As Redes de Indignação
Por: pablonaba • 9/8/2017 • Resenha • 719 Palavras (3 Páginas) • 154 Visualizações
CASTELLS, Manuel. Redes de indignação e esperança: movimentos sociais na era da internet. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.
Castells apresenta como os movimentos sociais entre 2010/2012 se comportaram aos últimos acontecimentos econômicos. Estes movimentos chamaram atenção do autor devido a sua diferença dos movimentos sociais passados. Os movimentos sociais se proliferaram devido ao uso da rede, que o mesmo vê como um “combustível” para as mudanças sociais e para a democracia.
Estes movimentos sociais atrelados ao uso da rede eclodiram primeiramente no mundo árabe e foram extremamente combatidos pelos seus líderes políticos. Logo após, na Europa e nos Estados Unidos da América, surge manifestações contra os governos devido a crise econômica. O que chama atenção é que nestes movimentos sociais não há nenhuma formação de partido político ou liderança.
O autor aborda a crise imobiliária dos EUA (2008), que influenciou diretamente a economia mundial, pois, mínimos foram os setores que não sentiram a crise. Neste momento, a população percebe que o Estado é uma máquina que visa a sua manutenção no poder.
Ao passo que a economia ruía, as redes sociais se tornaram um espaço de sociabilidade que conectava o mundo inteiro, surgindo assim, uma nova forma de interação. Com essa maior interação e discussão sobre o problema da crise, surgiu um sentimento de indignação por parte da população, pelos seus governantes não optarem por defender as classes sociais menos favorecidas e sim, a elite. O autor coloca as emoções, no caso a “indignação” dos indivíduos como propulsora dos movimentos e manifestações ao redor do mundo.
As redes sociais tem se tornado um alvo das instituições governamentais, pois, entendem que as redes influenciam diretamente seus usuários. Por isso, surgem discussões sobre a forma como os usuários devem ou não utilizar a rede, pois, a internet propicia a propagação e a troca de experiências, acontecimentos e emoções, tendo em vista que, as redes são espaço de autonomia, que vai além do controle estatal e dos meios de comunicação. Deste modo, os movimentos não dependem diretamente de um
meio de comunicação específico e podem ser propagados a partir da internet de forma rápida, interativa e autônoma.
Neste caso as redes serviram de combustível para a eclosão de manifestações, que iniciaram na “Primavera Árabe”, manifestação esta que, rapidamente se espalhou por todo Oriente Médio. Diante desses acontecimentos Castells afirma que após a crise de 2008, a população não se vê como protagonista da democracia e que a mesma utiliza as redes para fugir da “velha política” e em busca das mudanças sociais. O autor ainda atenta para o fato de que as mudanças sociais não surgem apenas da miséria, mas também da mobilização emocional.
Neste debate surgem os conceitos de “poder e contra poder”. Os movimentos sociais lutam pelo “deslocamento de poder”, em prol de uma governança representativa e participativa, “do povo para o povo”. O contra poder exercido pelos movimentos sociais, constituem-se a partir de um processo de comunicação autônoma e livre do poder institucional. Atualmente o contra poder leva vantagem devido a rede que serve de sustentáculo para a disseminação da informação.
Destarte, as redes na internet não são suficientes para permanecia dos movimentos sociais, precisa-se também ocupar espaços públicos. Os espaços públicos auxiliam na mudança social por três fatores: cria proximidade e conseqüentemente gera comunidade; os espaços constroem poder simbólico o que auxilia no favorecimento de conquistas sociais e constroem espaços públicos, políticos e de deliberação, esse por sua vez, é fundamental para os movimentos sociais em favor de suas conquistas.
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