As principais Ideias Contidas Na Sua grande Obra Tractatus Logico-Philosophicus
Por: A_lado • 4/4/2017 • Trabalho acadêmico • 5.445 Palavras (22 Páginas) • 433 Visualizações
SUMÁRIO
2. As principais Ideias Contidas Na Sua grande Obra Tractatus Logico-Philosophicus. 2
2. 1. A forma de escrita encontrada no Tractatus de Wittgenstein 2
2. 2. As ideias presentes no Tractatus 3
2. 2. 1. Teoria da figuração 3
2. 2. 1. 1. O problema da verdade 6
2. 2. 1. 2. A diferença acerca do sentido e significado na concepção tractatiana 8
2. 2. 2. O mundo é a totalidade dos fatos 10
2. 2. 2. 1 Os limites do mundo como uma compreensão solipsista 12
segundo capítulo
2. As principais Ideias Contidas Na Sua grande Obra Tractatus Logico-Philosophicus.
Após uma viagem aos contextos ético-metafísico e analítico da linguagem no mundo vivido por Wittgenstein, podemos perceber as múltiplas questões que o atormentavam, percebemos quais eram os assuntos norteadores das suas dúvidas. Como viver de forma ideal, como conviver em um mundo onde há subjetivismo, onde o transcendente é considerado indizível, possuindo novos conceitos de sexualidade, em vista a uma crítica acerca do cristianismo, e para completar a lista das preocupações wittgensteinianas, a crítica à linguagem, como se comunicar, caso seja possível haver realmente uma comunicação.
O Tractatus Logico-Philosophicus surge como uma solução a esses problemas. Nele, nosso filósofo austríaco explora os questionamentos acima elencados na finalidade de demonstrar aos intelectuais a solução. Não faremos uma abordagem completa desta obra, visto que necessitaria de mais estudos e espaço, deste nós não dispomos no momento. Um comentário mais minucioso acerca do Tractatus é pensado para um estudo posterior. Contudo, exporemos as principais ideias que marcaram essa fase da história e, consequentemente, terá sua importância para a elaboração de sua próxima obra, foco deste estudo e que será abordada no capítulo que segue. Não deixemos cair no esquecimento que essas ideias são a maneira que ele encontrou para resolver questões do tempo anteriormente vivido por ele, sendo assim, essas questões desembocam na elaboração da primeira grande obra do Tractatus, em pleno contexto da Primeira Grande Guerra. A seguir, será apresentado uma revisão do meu primeiro trabalho acerca da filosofia wittgensteiniana. Adentremos neste universo ainda pouco explorado e muito a oferecer a quem o investiga.
2. 1. A forma de escrita encontrada no Tractatus de Wittgenstein
De início, o filósofo austríaco não teve a inspiração desse título muito longe de sua realidade vienense, Kürnberger, conterrâneo de Wittgenstein, também havia publicado uma obra com o mesmo título (Tractatus), evidenciando que possuía, por um lado, uma “ignorância dos mais antigos clássicos filosóficos [mas, por outro lado, cultivava] uma rica e variada familiaridade com as principais figuras da cena alemã e austríaca.” (JANIK, A.; TOULMIN, S, 1991, p. 17). Da mesma forma foi o título de sua segunda grande obra, as Investigações Filosóficas, título também usado por Nestroy nas suas investigações.
Há uma forte combinação entre estilos de escrita de outros autores, como é o caso de Russell que muito o influenciou. Há uma semelhança com uma estrutura matemática em seis capítulos, e esses capítulos seriam estruturados musicalmente, onde as proposições principais seriam os momentos fortes do ritmo, evidenciando a declinação dos vienenses pelas artes. (Cf. URDANOZ, 1997, p. 168). Como foi comentado no capítulo anterior referente a Weininger, há no Tractatus um hibridismo entre Lógica e Ética, trazendo lembrança de seu Diário Secreto, onde eram escritas de um lado anotações sobre Lógica e de outro, sobre Ética.
Sua obra foi escrita como sendo direcionada para intelectuais no assunto, pessoas que já tivessem domínio ou ideia dos assuntos tratados. O próprio autor exorta nas primeiras palavras do prefácio que somente entenderá o livro “[...] quem já tenha cogitado por si próprio os pensamentos aqui expressos, ou ao menos cogitado pensamentos semelhantes.” (WITTGENSTEIN, 1968, Prefácio, p. 53). Encontraremos termos ora difíceis de serem usados pela comunidade intelectual, ora próprios dele, transparecendo uma tendência de ser direcionado àqueles que criticavam a linguagem.
Assim como Frege, Wittgenstein acreditou que somente através da lógica, poderia resolver a ambiguidade das palavras. Alcançaria a clarificação conceitual, envolvendo na sua filosofia lógica os termos, usados também por Frege, de “conteúdo conceitual”, “sentido” e “significado”. Sobre o primeiro termo, é abordado de tal forma como Frege o utiliza, como uma maneira de “determinar a essência da linguagem pela análise da proposição declarativa.” (PINTO, 1998, p. 132). Contudo, o mesmo não se encontra nos outros dois termos na comparação com Frege, nas páginas posteriores encontraremos um momento acerca deste assunto.
A forma como esta obra foi escrita é de elevada importância para que se possa ter uma compreensão mais detalhada da mesma. Conhecendo como a obra é escrita, temos uma maior aprendizagem sobre os assuntos abordados, pois nos é possível realizar uma ligação entre os fatos da obra com mais facilidade como também nos auxilia na compreensão de seus termos, dos quais vamos nos debruçar adiante.
2. 2. As ideias presentes no Tractatus
2. 2. 1. Teoria da figuração
Essa teoria situa-se no centro da sua exposição, sendo seus primeiros passos posteriores à leitura de um processo judicial.
“Em setembro de 1914, na época em que navegava pelo Vístula, Wittgenstein teria encontrado uma revista na qual se narrava um processo judicial em Paris referente a um acidente automobilístico. Na audiência, para descrever e explicar o que havia ocorrido, o acidente foi reconstruído com bonecos e veículos em miniatura, cada fase do acidente foi assim representado, num certo número de modelos ou figuras.” (SCHMITZ, 2004, p. 83)
Também traduzidas por alguns como teoria pictórica, ela expressa um desenvolvimento do pensamento de Hertz acerca dos modelos (Bild) construídos pelos homens a partir da realidade. Uma teoria bem desafiadora por não considerar nenhum mecanismo psicológico, e sim, apenas com raciocínio lógico nesta teoria. Wittgenstein a converge em uma detalhada explicação do modo de representação simbólica ao dizer que “fazemo-nos figurações dos fatos” (WITTGENSTEIN, 1968, [2.1]). Com isso, a linguagem é ordenada de acordo como as coisas estão afiguradas. Mas, para o nosso filósofo, todas as proposições dotadas de significado são funções de verdade de proposições elementares[1], ao explicá-las na teoria da figuração, ele também explica o alicerce da representação e da lógica. Com isto, notamos a pretensão de afirmar que o homem realiza figurações da realidade, não envilecendo o pensamento da linguagem sendo o conjunto das proposições elementares, que por sua vez, são formadas por nomes que figuram os fatos, estes conjuntos das ligações de objetos (coisas). (Cf. WITTGENSTEIN, 2001, [2.01])
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