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Idéias filosóficas de Hannah Arendt

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Por:   •  9/10/2014  •  Artigo  •  540 Palavras (3 Páginas)  •  355 Visualizações

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Hannah Arendt fez a transição da filosofia para a política, mas foi com suporte na filosofia que formulou suas principais categorias políticas de análise: o público e o privado, a categoria da natalidade, as categorias do perdão e da promessa. Entre a filosofia e a política não teve dúvida em optar pela teoria política. No entanto, entre a atividade da compreensão e da ação política sempre preferiu a primeira. Observou, certa vez, que podia muito bem viver sem uma atividade prática, mas não conseguiria viver sem procurar compreender o que ocorria no mundo. Argumentava que do mesmo modo que havia pessoas primariamente interessadas na ação política outras estavam inteiramente voltadas para o problema da compreensão. Citava como exemplo das primeiras, daquelas que tinham uma atração pela vida pública, Rosa Luxemburgo. Por sua capacidade intelectual ela podia muito bem ter ficado em Zurique, onde fora aprovada com distinção em seu doutorado, e prosseguido sua carreira acadêmica, mas preferiu se engajar na luta contra a injustiça social (1987b).

Como Max Weber, Arendt também recorreu a Maquiavel para estabelecer as distinções entre a esfera pública e a privada, entre a forte ligação de uns indivíduos com a vida pública e de outros com os interesses privados. Ressalta que o ponto decisivo nessas distinções é se a nossa motivação é clara, para o mundo ou para nós mesmos. Salienta ter sido essa a direção indicada por Maquiavel quando disse: “Eu amo meu país, Florença, mais do que minha salvação eterna.” Isso não significava que ele não acreditava na vida eterna, mas que o mundo representava maior interesse para ele do que seus próprios interesses, suas condições materiais e as questões da alma. Para Maquiavel, pessoas que acreditam que o mundo é mortal, mas eles próprios são imortais não podem estar preocupados com a política (1979: 311). As distinções que a autora estabelece entre a compreensão e a ação, entre atividade da compreensão e a atividade política, possuem também afinidades com as reflexões de Weber sobre o cientista e o político e sobre a vocação política. O autor também, como Arendt, dedicava-se primordialmente à atividade da compreensão, mas não se negava a ter uma participação na vida pública, chegando mesmo a exercer cargos políticos. Em certa medida, os dois autores deixam escapar em seus trabalhos as tensões que vivenciaram entre as duas esferas.

Arendt também manifestava uma descrença em relação aos partidos políticos: “Os partidos são completamente impróprios; lá somos, quase todos nós, nada mais que o eleitorado manipulado” (1972: 200).Para ela, a democracia representativa estava a ponto de perder mesmo sua função meramente representativa para as imensas máquinas que representam não os filiados, mas seus funcionários (cf. 1994: 25). Acreditava na democracia participativa, na força espontânea e renovadora dos movimentos de base. A autora não se refere a um tipo utópico de poder, ou a um tipo ideal, mas procura distinguir situações reais de poder legítimos, quando esse se assenta na opinião de muitos e em ações compartilhadas, de situações reais de violência. Sua obra é uma sugestão para o resgate de uma outra visão de poder, como categoria de análise, tão antiga quanto à concepção do poder como dominação, mas tão esquecida na memória do Estado moderno, identificado com a força.

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