Metodologia Científica
Artigos Científicos: Metodologia Científica. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Drica13 • 3/12/2014 • 1.753 Palavras (8 Páginas) • 454 Visualizações
Resumo do capítulo 3 – O método científico: Adoção e rejeição de modelos.
Livro: A construção das ciências – Introdução à filosofia e à ética das ciências,
Gérard Fourez.
Teorias, leis, modelos
Podem-se deduzir leis das observações?
Com base em observações, “propõem-se”, ou se “deduzem”, ou se “descobrem” leis científicas. No momento em que se aborda uma situação, tem-se sempre certa ideia da maneira pela qual podemos representá-la: adotamos um “modelo”. Com base nessas ideias, pode-se ver até que ponto “isto funciona”.
Dessa maneira, as leis ou os modelos teóricos se “verificam” utilizando-se os conceitos que lhe são ligados. Em outros termos, verificar uma lei é um processo puramente lógico do que a constatação de que a lei nos satisfaz.
A ciência é subdeterminada
As teorias científicas são subdeterminadas, ou seja, há uma infinidade de teorias possíveis para um número finito de observações (subdeterminação da ciência). Este “teorema” segundo o qual é possível ter um número infinito de teorias para um número finito de proposições empíricas é importante porque relativiza as nossas representações científicas. Ele indica que não se pode dizer jamais que os resultados empíricos nos “obrigam” a ver o mundo de tal ou tal maneira.
A evolução de nossas teorias e modelos científicos
A ciência surge como uma prática que substitui continuamente por outras as representações que se tinha do mundo. As representações aparecem, portanto, mais ou menos válidas de acordo com os projetos humanos nos quais queremos situá-las.
Modelos ligados a projetos
Os nossos modelos partem sempre de uma visão ligada à vida cotidiana, de uma visão espontânea, evidentemente condicionada pela cultura. Liga-se a uma maneira de viver, a uma cultura, a interesses, a uma multiplicidade de projetos. Neste sentido, os sistemas teóricos aparecem como interpretações que organizam a nossa percepção do mundo. São criações do espírito humano, assim como as visões poéticas, artísticas, estéticas etc. Trata-se de construções humanas em que acaba se encontrando o espírito. É por isso que, em um sentido bem significativo, pode-se qualificá-las de visões “poéticas”.
Na medida em que são puramente individuais, essas visões podem se modificar em determinada cultura. Podem ser consideradas como espécies de ferramentas intelectuais. Os modelos, portanto, assim como os objetos, não são subjetivos, mas são instituições sociais ligadas a projetos.
São os nossos modelos necessários ou contingentes?
As representações que nos parecem necessárias parecem assim devido a um longo hábito de nós representarmos certas coisas de determinada maneira, ou porque elas o são de uma maneira absoluta. Dessa forma, para compreender um modelo científico, é preciso apreender como os conceitos foram construídos. É a possibilidade de utilizá-los no interior de uma comunidade científica, que conhece o seu modo de utilização, que lhes dá a sua “objetividade”, isto é, a sua possibilidade de servir como “objeto” nessa comunidade humana.
Verificações, falseamentos
Quando se pensa verificar as leis científicas, a ideia que prevalece é a de que, partindo de uma hipótese ou de um modelo, efetuam-se experiências para ver se essa lei é verdadeira. A primeira dificuldade dessa maneira de ver é que, independentemente do fato de que o termo “verdadeiro” seja mal definido, não se está jamais seguro de que uma experiência suplementar não poderia dar um resultado diferente da experiência anterior. Confrontados com as ambiguidades de toda verificação, os filósofos da ciência modificaram as suas representações dos testes das leis. Diante disso, não se coloca mais a questão de saber se os modelos são “verdadeiros”, mas interessa-se simplesmente por sua eficácia em um âmbito determinado, isto é, na medida em que eles nos prestam o serviço que se espera deles, os modelos são conservados.
A decisão de, em determinado momento, conservar ou rejeitar um modelo, não provém diretamente de critérios abstratos e gerais. Na prática, abandona-se um modelo (ou uma lei, ou uma teoria) por razões complexas que não são jamais inteiramente racionalizáveis. Dessa forma, as práticas científicas não buscam tanto verificar as teorias como falseá-las. Entende-se por isto que, na prática, os cientistas avançam em suas pesquisas procurando determinar os limites dos modelos utilizados; tentam mostrar como os modelos são “falsos”, a fim de poder então substituí-los.
O critério de “falseabilidade”
Segundo o critério da falseabilidade, somente as proposições falseáveis (não automaticamente verdadeiras) seriam “científicas”. Segundo Popper, é impossível encontrar um critério (ou um conjunto de critérios) que permita provar a verdade de uma proposição ou teoria; porém, se não se pode provar que uma proposição é verdadeira, pode-se provar que ela é falsa, sob condição de que se possa testá-la, colocá-la à prova. Se ela satisfizer a essa condição, é uma teoria científica. Pelo contrário, uma teoria que é capaz de tudo interpretar, sem contradição, e que volta a cair sempre sobre os seus pés, não deve ser tomada por uma teoria científica.
Os cientistas rejeitam, portanto, os discursos que funcionariam para tudo. Em outros termos, só se aceitam os discursos que podem “fazer” uma diferença na prática; mais precisamente, só se aceitam os discursos “falseáveis”.
Exemplos de proposições não falseáveis
A proposição “ajo assim porque é do meu interesse agir assim” pode ser compreendida como uma proposição não falseável, na medida em que posso inventar para mim múltiplos interesses que farão com que esses interesses sejam sempre a causa da minha ação. Essas proposições padrões jamais se sujeitam a um teste experimental restrito. No entanto, podem ser extremamente práticas na medida em que fornecem uma maneira de abordar esses fenômenos.
As experiências que decidimos “cruciais”
É uma experiência estruturada em uma teoria determinada, e de tal modo que se considera que, se certos resultados não surgirem, a teoria deve ser abandonada. Exemplificando, basta ver a experiência “crucial” que fazemos com frequência para
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