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Desigualdade Entre Os Homens

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Por:   •  10/9/2014  •  2.022 Palavras (9 Páginas)  •  548 Visualizações

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Faculdade Dehoniana

ÉTICA SOCIAL

Edivaldo Pessoa

01/11/2013

Resenha crítica: (D.S. D) Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. 2ªedição. São Paulo: Abril Cultural, 1978. (coleção Os Pensadores).

“Assim que os homens começaram a apreciar-se mutuamente e se lhes formou no espírito a idéia de autoridade, cada um pretendeu ter direito a ela e a ninguém foi mais possível deixar de tê-la impunemente” (p.263).

Nascido em Genebra, a 28 de Junho de 1712, Jean Jacques Rousseau foi considerado um dos maiores pensadores de todos os tempos, cuja obra inspirou varias reformas políticas, sociais e educacionais ao longo dos anos e ficou conhecido como um dos grandes filósofos do século XVIII. Além de tratados filosóficos formais, a filosofia de Rousseau foi difundida também através de cartas, romances e em seus famosos discursos que lhe renderam diversos prêmios ao longo de toda sua vida. A influência de Rousseau através de seus pensamentos acerca da liberdade, igualdade e dos direitos políticos atravessou os séculos XVIII, XIX e XX, chegando até os dias de hoje na forma de discurso romântico e utópico fomentado pelas suas ideias abstratas de igualdade. Rousseau, considerado um dos grandes enciclopedistas, deixou-nos um legado de grande valor literário com obras de grande destaque como: Emilio ou da Educação (1762), O Contrato Social (1762), A Nova Heloisa (1761) entre outras. Antes porém destas grandes obras, temos o D.S.D que foi escrito em 1753 na participação que Rousseau teve em uma disputa proposta pela Academia de Dijon que tinha como objetivo principal saber:Qual a origem da desigualdade entre os homens e será ela permitida pela lei natural?

Pretendemos com este trabalho destacar os pontos mais importantes do D.S. D, fazendo uma análise da obra, a fim de indicar as características principais que nortearam as idéias do autor e estabelecer os pontos de discordância necessários, a nosso ver, para a melhor compreensão do texto buscando preencher algumas lacunas que, em nossa opinião, foram deixadas pelo autor devido ao fraco embasamento confesso pelo mesmo: “Deixando, pois, todos os livros científicos, que só nos ensinam a ver os homens tais como foram feitos, e meditando sobre as primeiras e mais simples operações da alma humana...” (p.230).

Rousseau inicia fazendo uma distinção entre a desigualdade física e a desigualdade política com o intuito de separar as condições naturais tais como saúde, idade, capacidade e etc. Este tipo de desigualdade para Rousseau é de fundamento natural, sendo impossível de determinar ou mensurar seus meandros, pois se deve levar em conta o fato de que foi a natureza que a constituiu. A desigualdade política por sua vez,segundo Rousseau é constituída através do consentimento e da alienação do homem que entrega e autoriza à outros suas capacidades de decidir sobre seu próprio existir, privilegiando uns em detrimento de outros.Fica claro que a preocupação rousseauniana não é a desigualdade e sim a desigualdade política e moral.Rousseau afirma que no estado de natureza o homem tem suas necessidades perfeitas e sua organização fisiológica é extremamente robusta e através da seleção natural aqueles que são fracos acabam eliminados e o homem no estado de natureza tem seu corpo como sendo o único instrumento para a exaltação de sua força e de sua robustez,a fim de se impor diante dos animais usando de sua liberdade de fazer escolhas e de sua capacidade de decidir.

Para Rousseau, portanto, o homem não precisa de outro homem para estabelecer-se, ou seja, a ação social não está no homem em seu estado de natureza. O homem é puro,sem dor,sem medo,sem misérias,sem doenças,auto suficiente e livre.É quando o homem se torna sociável que ele começa a distanciar-se do estado de natureza,colhendo como fruto fraqueza,medo e a desigualdade social.

Nesta parte do D.S. D, Rousseau sistematiza de maneira até certo ponto incomum em sua obra, as três fases da humanidade que contribuíram para o crescimento da desigualdade e a continuação de seu discurso contratualista, firmando o fato da propriedade privada ser das três causas do aumento da desigualdade entre os homens. Rousseau cita que o desenvolvimento humano e as grandes descobertas tais como o fogo,a pesca,a caça e também a “expansão demográfica”causaram no homem sentimentos jactanciosos de superioridade sobre as demais criaturas,contudo a grande causa da desigualdade como já postulamos é a propriedade privada descrita inicialmente por Rousseau na célebre passagem citada abaixo:

“O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer isto é meu e“encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo” (p.259).

Nascem então, segundo Rousseau, as separações de classes, ou seja, de um lado os ricos e de outro os pobres, pois a condição de proprietário demanda de mão-de-obra para que se trabalhe em suas terras. Este fato é descrito da seguinte maneira por Voltaire “...pois certamente que se um homem estiver bem de vida não vai deixar suas terras para vir cultivar as terras de outro...”(Voltaire,2008,p.335). Nas condições de trabalho a desigualdade cresce tanto que surgem as necessidades impostas pela sociedade, o que leva o homem a ser escravo destas necessidades e conseqüentemente escravo de quem, de alguma maneira, as pode sanar. Rousseau descreve assim:

[...] os mais fortes realizavam mais trabalho; o mais habilidoso tirava mais partido do

seu; o mais engenhoso encontrava meios de abreviar o trabalho; o lavrador tinha mais

necessidade de ferro, ou o ferreiro mais necessidade de trigo; e, trabalhando igualmente,

um ganhava muito, enquanto outro mal podia viver. (p.266)

Não demorou em surgir um grande problema: os ricos e donos de grandes propriedades não tinham mais condições (por força) de proteger suas posses e a solução foi criar, por convenção, máximas e reguladores destas máximas: os magistrados, que segundo Rousseau, é a segunda causa mais significativa do crescimento da desigualdade entre os homens, ou seja, com a propriedade havia a separação entre pobres e ricos, com os magistrados a separação passa a

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