AGOSTINHO DE HIPONIA
Ensaios: AGOSTINHO DE HIPONIA. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: isa12345 • 24/3/2015 • 9.821 Palavras (40 Páginas) • 194 Visualizações
AGOSTINHO: A RAZÃO EM
PROGRESSO PERMANENTE:
Agostinho nasceu no dia 13 de novembro de 354, em Tagasta,
na atual Argélia, norte da África. Seu contato com a filosofia começou
pela literatura e pela oratória. O interesse pela literatura clássica latina foi
decisivo para sua vida filosófica. O estudo de Cícero e de Vergílio propiciou
um conhecimento elevado tanto dos recursos da linguagem, como
de conceitos e problemas filosóficos. Até mesmo sua rejeição inicial pelo
texto bíblico deve-se ao gosto desenvolvido nesse padrão literário: Agostinho
inicialmente julgava que o Velho e o Novo Testamentos não estavam
à altura dos grandes autores, nem pela forma nem pelo conteúdo.
Dotado de boa formação literária, o jovem Agostinho inclinou-se
também para o maniqueísmo. É importante entender em que se baseava
seu interesse. O maniqueísmo procurava responder perguntas capitais
para a filosofia, e prometia faze-lo com integral apoio na razão,
isto é, rejeitando todo argumento de autoridade. Além dessa generosa
promessa de racionalidade, o dualismo maniqueu procurava explicar a
existência do mal no mundo como consequência de alguma coisa pró-
pria ao homem, e não a Deus, princípio do bem. Essas duas promessas
atraíram Agostinho, que estudou com atenção as respostas maniqueístas
A razão em progresso permanente
a diversas questões, na expectativa de encontrar explicações racionais
para tudo.
Em linhas gerais, o maniqueísmo pretendia que nosso mundo seria
resultado de um embate entre dois princípios – ou dois príncipes, se
quisermos uma linguagem alegórica. De um lado, o princípio do bem (ou
Príncipe da luz), e de outro o princípio do mal (ou Príncipe das trevas).
Um dos resultados desse combate seria justamente o homem: com uma
parte luminosa, a alma, e outra parte tenebrosa, o corpo. Assim, o mal
seria consequência dessa nossa parte de origem e natureza malignas, o
corpo.
Na sua teoria do conhecimento, o maniqueísmo julgava que para
ser inteiramente racional, só poderia aceitar como verdadeiro aquilo que
estivesse imediatamente presente. Isto é, só poderíamos dar assentimento
àquilo que nossos sentidos captam, aqui e agora, ou àquilo que intuí-
mos prontamente com o intelecto, como as verdades da matemática.
Mas Agostinho decepcionou-se com o dualismo maniqueu. As
promessas não foram cumpridas. Seu contato com os grandes mestres
dessa corrente doutrinária não o satisfez intelectualmente. Quando pôde
debater com eles, considerou que as explicações não eram suficientes.
Devemos notar, porém, que Agostinho não abandonou aquelas duas
exigências: explicação racional e responsabilidade humana pelo mal.
A solução maniqueísta não o contentava, mas os valores da razão e da
responsabilidade moral restavam intactos para ele. Mais tarde, na vida
madura, a filosofia agostiniana afirmará que a racionalidade não exclui
a autoridade, e que a responsabilidade humana pode ser pensada em
outros termos.
A decepção com o maniqueísmo e a ambição de viver de seu talento
como orador o levam a Roma, onde se torna professor. Sua vida
profissional não é bem sucedida naquela que seria a Cidade Eterna, a
capital do poderoso Império Romano. Mas do ponto de vista intelectual,
Agostinho distancia-se do maniqueísmo e tem importante contato com o
ceticismo acadêmico. Se o diálogo Hortensius, hoje perdido, exerceu uma
influência já nos primeiros anos, ainda na África, outras obras de Cícero,
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como De natura deorum ou Academica, o levam a compreender melhor as
dificuldades da razão humana para atingir a verdade. Nem os sentidos
nem o mero modelo matemático seriam suficientes para encontrar todas
as respostas. Embora também não se torne um cético, Agostinho vai levar
consigo, para toda a vida, a noção da falibilidade da razão humana,
e da necessidade de uma procura para além do que está imediatamente
presente.
É nesse contexto que o contato com o platonismo mostra-se frutí-
fero. Depois de deixar Roma, por ter obtido um elevado posto em Milão,
na corte do Imperador, Agostinho tem a oportunidade de contato com
o platonismo, em especial com o pensamento de Plotino. Embora tenha
mudado para a Milão em busca de sucesso profissional, as consequências
desse novo passo foram inteiramente outras. A vida na corte propiciará o
encontro com Ambrósio, e a revolução que daí resulta levará Agostinho
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