AS BASES EMPIRICAS DA ILUSÃO
Por: J. Ed. • 11/11/2019 • Artigo • 888 Palavras (4 Páginas) • 146 Visualizações
AS BASES EMPIRICAS DA ILUSÃO
JEIDSON EDUARDO MENDES MOREIRA
INTRODUÇÃO
O presente artigo procura ampliar a discussão sobre a tese do cérebro numa cuba, e demonstrar que até mesmo as ilusões têm uma base empírica. O foco do artigo é justificar que a natureza existe, mesmo com a suposição de que a nossa realidade pode ser uma mera manipulação de um computador de um cientista, tornando nosso conhecimento uma ilusão.
Para o ceticismo universal, nosso conhecimento não pode ser justificado, pois ele é baseado a observação dos sentidos e os sentidos podem ser facilmente enganados. Segundo a tese do filosofo Hillary Putnam, o conhecimento não pode ser justificado, visto que poderíamos ser um cérebro numa cuba, onde, por meio de eletrodos, cientistas poderiam transmitir imagens em nossa mente, nos fazendo pensar que nossos movimentos e as percepções sensoriais seriam verdadeiros, quando na verdade são frutos de uma ilusão computadorizada.
Segundo a tese empirista, nossas ideias primárias provêm de nossas experiências captadas pelos nossos sentidos, ou seja, toda a nossa estrutura de conhecimento está fundamentada na nossa percepção da natureza. Há ainda uma categoria de empiristas mais radicais que argumentam que toda a estrutura de nosso conhecimento, do mais simples ao composto, provém unicamente de nossas percepções sensoriais.
DESENVOLVIMENTO
Para o melhor entendimento da ideia central do artigo, demonstrarei um problema simples que pode mostrar, dentro do problema cético do filósofo Hilary Putnam, uma brecha na tese do cérebro numa cuba. Depois de confirmar a brecha, aplicarei a tese empirista, para provar a existência da natureza, mesmo com a suposição de que a realidade pode ser uma mera ilusão.
Suponhamos o seguinte: em um fim de semana, um ilusionista resolve estrear um evento de ilusionismo em uma cidade qualquer. Em certo momento do evento, o ilusionista convida dois homens, o individuo A e o individuo B, da plateia para participar de uma performance. Primeiramente, para que os dois indivíduos, não possuam nenhum tipo de contato, o ilusionista os separa por meio de um biombo. Depois de empregar suas técnicas de ilusionismo, ele pede aos dois que imitem um bode.
Suponhamos que o individuo A, é um produtor rural que, desde a infância, cuida e pastoreia os bodes pertencentes ao sitio da sua família. Já o individuo B, é um adolescente de uma grande cidade que nunca sequer estabeleceu algum tipo de contato com o meio rural e a vida no campo. Sabendo dessas informações, qual desses indivíduos poderia imitar melhor um bode? Logicamente, é o individuo A, pois ele possui um contato com estes animais desde que era criança, ou seja, ele possui uma ideia de como o os bodes agem por viver a experiência de cuidar desses animais. Já o individuo B, que nunca teve contato, com o meio rural, não poderia reproduzir uma imitação fiel do animal, pois nunca teve qualquer tipo de contato com o bode.
A síntese entre os dois indivíduos, o ilusionista, é um mero manipulador destes homens, mas ele não pode fazer com que os indivíduos imitem uma coisa que nunca tiveram contato ou experiência. Ele mesmo precisaria ter tido uma experiência empírica com o bode, pois ele precisar conhecer o comportamento do animal para comparar com o comportamento de seus iludidos, assim constatando o sucesso ou o fracasso da sua técnica.
E se relacionarmos a mesma lógica do exemplo descrito anteriormente com a tese de Hillary Putnam? O exemplo de Putnam se torna problemático, visto que ele mesmo indica que há uma espécie de base empírica presente na realidade daqueles cientistas, que serve como base para a criação de uma realidade computadorizada.
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