A política contra a servidão voluntária
Por: Irene Aparecida • 4/3/2016 • Trabalho acadêmico • 2.210 Palavras (9 Páginas) • 507 Visualizações
Leia os capítulos 10 e 11 da Unidade 8 de Marilena Chauí, Convite à Filosofia, intitulados "A política contra a servidão voluntária" e "A questão democrática" das págs. 527 a 567 (Edição de 2000), e responda:
1. Diferencie socialismo utópico, anarquismo e socialismo científico de Karl Marx.
Os socialistas utópicos avaliam a posição da classe trabalhadora, os “pobres”, que geram as riquezas sociais através de seus serviços, em troca de bens, submetendo-se a vontade dos mais fortes e tiranos. E é através desse entendimento que os socialistas utópicos acreditavam que a implantação do sistema socialista ocorreria de forma lenta e gradual, mais estruturada, inclusive na boa vontade da própria burguesia, eles idealizam uma nova sociedade, com condições econômicas, social e políticas mais igualitárias, deixando de lado a exploração e a falta de livre expressão dos pensamentos. Em fim, eles idealizavam uma sociedade com mais igualdade de direitos sociais como moradia, alimentação, transporte, saúde, abundância e felicidade. Os Anarquistas eram conhecidos como libertários, pois lutavam contra todas as formas de autoridade e de autoritarismo. Eles acreditavam na liberdade natural e na bondade natural dos seres humanos e em sua capacidade para viver feliz em comunidades, atribuindo a origem da sociedade. Tinham como proposta o retorno à vida em comunidades autogovernadas, sem a menor hierarquia e sem nenhuma autoridade com poder de mando ou direção. Afirmam dois grandes valores: a liberdade e a responsabilidade, em cujo nome propõe a descentralização social e política, a participação direta de todos nas decisões da comunidade, a formação de organizações de bairro, de fábrica, de educação, moradia, saúde, transporte, etc. Propõem também que essas organizações comunitárias participativas formem federações nacionais e internacionais para a tomada de decisões globais, evitando, porém, a forma parlamentar de representação e garantindo a democracia direta.
Já no socialismo científico, tivemos as oposições marxistas, para com os socialistas utópicos, os anarquistas e o Estado Liberal. Os socialistas científicos desenvolveram a teoria socialista, partindo da análise crítica e científica do próprio capitalismo, em reação contrária as ideias espiritualistas e cientificas. Para tal, eles estudaram a fundo suas origens, a acumulação prévia de capital, a consolidação da produção capitalista e, mais importante, suas contradições.
2. Mostre como e porque Marx desmistificou a política liberal. Explique os conceitos marxistas de materialismo histórico e dialético.
A perspectiva marxista era a de mudança decisiva no modo de conceber a política e a relação entre sociedade e poder. Assim como Maquiavel desmistificou a teologia política e o republicanismo italiano, que simplesmente pretendia imitar gregos e romanos, Marx desmistificou a política liberal.
No que tange à Economia Política, em Marx a teoria é denominada materialista porque segundo ela, as manifestações espirituais humanas derivam da estrutura material da sociedade, ou seja, das relações econômicas, consumindo o que a natureza lhe oferece, ou trabalhando para obter riqueza e bem estar. Porém, por ser mais vantajosa aos indivíduos à vida em sociedade pactua para criar a sociedade e o Estado.
A crítica que Marx faz à Economia Política consiste em mostrar que a Política jamais conseguiu realizar a diferença entre a esfera privada da propriedade e a esfera pública do poder, o que nos remete à gênese da sociedade.
Faz-se necessário mostrar que a distinção entre seres humanos e animais está na capacidade que os homens têm de produzir as condições de sua existência material e intelectual, através do trabalho. A teoria marxista destaca o processo de formação da consciência de classe, pela qual o trabalhador descobre que seus interesses divergem daqueles da classe dominante. Pó isso são valorizadas as experiências efetivas de reivindicação dos trabalhadores, por meio de organizações representativas como sindicatos e partidos políticos, cabendo à classe operária implementar o socialismo, como síntese da superação da contradição entre capitalistas e proletariado.
3. Apesar de serem fenômenos distintos, nazismo e fascismo possuíam aspectos comuns. Mostre quais são estes aspectos comuns.
- o antiliberalismo: como defesa da total intervenção do Estado na economia e na sociedade civil.
- a colaboração de classe: afirmação de que o capital e o trabalho não são contrários nem contraditórios, mas podem e devem colaborar em harmonia para o bem da coletividade.
- aliança com o capital industrial monopolista e financeiro: isto é, com os setores do capital cuja vocação é imperialista, exigindo a conquista de novos territórios para a ampliação do mercado e o acúmulo do capital;
- nacionalismo: a realidade social é a Nação, entendida como uni dade territorial e identidade racial, lingüística, de costumes e tradições. A nação é o espírito do povo, a pátria-mãe dos antepassados de sangue, una, única e indivisa;
- corporativismo: a sociedade, como propunha o papa Leão XIII, deve ser organizada pelo Estado sob a forma de corporações do trabalho e do capital, hierarquizadas por suas funções e harmonizadas pela política econômica do Estado;
- partido único que organiza as massas: em lugar de classes sociais, a nação é vista como constituída pelo povo e este é a massa organizada pelo partido único, que a exprime e representa.
