Consumo em uma visão do filme "Os delírios de Consumo de Rebecca"
Por: Nathaliamaarinho • 30/1/2016 • Trabalho acadêmico • 3.404 Palavras (14 Páginas) • 2.424 Visualizações
RESUMO
Observamos na modernidade e em seu ritmo de vida calculista, cronometrado
e consumista em meio a um mercado cada vez mais saturado com rápida rotatividade
da moda, gostos e tendências reflexões que podem ser feitas através de um olhar
crítico. Por meio de questões da filosofia do dinheiro foi lançado o olhar reflexivo ao
filme "Os deliríos de consumo de Becky Bloom" para a observação de aspectos na
configuração atual do consumo e comportamento do consumidor.
Palavras-chave: Modernidade. Consumo. Dinheiro.
1 INTRODUÇÃO
Na sociedade moderna e desde a implantação do capitalismo foram despertadas
mudanças no pensamento, relações sociais e comportamento do homem, na qual a vida
moderna passou a se caracterizar por traços fortemente ligados ao dinheiro. Um ritmo
de vida calculista, racionalização, inversão de meios e fins onde nos deparamos com um
contexto em que tudo gira em torno do dinheiro e, ao mesmo tempo, o dinheiro que faz
o mundo girar, pontos existentes na filosofia do dinheiro tratada por Georg Simmel,
sociólogo alemão, que terá alguns de seus aspectos relacionados durante o ensaio em
conjunto com aspectos da sociedade de consumo.
Ao abordar a filosofia do dinheiro, esta tem uma aproximação com a ciência
econômica do dinheiro aparecendo pressupostos tais como de constituição psíquica, nas
relações sociais, na estrutura lógica da realidade e dos valores, dando ao dinheiro
sentido e lugar prático.
O objetivo deste trabalho é analisar a relação existente entre o sujeito e o objeto
de desejo (dinheiro, bens de consumo, status social, entre outros) na sociedade de
consumo vigente, passando por aspectos individuais deste sujeito, caracterizando o
contexto em que podemos observar esta forma de relação e ainda abordando aspectos da
cultura de consumo.
Seriam os desejos humanos que levam a criação mais e mais de bens de
consumo, ou seria o oposto, os objetos expostos em uma vitrine de locais comerciais
(espécies de catedrais da sociedade contemporânea) que despertam nos humanos os
desejos irracionais de consumo?
Para tal ensaio, o filme “Os delírios de consumo de Becky Bloom” (Confessions
of a shopaholic) foi escolhido por apresentar o claro exemplo dos pontos destacados.
O filme foi lançado em 2009 e aborda a história de Rebecca Bloomwood, uma
jornalista de 25 anos, compradora compulsiva de roupas e acessórios que vive em Nova
York e com doze cartões de crédito estourados.
Neste trabalho, a perspectiva do filme nos guia em um ensaio teórico acerca de
aspectos e questões relacionadas ao consumo, comportamento do consumidor,
endividamento levando a reflexão sobre os desdobramentos, conquistas e adversidades
vividas por Rebecca Bloomwood (Becky).
2 UM BREVE HISTÓRICO DA SOCIEDADE DE CONSUMO
O filme inicia com recordações de Becky sobre a sua infância, temos um
ambiente cercado de produtos, bens de consumo e a personagem inicia com a fala:
“Quando eu era criança, existiam os produtos com preços reais e os com desconto. Os
preços reais compravam coisas brilhantes que duravam três semanas, os com desconto
compravam coisa sem graças que duravam para sempre."
A infância de Rebecca foi marcada por uma desigualdade em relação a outras
crianças que podiam ter acesso aos produtos "brilhantes". A sua mãe priorizava a
compra de forma racional, considerando a utilidade e durabilidade do produto, não o
que estava na moda ou era ditado pelas propagandas.
Historicamente os bens de consumo e os serviços oferecidos pelo capitalismo
correspondiam a necessidades "reais", produtos mais simples eram produzidos, tais
como, aço, tijolos, roupas, sapatos, até que chegou um ponto em que o consumo e
produtores se multiplicaram e passaram a vincular seus produtos a marcas e
propagandas que tinham como objetivo fornecer informações funcionais dos produtos.
Em seguida ocorreu a necessidade de distinção dos produtos e de formas mais
eficientes de influenciar na venda, aumentando o número de argumentos para que
determinado produto ou marca fosse escolhido ao invés de outros, passando a ser um
tipo de sedução do consumidor.
A formação de Rebecca em meio a esse contexto em que o mercado visa agradá-
la e conquistá-la, em conjunto com o desejo de ser diferente, ou melhor, ser igual as
garotas que podiam parecer com princesas e ter acesso a roupas e mais bens de
consumo, contribuíram para o seu futuro comportamento.
A caminho de sua entrevista de emprego, Rebeca é atraída por uma echarpe
verde, momento em que ocorre um diálogo com a manequim que destaca
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