. Contudo para Popper, isso significaria à ciência um inútil regresso, e por conta disso sua metodologia vai se opor a esse método, defendendo o dedutivismo, em contra-senso ao indutivismo, e nesse caso pra início de conversa, o experimento não daria luz à teoria, mas o contrário, o teste de uma dada hipótese só ocorreria após a formulação teórica dessa hipótese (teoria). Em suma, o dedutivismo de Popper fará o caminho inverso do indutivismo, enquanto este último parte da experiência para só depois apresentar a teoria, e com isso encontra o problema de passagem para a universalidade (teoria) a partir do particular (experimento), o dedutivismo defenderá que antes da experimentação faz-se necessário a formulação da hipótese, no caso o problema indutivista é rompido, já que agora se parte do universal (da teoria) para o particular (para a experiência), o que logicamente é válido.

Entendendo teorias científicas como enunciados universais, e que seu propósito maior é a racionalização do mundo (ou natureza), e a tentativa de melhor explicá-lo e dominá-lo, pretende-se buscar o melhor método de testá-las. Partindo-se de uma nova idéia, na verdade uma hipótese, que de alguma forma não foi justificada, retira-se dela conclusões por meio de deduções lógicas, e assim comparam-se estas conclusões entre si e com as próprias hipóteses, ou enunciados, com o intuito de observar as relações, como equivalência e compatibilidade que possam existir entre elas. Dentre alguns diferentes procedimentos, existe o teste por meio de aplicações empíricas das conclusões que foram deduzidas a partir das hipóteses; o fim desejado por esse tipo de teste é a verificação de até que ponto as conclusões da teoria satisfazem sua aplicação prática. A partir daí se extrai da teoria aplicações singulares dedutivamente, e são justamente esses enunciados (aplicações) singulares que serão expostos a testes experimentais, e que ao obterem êxito, a teoria passa pelo seu teste, não é descartada, é então corroborada, caso contrário, se não passa nos testes esses enunciados são falseados, e consequentemente falseiam a teoria da qual foram obtidos dedutivamente, já que afirmando algo num conjunto universal, se tiro dele como conclusão um conjunto singular e o considero falso, logo a afirmação universal de onde foi retirada a singular também é falsa, é como se dissesse “Todos os cisnes são brancos”, e daí verificar uma grande quantidade de cisnes brancos, mas o primeiro cisne preto que fosse verificado faria com que toda essa hipótese fosse tida como falsa. Vale ressaltar que caso seja corroborada a teoria, essa corroboração é temporária, pois testes futuros, propostos por teorias posteriores podem vir a falseá-la.

Foram aqui introduzidos dois conceitos, que dada suas importâncias, merecem melhor esclarecimento, são eles: falseacionismo e corroboração. O último diz-se não da comprovação de verdade, como diria o nosso velho dicionário Aurélio, mas de uma temporária aceitabilidade, onde se usou inúmeros testes procurando a falseabilidade de uma dada teoria, não a encontrando, ela é corroborada, mas nada a impede de ser superada por outra teoria dado o progresso científico. Já a falseabilidade acontece, quando numa teoria é descoberto um fato que a desmente, ou seja, quando se pode deduzir dessa mesma teoria um enunciado singular mais ou menos como uma predição que não verifica a teoria, como o exemplo dos cisnes citada acima. Sendo assim, para Popper, ao invés de tentarmos provar uma teoria buscando uma possível verdade é mais interessante forçar o seu falseamento, pois caso isso não se dê, estará corroborada a teoria. Isso porque a proposta popperiana é de uma assimetria entre verificabilidade e falseabilidade, como resultado de enunciados universais, pois estes nunca são resultados de enunciados singulares, como acontece no indutivismo, mas os enunciados singulares podem derivar dos universais, e podem falsear toda uma teoria, para isso bastando apenas à ajuda do método dedutivo da lógica clássica chamada Modus Tollens, onde um enunciado X implica Y, e dada a negação de Y, temos como conseqüência a também negação de X.

Apresentado grosso modo, o método, dentre as muitas objeções que se pode ter, está em se poder dizer que Popper rejeitando a indução retira das ciências empíricas a sua característica, aparentemente, mais importante, que é o experimento como ponto de partida para uma teoria. No entanto, o motivo da rejeição do indutivismo só se dá por este não proporcionar um critério de demarcação apropriado e, além disso, se bem observado for, Popper, não rejeita por inteiro a experiência, mas a coloca num outro lugar, mais ou menos como segundo plano em sua metodologia, claro que não deixa de ter sua importância, pois somente através dela se pode falsear uma teoria, e esse fator è

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