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Fichamento Durkheim

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Por:   •  6/5/2014  •  2.319 Palavras (10 Páginas)  •  1.257 Visualizações

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FICHAMENTO DO TEXTO DE TANIA QUINTANEIRO

Livro: Um Toque de Clássicos

Editora UFMG, 1999, p.15 a 57

A ESPECIFICIDADE DO OBJETO SOCIOLÓGICO

Para Durkheim, a Sociologia pode ser definida como “a ciência das instituições, da sua gênese e do seu funcionamento, ou seja, de “toda a crença, todo o comportamento instituído pela coletividade”.

Os Fatos Sociais são o objeto de estudo dessa ciência e compreendem “toda maneira de agir, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter”. São também aquelas “maneiras de fazer ou pensar, que exercem influência coercitiva sobre as consciências particulares”. São, portanto, exteriores aos indivíduos.

Para esse autor, os Fatos Sociais só podem ser explicados por meio de seus efeitos sociais. São fatos sociais, os fatos cuja origem não se encontra nos interesses ou motivações individuais, mas em fenômenos sociais.

Na perspectiva de Durkheim, a sociedade não é o resultado de um somatório ou de uma justaposição das consciências, ações e sentimentos particulares: ao serem associados, combinados fazem nascer algo novo e externo àquelas consciências. A sociedade é mais do que a soma dos indivíduos que a compõem: é uma síntese que não se encontra em cada umdesses elementos.

A mentalidade do grupo não é a mesma que a dos indivíduos; os estados de consciência coletiva são distintos dos estados de consciência individual. Os fenômenos que constituem a sociedade têm sua sede na coletividade e não em cada um dos seus membros.

Os fatos sociais são formados pelas representações coletivas, ou seja, como a sociedade vê a si mesma e ao mundo que a rodeia, através de suas lendas, mitos, concepções religiosas, crenças morais, comportamentos...

As maneiras de agir são fatos sociais menos consolidados: as correntes sociais, os movimentos coletivos, as correntes de opinião, que fazem com que os indivíduos, segundo épocas e culturas diferentes, ajam diferentemente com relação ao casamento, ao suicídio ou a uma natalidade mais ou menos alta, etc. e que se expressam nas estatísticas.

Fatos sociais mais consolidados, são as maneiras de ser sociais como: as regras jurídicas, morais, dogmas religiosos e sistemas financeiros, a arquitetura, vestuário, linguagem.

Ambas as formas são imperativas sobre os indivíduos, coagem a que se adotem determinadas condutas e encontram-se fora dos indivíduos por serem uma realidade objetiva externa a eles. Possuem ascendência sobre o indivíduo e influenciam suas ações.

As regras e normas sociais (as maneiras de pensar, agir e sentir) são exteriores aos indivíduos, tanto que é preciso o processo de socializaçãopara que sejam internalizados. O processo educativo leva os indivíduos, desde criança, a assimilarem as regras sociais: seguir horários, desenvolver certos comportamentos e maneiras de ser e mais tarde a trabalhar.

Para Durkheim, é uma ilusão pensar que educamos nossos filhos como queremos. Somos forçados a seguir regras estabelecidas no meio social em que vivemos. Com o tempo, as crianças vão adquirindo os hábitos que lhes são ensinados e deixando de sentir a coação que estes exercem, aprendendo os comportamentos do grupo onde vivem.

Para comprovar a coerção que os fatos exercem sobre os indivíduos e que eles têm uma realidade objetiva, independente do sentimento ou da importância específica que alguém lhes dá e que possuem uma certa autoridade sobre os membros de uma comunidade, Durkheim aponta os problemas enfrentados pelos indivíduos que procuram não se submeter a uma convenção mundana: resistir a uma lei, violar uma regra moral, etc. Os obstáculos vão desde a punições, censura, riso, ironia ou outras restrições que mostram a advertência de que se está agindo contra algo que está fora de nós.

No entanto, apesar das dificuldades impostas por um poder social contrário, o comportamento inovador é viável. Para que as instituições mudem e com elas os comportamentos sociais é necessário que vários indivíduos decidam pela transformação que construa outro fato social.

Noentanto, quanto maior for o peso ou a centralidade que a regra, a crença ou a prática social tiver, maior a dificuldade para se processar uma mudança. Por exemplo, modificar valores relativos à vida é bem mais difícil, como a liberação do aborto, a pena de morte ou a eutanásia.

A DUALIDADE DOS FATOS MORAIS

“Ao mesmo tempo que as instituições se impõem a nós, aderimos a elas; elas comandam e nós as queremos; elas nos constrangem, e nós encontramos vantagens em seu funcionamento e no próprio constrangimento(...)”.

O fato moral apresenta, pois, a mesma dualidade do sagrado que é, num sentido, o ser proibido, que não se ousa violar; mas é também o ser bom, amado, procurado. A coação deixa, então, de ser sentida ao ser substituída pelo respeito que sentem os membros de uma sociedade pelos ideais coletivos com base no prestígio de que certas representações estão investidas.

Assim, as regras morais possuem uma autoridade que implica a noção de dever e, em segundo lugar, aparecem-nos como desejáveis, embora seu cumprimento se dê com esforço... As crenças e práticas sociais agem sobre nós a partir do exterior...

Durkheim refere-se à necessidade de um reaquecimento dos ideais coletivos, periodicamente, através de reuniões, assembléias, festas, rituais, para fazer renascer e manter as crenças comuns. A sociedade refaz-se moralmente, reafirma os sentimentos e idéias coletivas queconstituem sua unidade e personalidade.

O MÉTODO DE ESTUDO DA SOCIOLOGIA SEGUNDO DURKHEIM

Ao procurar conhecer a vida social, uma das preocupações de Durkheim era avaliar qual método permitiria fazê-lo de maneira científica, superando as deficiências do senso comum (...). O método deveria ser estritamente sociológico, investigando possíveis relações de causa e efeito e regularidades com vistas à descoberta de leis e de regras de ação para o futuro.

Assim, pare se analisar os fatos sociais, os pesquisadores sociais deveriam considerá-los como coisas, afastando sistematicamente as pre-noções, considerá-las independentemente de suas manifestações individuais, da maneira

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