Confiança Como Fator De Redução Da Vulnerabilidade Humana No Ambiente De Trabalho
Trabalho Escolar: Confiança Como Fator De Redução Da Vulnerabilidade Humana No Ambiente De Trabalho. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: leovianna • 19/10/2013 • 8.262 Palavras (34 Páginas) • 680 Visualizações
RESUMO
O ambiente de trabalho predominante atualmente nas organizações complexas pode tanto atuar em favor
da maior produtividade quanto debilitar a coesão e os laços de cooperação no trabalho. Neste último
caso, faz emergir nos profissionais das empresas uma sensação de vulnerabilidade, traduzida por relacionamentos
mais efêmeros e superficiais, que arrefecem a ação das pessoas. Neste artigo, trabalhou- se
com a premissa de que o estabelecimento de um ambiente de confiança pode neutralizar essa sensação.
O estudo teve como fim investigar se os profissionais percebem fragilidade nas relações de trabalho,
como reagem à situação, e quais suas influências no processo de gestão. O material discursivo, recolhido
de entrevistas em profundidade com gerentes de organizações multinacionais e nacionais de grande
e médio porte, traz explicações para os motivos que levam à instalação da sensação de vulnerabilidade
no trabalho. Essas reflexões permitem inferir que é possível instalar procedimentos de gestão, padrões
de comportamento e cultura organizacional que atuem na reversão desse estado de coisas e desenvolvam
ambientes de trabalho mais propícios.
Rosa Maria Fischer
FEA-USP
José Gaspar Nayme Novelli
IBMEC - BRASÍLIA
ABSTRACT The currently predominant working environment in complex organizations may either operate in favor of enhanced productivity or
weaken the cohesion and ties of cooperation in the workplace. In the latter case it causes professionals to experience a feeling of vulnerability, which
translates into more ephemeral and superficial relationships that have the effect of moderating people’s actions. This article worked with the assumption
that establishing an atmosphere of trust may neutralize this feeling. The purpose of the study was to investigate if professionals perceive
any fragility in their working relations, how they react to the situation and how it influences the management process. The material collected from
in-depth interviews with managers of major and medium-size multinational and national organizations provides explanations for the reasons that
lead to the installation of a feeling of vulnerability at work. These reflections allow us to infer that it is possible to install management procedures,
behavior standards and an organizational culture that operate to reverse this state of affairs and to develop a favorable working environment.
PALAVRAS-CHAVE Trabalho, confiança, coesão, vulnerabilidade, relacionamentos.
KEYWORDS Work, trust, cohesion, vulnerability, relationships.
ABR. / JUN. 2008 • ©RAE • 67
ARTIGOS • CONFIANÇA COMO FATOR DE REDUÇÃO DA VULNERABILIDADE HUMANA NO AMBIENTE DE TRABALHO
INTRODUÇÃO
O inconformismo do economista e pensador Robert Kurz
(1992) sobre o rumo dos eventos no mundo atual oferece
uma base para a compreensão de certo incômodo presente
nos relacionamentos humanos. Afirma o autor que o homem
do século XXI é um ser que se valoriza ininterruptamente,
pensa e sonha economicamente de forma contínua
e considera todas as relações, até pessoais e íntimas, como
relações de freguesia.
De forma subjacente, nesta reflexão encontra-se retratado
o dilema entre considerar hoje os relacionamentos
como questão de mera obrigação formal, uma espécie de
abnegação necessária ao alcance de objetivos de natureza
econômica, e, de outra parte, considerar a natureza
humana socialmente orientada para concretizar, com sucesso,
suas realizações. Bauman (2003, p. 6) descortina
esse dilema quando assinala que o indivíduo “[...] precisa
dos outros como do ar que respira, mas, ao mesmo
tempo, ele tem medo de desenvolver relacionamentos
mais profundos, que o imobilizem num mundo em permanente
movimento”. Em outras palavras, o excesso de
movimento pode servir de instrumento à paralisia dos
relacionamentos sociais.
Sennett (1988, p. 399) aponta os riscos e os percalços
do “esvaziamento dos vínculos de associação e de compromisso
mútuo entre as pessoas”. Isso é tratado não só
por ele como por vários autores que refletiram acerca da
chamada pós-modernidade como uma das características
mais determinantes da fragilização dos valores sociais e
da sociabilidade na sociedade contemporânea. Fazendo
um corte epistemológico para empregar sua análise no
contexto do mundo do trabalho, o autor observa que as
habilidades multifuncionais do trabalhador moderno dotam
o processo produtivo de mais flexibilidade para ter
mais
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