MUDANÇAS NOS CONCEITOS DE ANSIEDADE
Por: marryvr • 15/12/2019 • Monografia • 52.211 Palavras (209 Páginas) • 178 Visualizações
MUDANÇAS NOS CONCEITOS DE ANSIEDADE NOS SÉCULOS XIX E XX: DA “ANGSTNEUROSE” AO DSM-IV
Milena de Barros Viana
Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Filosofia, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), como requisito para a obtenção do título de Doutor em Filosofia.
Área de Concentração: Filosofia
Orientador: Prof. Dr. Richard Theisen Simanke
São Carlos 2010
Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da Biblioteca Comunitária/UFSCar
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A Ricardo e Thomaz
AGRADECIMENTOS
Em especial, agradeço a orientação prestada pelo Prof. Dr. Richard Theisen Simanke, por sua leitura atenta e cuidadosa deste trabalho e por suas valiosas sugestões.
À Profa. Dra. Fátima Siqueira Caropreso e ao Prof. Dr. José Roberto Barcos Martinez, membros da banca de qualificação que avaliou este trabalho, pelos comentários e críticas que contribuíram para a argumentação apresentada.
Ao meu pai, Prof. Dr. Manoel Osório de Lima Viana, por seu inestimável auxílio na revisão de texto e correção de estilo.
“Durante a primeira metade do século XX, a psicanálise revolucionou nossa compreensão da vida mental. Proporcionou um conjunto surpreendente de novos “insights” sobre os processos inconscientes, o determinismo psíquico, a sexualidade infantil e, talvez o tema mais relevante de todos, a irracionalidade da motivação humana. Em contraste com esses avanços, as conquistas da psicanálise durante a segunda metade do século foram menos impressionantes (...). Este declínio é lamentável, já que a psicanálise continua a representar a visão mais coerente e intelectualmente satisfatória da mente humana. Caso a psicanálise queira recuperar seu poder e influência intelectuais, precisará fazer mais do que responder às críticas hostis. Precisará, também, do envolvimento construtivo por parte daqueles que a valorizam e que privilegiam uma teoria sofisticada e realista da motivação humana.”
(Eric Kandel)
RESUMO. 6
SUMMARY 8
DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS. 10
- CAPÍTULO 1 - Breve histórico do conceito de ansiedade no Ocidente. 15
- O normal e o patológico: concepções qualitativas e quantitativas de doença. 15
- A história da ansiedade: os primeiros relatos. 17
- Ansiedade e neurose. 21
- CAPÍTULO 2 - A neurastenia. 39
- A preparação do terreno. 39
- George Beard e a neurastenia. 43
- CAPÍTULO 3 - As formulações teóricas de Freud acerca da ansiedade. 51
- “Angstneurose”: angústia ou ansiedade?. 51
- Sigmund Freud e a “Angstneurose”: a primeira teoria. 54
- Ansiedade como sinal: a segunda teoria. 70
- CAPÍTULO 4 - Os manuais de diagnóstico em Psiquiatria. 81
- As primeiras classificações. 81
- As novas classificações e a suposta transformação da Psiquiatria. 91
- Donald Klein, o DSM-III e o “transtorno do pânico”. 105
- CAPÍTULO 5 - A Psicanálise e a nova Psiquiatra. 114
- Freud e a Biologia. 114
- O Projeto para uma psicologia científica (1895[1950]/1976). 122
- O Projeto (1895[1950]/1976) e a questão da ansiedade. 144
- As teorias evolucionistas de Freud e a questão da ansiedade. 156
- Darwin e A expressão das emoções no homem e nos animais (1872/2000). 160
- Darwin, Freud e ansiedade: pontos afins. 165
- O que dizer então do Freud evolucionista?. 170
- CAPÍTULO 6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS. 175
REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS. 193
RESUMO
A ansiedade tem sido objeto de interesse do pensamento ocidental há séculos. Entretanto, enquanto quadros patológicos, os chamados “estados ansiosos” apenas adquiriram proeminência na Psiquiatria, a partir dos trabalhos de Sigmund Freud, no final do século XIX. Ao estudar a ansiedade clínica, Freud separou a “Angstneurose” (“neurose de ansiedade” ou “neurose de angústia”) da neurastenia, e a ansiedade crônica, dos ataques de ansiedade. Embora as classificações clínicas propostas pela Psicanálise tenham sido relativamente bem aceitas no meio psiquiátrico até a primeira metade do século XX, nas décadas que se seguiram, alguns fatores contribuíram para reorientar o curso da Psiquiatria, em especial em direção à Biologia; dentre estes se destacam os avanços na área da psicofarmacologia. Com a chamada revolução psicofarmacológica, que tem seu início a partir da década de 60, constata-se o surgimento das abordagens nosográficas “operacionais”, em Psiquiatria, que permanecem até os nossos dias. Surgem, a partir daí, sistemas classificatórios padronizados como o DSM-III (“Diagnostic Statiscal Manual of Mental Disorders”, em sua terceira versão), que irão inaugurar uma nova era de relações entre a Psiquiatria e a Psicopatologia, muito embora os modelos explicativos imanentes a estes sistemas nem sempre se encontrem explícitos. O nascimento do transtorno do pânico enquanto categoria nosográfica está intimamente ligado a esta mudança de perspectiva, tendo em vista que se dá a partir da observação dos efeitos terapêuticos de uma droga, a imipramina, sobre alguns dos sintomas do quadro clínico. Nesse sentido, o objetivo geral do presente trabalho será
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