- ideologia de classe média: Essa classe valoriza os valores e os costumes da burguesia e teme a proletarização, sendo por isso anti-socialista e anticomunista. Embora admire a burguesia, sente rancor por não possuir a riqueza e os privilégios burgueses. Com efeito, a classe média acredita no individualismo competitivo, na ideia do “homem que se faz sozinho”, graças à disciplina, à boa família, aos bons costumes e ao trabalho. Por essas características, a classe média é conservadora e reacionária, tendo predileção por propostas políticas que lhe prometam organizar o Estado e a economia de tal modo que desapareçam o liberalismo e o risco do socialismo-comunismo. É o destinatário privilegiado e preferido do nazismo e do fascismo;
- imperialismo belicista: pela aliança com o capital monopolista e financeiro, pela ideologia nacionalista expansionista, pela ideologia de classe média, que espera das conquistas militares melhoria de suas condições sociais, nazismo e fascismo são políticas de guerra e de conquista. Hitler falará do sangue germânico que corre nas veias dos povos da Europa central e deverá ser “reconduzido” à mãe-pátria alemã pela guerra. Mussolini falará nas glórias do Império Romano e em sua reconquista pelas guerras italianas;
- educação moral e cívica: para garantir a adesão das massas à ideologia nazifascista, o Estado introduz a educação moral e cívica, pela qual crianças e adolescentes aprenderão os valores nazi-fascistas de pátria, disciplina, força do caráter, formação de corpos belos, saudáveis, poderosos, necessários aos guerreiros dos novos impérios;
- propaganda de massa: o nazi-fascismo introduz, pela primeira vez na História, a prática (hoje cotidiana e banal) da propaganda dirigida às massas. Essa propaganda é política, voltada para a manifestação de sentimentos, emoções e paixões, desvalorizando a razão, o pensamento e a consciência crítica. Por meio do rádio e da imprensa, de cartazes, desfiles, bandas, jogos atléticos, filmes, o nazi-fascismo procura incutir na massa a devoção incondicional à pátria e aos chefes, o amor à hierarquia, à disciplina e à guerra;
- prática da censura e da delação: o Estado, através do partido, das associações e de aparelhos especializados (policiais e militares), controla o pensamento, as ciências e as artes por meio da censura, queimando livros e obras de arte “contrários” à pátria e aos chefes, prendendo e torturando os dissidentes, perseguindo os “inimigos internos”. Estimulam também, sobretudo em crianças e jovens, a prática da delação contra os dissidentes, “desviante” e “inimigos internos” do Estado;
- racismo: menos forte no fascismo, é um componente essencial do nazismo, que inventa a idéia de “raça ariana” ou “raça nórdica”, superior a todas as outras, devendo conquistar algumas para que a sirvam, e aniquilar outras porque “inservíveis” e “perigosas”. A idéia de aniquilação das “raças inferiores” faz do genocídio uma política do Estado. O nazismo considerou os negros africanos, poloneses, tchecos, húngaros, romenos, croatas, sérvios e demais brancos europeus como raças inferiores a serem conquistadas. Considerou ciganos e judeus como raças a serem eliminadas (exterminou seis milhões de judeus);
- estatismo: contra o Estado liberal (considerado caótico) e contra as revoluções socialistas e comunistas (que recusam o Estado), o nazi-fascismo cria o Estado forte, centralizado administrativamente, militarizado, que controla toda a sociedade por meio do partido, das milícias de jovens, da educação moral e cívica, da propaganda, da censura e da delação. Existe apenas o Estado como totalidade que engloba em seu interior o todo da sociedade.
- Totalitarismo, portanto, significa Estado total, que absorve em seu interior e em sua organização o todo da sociedade e suas instituições, controlando-a por inteiro. O nazi-fascismo proliferou por toda a parte. Foi vitorioso não apenas na Itália e na Alemanha, mas, com variações, tomou o poder na Espanha (de Franco), em Portugal (com Salazar) e em vários países da Europa Oriental. Conseguiu ter partidos significativos em países como França (Ação Francesa), Inglaterra, Bélgica, Áustria, Argentina. No Brasil, deu origem à Ação Integralista Brasileira, criada por Plínio Salgado.
4. Por que se diz que as teses de Marx foram destruídas pelas teses stalinistas? Sintetize as razões dessa afirmação.
Marx teve suas teses destruídas porque stalinismo sufocou a primeira revolução proletária e deformou profundamente o marxismo, marcado com o selo totalitário os partidos comunistas do mundo inteiro.
Dentre as teses destruídas, temos as seguintes que afirmam essa atitude tomada pelos stalinistas:
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