Kafka
Resenha: Kafka. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: cidamae • 17/1/2014 • Resenha • 2.050 Palavras (9 Páginas) • 367 Visualizações
Cada cultura, num tempo, traz em sua linguagem um conjunto de significados e símbolos que procuram traduzir a forma como vêem a realidade ou como se compõe seu conjunto próprio de valores. Alguns verbetes, em especial aqueles que tratam das linhas mestras do caráter de um povo – o que poderíamos chamar de valores éticos -, espelham a leitura da realidade, o como se projetará o entendimento do que é real.
O povo Hebreu entendia sua relação com Deus a partir do entendimento das Alianças. Desta forma a história, que é pano de fundo da Bíblia, se desenrola em elos de alianças que o Senhor vem estabelecendo com Homens durantes as eras e tempos. Deus estabeleceu alianças com Abel, Noé, Abraão, Jacó, Moisés, Josué, Davi e outros. Uma aliança era um pacto entre um Homem, ou um povo e Deus; neste pacto eram definidos, com base em declarações e ritos, direitos e deveres, onde Deus apresentava o que esperava daqueles com quem estava estabelecendo a Aliança e expunha um conjunto de promessas com as quais Ele Se comprometia a cumprir.
Outro elemento imprescindível da cultura e da religião de Israel era sua esperança e expectativa messiânica. Havia, naquele povo do Velho Testamento, uma forte certeza e convicção que Deus cumpriria Sua promessa em enviar à Terra o Messias, aquele que iria redimir o Homem ao seu estado de pleno relacionamento com o Eterno: com Deus.
Em meio a este modelo de Alianças e esperança messiânica, temos a palavra hebraica para verdade: “emunah”. “Emunah”, que é a “verdade”, para os filhos de Israel, traz como significado a capacidade de tornar real uma promessa. Relaciona-se com a idéia de que a verdade é uma promessa que irá se tornar realidade. É uma palavra que conecta o futuro ao presente; traz a certeza presente de que o futuro prometido, por um pacto de Aliança é inexorável. A palavra “emunah” tem a mesma origem da palavra “amém”, que significa “assim seja”.
Com este entendimento é que podemos compreender a preocupação dos escritores do Velho Testamento em descrever certas situações que envolviam promessas e seus respectivos cumprimentos. Por exemplo, Deus em Sua Aliança com Abraão, promete um herdeiro (Isaque, filho da promessa) e uma herança (a terra de Canaã). Embora Abraão tenha andado na terra de Canaã, ele não a possuiu plenamente; a possessão governamental somente se concretizou centenas de anos mais tarde no reinado de Davi, quando Deus pode dizer que sua “emunah” havia se cumprido.
Os gregos empregavam a palavra “aletheia”. A “aletheia”, ou a verdade, é dizer sobre o que de fato está na realidade manifesta, em oposição ao que está oculto, não manifesto e no engano; o verdadeiro é o evidente ou plenamente visível para a razão. Aristóteles, filósofo grego, propondo uma teoria da verdade, disse que a verdade é dizer sobre algo aquilo que de fato ele é, ou dizer aquilo que ele não é. Quando dizemos: a água é translúcida. Estamos falando a verdade, pois estamos dizendo da água aqui que lhe é próprio e podemos verificar experimentalmente tal qualidade.
João, o apóstolo, transcrevendo as palavras de Jesus, escreve: “e conhecereis a aletheia e a aletheia vos libertará”. Mais tarde Jesus diz: “eu sou o caminho, a aletheia e a vida...”. Agora Jesus, o Cristo, não se encerra mais na verdade que se espera como promessa – “emunah” –, Ele transcende este conceito e passa a ser a verdade verificável, Ele é discernível pela razão humana, quer seja pela lógica teológica (o estudo minucioso das Escrituras), quer seja pelos sentidos da alma. Jesus é aletheia de Deus: a verdade presente.
João está demonstrando, a partir da linguagem, que Jesus é o Messias, aquele por quem o povo de Israel e a humanidade aguardavam e que naquele tempo se manifesta corporalmente, portanto, para este escritor, Jesus é a aletheia de Deus.
Por sua vez os romanos falavam o Latim. Verdade em Latim é “veritas” que significa a exatidão entre o relatado e o ocorrido. A “veritas” está na capacidade de alguém em descrever com exatidão, no âmbito exclusivo da linguagem, o que ocorreu. A mentira passa a ser uma descrição errada. A verdade passa a depender exclusivamente da exatidão e precisão com que um relato ou enunciado é apresentado. A “veritas” trata de descrever precisamente o passado.
Quando Lucas, discípulo de Paulo, médico e historiador, faz a introdução do evangelho que leva seu nome, tem a preocupação de buscar a “veritas” entre testemunhas oculares e ministros da palavra, e depois de uma apurada investigação, colocar tudo em ordem e escrito, para que os leitores tivessem plena convicção da verdade. Sabemos que Lucas, assim como Paulo, tinha uma pregação direcionada para uma sociedade cuja cultura era grego-romana.
Tivemos os três grandes entendimentos sobre a verdade: a “emunah”, que trata da verdade prometida em Aliança, principalmente a messiânica. A “aletheia”, que trata da verdade que é, do fato, ou da coisa em si. E a “veritas”, ou o relato do que foi. Assim formou-se a cultura judaico-cristã, dizendo sobre a verdade que se esperava (de Adão até o ano zero), dizendo o que é (do ano zero até 90 d.C.) e dizendo o que foi (do ano 90 d.C. até 1.400 d.C.). Hoje falar sobre a verdade é um pouco mais complicado.
Há algumas teorias sobre a verdade, entretanto vamos ressaltar aquela que diz que “verdade é aquilo que é útil acreditar”.
Outro dia vi um programa que relatava a história de uma reportagem publicada na National Geograph, sobre um fóssil pré-histórico que seria o suposto elo entre os dinossauros e as aves. Há uma profunda expectativa da comunidade científica mundial em provar que os dinossauros não foram extintos, antes, eles “evoluíram” para se tornarem aves, entretanto faltam os tais elos perdidos, aqueles “bichinhos” que seriam parte dino, parte ave.
Em certo momento, no interior da China, alguém encontrou incrustado numa rocha um esqueleto de um animal ainda não catalogado, que presumivelmente seria o tal elo perdido e o enviou à National Geograph. A mais importante revista do gênero contratou os mais renomados cientistas para que estudassem aquele fóssil, a fim de verificar a veracidade do importante achado.
Após meses de investigação e milhares de dólares, a revista, com o respaldo dos cientistas, publicou reportagem de capa sobre a prova de que os dinossauros não desapareceram, antes estão vivos em forma de aves e cujas provas eles as tinham em mãos.
Um dos cientistas, porém, continuou sua investigação, mesmo após a publicação da revista e
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