Ecologia Da Alma
Trabalho Escolar: Ecologia Da Alma. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: fagnerbonfim • 28/10/2014 • 2.632 Palavras (11 Páginas) • 1.579 Visualizações
AUTARQUIA EDUCACIONAL DO VALE DE SÃO FRANCISCO – AEVF
FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS E SOCIAIS DE PETROLINA – FACAPE
2º PERÍODO DO CURSO DE DIREITO – TURNO NOTURNO
RESENHA DO LIVRO: ECOLOGIA DA ALMA
Petrolina - 2012
Resenha do livro:
MARQUES, Juracy. Ecologia da Alma. Petrolina, PE: Franciscana, 2012.
Marcos José Ribeiro Oliveira
(Graduando em Direito, FACAPE)
marcosjropos@hotmail.com
O livro Ecologia da Alma, do professor Pós-Doutorado em Antropologia, Doutor em Cultura e Sociedade e Mestre em Ciências da Educação Juracy Marques, apresenta uma reflexão sobre a possibilidade de nomear uma vertente nova das interpretações ecológicas associadas a questões ambientais contemporâneas, que ele denomina de: A Ecologia da Alma e a Alma da Ecologia. Nessa perspectiva, ele se propõe a analisar o espírito, a alma e a subjetividade humana, que transcende o corpo físico e chega a um corpo considerado simbólico. É indagando tais conceitos que ele questiona o que a ciência pensa sobre tais categorias e até se nós estaríamos autorizados a pensar nisso.
A primeira questão tratada pelo autor – A Ecologia da Alma – é subdividida em vários tópicos. O primeiro a ser abordado ele chama de A biodiversidade da alma, e começa dizendo que usamos as ciências para aprisionar as estruturas humanas (fenômenos culturais, econômicos, psíquicos) que nos rodeiam e que nomeamos tudo isso com palavras que supomos compor e decompor a vida. Além disso, essas classificações são usadas para homogeneizar as almas humanas presas no interesse da técnica, da ciência e dos governos. Cita o exemplo de terras quilombolas para ilustrar as estruturas dos povos e comunidades pensadas contra a homogeneização, assimilação e a invisibilidade. Separa indivíduo de individualidade e diz que a nossa identidade não pode apagar outras identidades como as indígenas, quilombolas, entre outras. O autor conclui que as coletividades é que alimentam as individualidades e não o contrário e que a diferença é produzida nas teias do poder, mascaradas pelos fenômenos de homogeneização das massas, das coletividades, das multidões, dos indivíduos, das sociedades. Esse fenômeno é típico de sujeitos que vivenciam o capitalismo avançado. Também faz menção a ecologia da mente ou profunda, destacando a missão do ser humano como decifrador da mensagem que cada ser carrega consigo, uma vez que as outras partes da natureza também são portadoras de direitos. Essa teoria é negada pela ecologia social, que defende que os problemas ambientais tem origem nas questões sociais. As epistemologias das ecologias descritas acima são tentativas de explicar a forma como a espécie humana se relaciona, material e simbolicamente, com a Natureza.
No segundo tópico Ecologia das individualidades e Coletividades humanas, ele começa dizendo que a individualidade e homogeneidade são coisas diferentes, citando a relação de Hitler e os judeus. Fala que as revoluções são feitas pelas coletividades e não há como pertencer a um determinado grupo social, sem que as questões mais singulares, substanciais do sujeito sejam silenciadas. Já disse Foucault (2010): o princípio da liberdade individual só se autoriza pela vigilância de uma coletividade homogeneizadora invisível, hospedada nos aparelhos ideológicos do estado, numa sociedade panóptica. É dito que o indivíduo é algo além do ser social e deve ser preservado como condição de um exercício pleno da existência. Norbert Elinas pontua que “o ser humano singular, rotulado de indivíduo, e a pluralidade das pessoas, concebida como sociedade, parecem ser duas entidades ontologicamente diferentes.” Estabelecendo uma crítica às formas dicotomizadas de pensar indivíduo e sociedade, alerta-nos para os riscos de entendermos a sociedade como “uma acumulação aditiva de indivíduos”. No tocante a uma perspectiva que tenta compreender os seres humanos e a sociedade em termos de funções psicológicas, escreve: “os membros [destas correntes] atribuem a formações sociais inteiras, ou a uma massa de pessoas, uma alma própria que transcende as almas individuais, uma anima collectiva ou “mentalidade grupal”. Todos e Um são categorias políticas. Ou todos são coletivos, incluindo os chefes, os senhores, ou as massas invisibilizadas, homogeneizadas, continuarão servindo de escada para justificar o controle e domínio pelos visíveis, pelos iguais. Evocar a individualidade não é abortar as estruturas sociais da coletividade, mas destronar a hipocrisia reinante nas demagogias das coletividades. É insensato, para qualquer ciência, pensar uma criança sem sociedade. Trata-se de evidenciar as microestruturas do poder, camufladas pelas camadas silenciadas dos discursos, pelos usos dos mais fracos, dos invisíveis, dos homogêneos, dos diferentes, num sistema perverso de controle, dominação e subjugação. Sabemos também que a fraqueza é uma forma de exercer poder sobre o outro. Por isso, tantos “coitados” apelando por amor na agoridade. Os amantes são bons servos e nessa condição de escravos afetivos pensam que dominam os amados, seus senhores. O autor cita várias lideranças encontradas na natureza para ilustrar as existentes na humanidade e fecha dizendo que a subjetividade humana nunca seca.
No terceiro tópico Individualidades Visíveis e Coletividades Invisíveis o autor pergunta a si mesmo se as individualidades se governam ou são necessárias às individualidades. As individualidades, visíveis, produzem as coletividades na sua condição de invisíveis, homogêneas. Portanto, ele conclui que ser indivíduo coletivizado ou homogeneizado depende da força sofrida das estruturas de poder, de controle, de silenciamentos. Afirma que o discurso das coletividades oculta a crueldade dos silenciosos processos de homogeneizações das individualidades. Diz que as individualidades são visíveis, dominadoras, escondem-se por trás das coletividades invisíveis, subjugadas. Coloca que toda a estrutura da cultura está montada para homogeneizar os mais fracos e individualizar os mais fortes. Vê as individualidades silenciadas, negadas, exercendo grande influência sobre as coletividades que se retroalimentam na produção e reprodução de padrões
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