Diogenes, O Cao
Pesquisas Acadêmicas: Diogenes, O Cao. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: damaris.s • 19/9/2013 • 2.325 Palavras (10 Páginas) • 1.068 Visualizações
Universidade Federal de Santa Catarina
Centro de Filosofia e Ciências Humanas
Curso de Filosofia
Aluna: Damaris Sampaio Almeida
“O próprio bronze envelhece com o tempo, mas tua glória, Diógenes, nem toda a eternidade destruirá; pois apenas tu ensinaste aos mortais a lição da autossuficiência na vida e a maneira más fácil de viver”.
Escrito sobre o túmulo de Diógenes, o cínico.
O Homem
Diógenes nasceu em Sínope, no ano de 413 a.C, exilado de sua cidade natal mudou-se para Atenas, onde passou a viver nas ruas. Diógenes foi o primeiro pensador conhecido como cínico termo extraído do grego kynikos, esse termo quer dizer “parecido com cão”, dai ser conhecido como Diógenes, o cão, já que do mesmo modo que os cães faziam suas necessidades na rua, ele também. Diógenes desprezou todas as formas de hábitos sociais, viveu em estado tão natural quanto foi possível. Os cínicos defendiam uma vida em harmonia com a natureza. Os cínicos ficaram conhecidos por serem diretos e verdadeiros, mas eram conhecidos principalmente por viverem em público como os cães, livres e indiferentes ás normas estabelecidas pela sociedade. Na época o que para a sociedade grega era visto como vergonha e pudor, os cínicos viam como naturalidade. Os cínicos pensavam diferente da tradição, eram contra as regras visadas pelo social, contra a cultura que dominava, contra os valores da cidade.
Ainda que não fosse uma escola, os cínicos compartilhavam posições e atitudes que os uniam num movimento, em aspectos gerais caracterizados assim: a) privilégio da prática da virtude sobre a ciência da virtude, com o consequente menosprezo a todo intelectualismo; b) a vida virtuosa é uma vida feliz e a vida feliz é viver de acordo com a natureza, vale dizer, não-ter-necessidade-de-nada; c) a felicidade está ao alcance de todos desde que se viva disciplinadamente; d) a essência da vida feliz é o autodomínio, a força da alma, que suporta todas as adversidades exteriores; e) a vida assim conduzida faz do indivíduo um sábio, nobre e livre e, por consequência, despreza as conveniências sociais; f) uso das funções corporais como uma linguagem do protesto, mais do que a linguagem articulada da lógica; g) rejeição da vida da polis com uma pregação e vivência do cosmopolismo, típica de uma fase de decadência cultural.
E tudo isso Diógenes seguiu, e aplicou em sua existência, para demonstrar seus princípios cínicos, encarou uma vida de extrema pobreza, tornou-se livre por nada possuir, a não ser, claro a própria virtude. Quando se encontrou com Antístenes, seu mestre, o encontro não foi muito agradável. Diógenes Laertios narra o acontecido dizendo que, quando Diógenes se aproximou de Antístenes esse o repeliu com seu bastão, ao que Diógenes de Sínope, “lhe oferece a cabeça dizendo: ‘golpeie, pois não acharás madeira tão dura que possa fazer-me desistir de conseguir que me diga alguma coisa, como me parece que é teu dever’. Desde essa ocasião passou a ser seu ouvinte” (D.L. p.158).
Um bastão, uma sacola e um manto. Era tudo o que tinha. Segundo informações de Laertios, ele teria encontrado o sentido para as suas dificuldades ao ver um rato correr de um lado para outro, sem destino, sem procurar um lugar para dormir, sem medo das trevas e não querendo nada do que se considerava desejável (D.L. p.185). Se o rato assim faz, porque não se pode imitá-lo? Numa ocasião Diógenes viu um menino bebendo água com as mãos em concha e jogou fora o copo que tirara da sua sacola dizendo: “‘Um menino me deu uma lição de simplicidade’” (D.L. p.161).
É indiscutível o quão a história da vida de Diógenes é surpreendente, por conseguir viver sem nenhuma convenção, ou bem material, o seu pensamento filosófico com ironia e ás vezes agressividade, isso pode estar atribuído ao seu comportamento demasiado despudorado. Um dia Diógenes estava tomando banho de sol e Alexandre, o Grande, chegou, pôs-se à sua frente e falou: “Pede-me o que quiseres!” Diógenes respondeu: “Deixe-me o meu sol” (D.L. p.162). Essa passagem é extremamente fascinante, afinal lá estava Alexandre, um grande imperador, um homem rico e poderoso, diante de Diógenes, perguntando a ele o que ele queria, ele poderia ter pedido o que quisesse riqueza, luxo, poder, mas não o fez, ao invés disso, pedi-o para que se afastasse, pois o grande imperador estava a lhe fazer sombra. Acredito que a resposta dada a Alexandre causou forte impacto no mesmo, afinal ele tão rico e poderoso, não possuía tanta virtude quanto aquele homem que estava na rua, talvez Alexandre tenha realmente desejado ser Diógenes, pois ainda com tanto poder conquistado não fosse feliz, e Diógenes não possuía nada, e nada mais desejava se não a luz do Sol. O mesmo Alexandre que “quando perguntado sobre quem ele gostaria de ser se não fosse Alexandre, o grande conquistador, respondeu que gostaria de ter nascido Diógenes” (D.L. p.160).
Diógenes viveu em busca da verdade, o que justifica a história que conta quando perguntado sobre que espécie de homem era Diógenes, Platão disse: “‘Um Sócrates enlouquecido’” (D.L. p.165), pois, Sócrates pregava que uma vida ideal era aquela vivida em buscar da verdade, em busca da virtude. A única vida que vale a pena ser vivida é aquela virtuosa, ou seja, aquela fundada na busca pelo conhecimento.
Como habitação um barril, é a vida que Diógenes levou, é uma contrapartida sinalizadora de uma verdade que acredita ser superior a verdade tradicional. Diferente de viver segundo a natureza que para Diógenes, significa viver segundo a autonomia e liberdade dos animais. Sem medo, sem necessidades de coisas e bens materiais. Por exemplo, o episódio mencionado anteriormente do rato correndo de um lado para o outro, sem nenhum medo ou necessidade. Diógenes com seus hábitos e maneiras quer trazer a tona uma visão diferente, a de que nada precisamos a não ser o que a natureza nos oferece. Viver segundo a natureza significa bastar-se-a-si-mesmo e não necessitar de nada mais que não provenha da mesma natureza. Essa independência, essa autarquia quando conquistada, não pode ser perdida, porque ela não é como as coisas exteriores que vem e vão. Ela se mantém.
Nosso filósofo, Diógenes, acredita que o que prende o homem é o dinheiro, a posse, e por isso definia o amor ao mesmo como a “metrópole de todos os males” (D.L. p.165). Voltando novamente ao episodio de Diógenes e Alexandre, quando este ofereceu- o que quisesse, mas tudo o que Diógenes precisava
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