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As Regras Para Identificar A Verdade No Sistema Cartesiano

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Por:   •  4/3/2014  •  2.417 Palavras (10 Páginas)  •  501 Visualizações

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AS REGRAS PARA IDENTIFICAR A VERDADE NO SISTEMA CARTESIANO

RESUMO

René Descartes caracterizou-se por desenvolver uma nova maneira de pensar, criticou a tradição e criou um método próprio de identificação da verdade. Suas idéias inauguram uma nova fase do pensamento moderno baseado no método e na razão como forma de identificação da verdade.

PALAVRA CHAVE: Dúvida, método, razão e verdade.

1 INTRODUÇÃO

Em meados do século XV, a humanidade sofreu inúmeras mudanças na maneira de pensar e de compreender o mundo em que vivia. Este processo de mudança ficou conhecido como Renascimento. Inspirado na cultura greco-romana, o Renascimento propiciou o desenvolvimento de uma mentalidade racionalista e com uma maior disposição de questionar os mistérios do mundo. Todo este processo levou o homem moderno a dedicar mais tempo à pesquisa e às experimentações, deixando a mente mais aberta e livre para pensar e analisar o mundo.

Foi nesta época que surgiu o filósofo René Descartes, que nasceu a 31 de março de 1596 em La Haye e aos oito anos foi enviado para estudar no Colégio Jesuíta de La Flèche. Ensinaram-lhe gramática, retórica, poesia, latim, grego, filosofia, matemática, física, ética e metafísica. Embora seguisse a tradição, os jesuítas não deixaram de acompanhar o progresso e as descobertas científicas.

Descartes, que terminou seus estudos regulares em 1616, considerou grande parte dos conhecimentos que adquirira como dogmáticos, incertos e vazios. Mais tarde, ele desenvolveu o método filosófico que, para conhecermos a verdade, é preciso, de início, colocarmos todos os nossos conhecimentos em dúvida, questionando tudo para podermos analisar se de fato existe algo na realidade que possamos ter plena certeza.

Assim, viajou muito para conhecer o mundo e refletir sobre ele, procurando a verdade em si mesmo, na sua razão, sem se ligar às tradições dogmáticas livrescas. O que procurou foi um método universal que unificasse o saber. Quando morreu, várias universidades da Holanda, onde ele viveu por vinte e um anos, já tinham adotado suas idéias. As suas principais obras foram: “Meditações”, “Discurso do Método” e “As Regras para a Direção do Espírito”.

Portanto, a principal preocupação deste texto é apresentar o caminho que Descartes percorreu para se chegar ao conhecimento da verdade e que método utiliza para identificar se um conhecimento é verdadeiro ou falso. Todo este processo, segundo Guéroult, se caracteriza como a “cronologia necessária dos procedimentos intelectuais que, em conflito com os obstáculos sensíveis, progridem em direção à verdade” (DESCARTES, 1973, p. 14).

2 O MÉTODO CARTESIANO

2.1 CRÍTICA DA TRADIÇÃO

Após ter conhecido o mundo em que vivia e refletido sobre as várias áreas do conhecimento, Descartes iniciou sua reflexão pela crítica ao ensino tradicional, afirmando que não estimulava o uso da razão e do bom senso. No “Discurso do Método”, disse que o bom senso (que definiu como capacidade de distinguir o verdadeiro do falso), mesmo sendo em grau suficiente em todos os homens, não leva a conhecer a verdade; é preciso que a razão seja orientada por regras que facultem chegar à verdade das coisas.

Insistiu na necessidade de se criar um novo método, porque a metodologia deve vir antes do conhecimento do objeto, para reforçar a razão - o espírito deve se valer primeiro de si próprio e o método é a primeira condição para que se possa conhecer a verdade.

Negou valor à tradição cultural que, a seu ver, levou a muitas dúvidas, pouco saber e opiniões divergentes na Filosofia, quando a verdade é só uma. “Só o método poderá dar unidade à ciência que é una, embora tenha vários objetos de investigação. É a unidade do método que vai levar à unidade da ciência. Como o homem orienta sua vida por opiniões cuja validade não foi questionada, é preciso que haja um método que, após a colocação sistemática da dúvida em tudo o que se conhece e sabe, possa levar a verdades incontestáveis” (SILVA, 1993, p. 28).

2.2 DÚVIDA NATURAL E DÚVIDA METAFÍSICA

No início da obra, “As Meditações”, observa-se a intensificação da dúvida, processo que pode ser dividido em duas partes: a dúvida natural e a dúvida metafísica.

Todas as etapas da dúvida natural estão relacionadas com o conhecimento sensível, isto é, a não-aceitação de que a percepção sensível possa garantir mesmo em parte, o conhecimento. Como recuso o fundamento sensível do conhecimento, não preciso examinar as certezas uma a uma, pois a derrubada do fundamento faz com que caia com ele tudo que sobre ele tiver sido edificado. Portanto, tudo o que se relaciona com o conhecimento sensível é falso, estendendo e radicalizando a dúvida até os elementos da sensação. Com isso, estenderei a dúvida a toda e qualquer representação relacionada com a percepção de coisas que são exteriores e pertencentes ao campo do conhecimento sensível.

No início da Primeira Meditação encontramos uma situação de como pode ser entendido a dúvida no seu sentido mais radical e natural. Trata-se portanto, do seguinte: mesmo que os sentidos nos enganem, encontramos muitas outras situações que, a princípio, não se pode duvidar. Por exemplo, que eu esteja aqui sentado junto ao fogo, tendo este papel entre as mãos e outras coisas dessa natureza. Como negar esta situação?

Estes argumentos colocados nos permitem analisar não apenas as representações pouco nítidas, mas também aquilo que me aparece mais claramente como fazendo parte de minha vida presente e atual, pois no sonho tais representações não correspondem à realidade. Mas, o que me faz duvidar não é o seu caráter pouco claro ou pouco familiar, mas o que me leva a colocá-lo em dúvida; é o seu caráter sensível, entendido em toda a sua extensão.

Talvez, no entanto, os elementos últimos do sensível não possam da mesma forma ser colocados em dúvida. Tais elementos são o tempo, o espaço, o número e outros elementos do mesmo gênero, que Descartes denomina “coisas matemáticas”. Estas “coisas matemáticas” não podem ser colocadas em dúvida enquanto tais, porque elas não fazem parte do fundamento sensível do conhecimento. Elas se vinculam ao fundamento intelectual, na qual Descartes irá chamar de conhecimentos matemáticos. Mas, como o projeto deliberado

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