NIETZSCHE Principais Ideias

Introdução

"Conheço a minha sina. Um dia, meu nome será ligado à lembrança de algo tremendo - de uma crise como jamais houve sobre a Terra, da mais profunda colisão de consciência, de uma decisão conjurada contra tudo o que até então foi acreditado, santificado, querido. Eu não sou um homem, sou dinamite." Friedrich Nietzsche (1844-1900)

A frase dita pelo próprio filósofo ilustra bem sua personalidade, seus pensamentos, e o que ele representou para a filosofia, Nietzsche foi ousado e rebelde e desafiou as normas e valores de seu tempo. Contrariou as bases da cultura ocidental, os sistemas filosóficos, morais e religiosos. Sua obra declara guerra a uma série de paradigmas, como as religiões, principalmente o cristianismo e o budismo, o idealismo, a metafísica, a moral de rebanho, a massificação do ensino, a democracia, conceitos de verdade, bem e mal. Nietzsche é considerado também uma influência para a criação psicanálise, - alguns chegam a dizer que sem Nietzsche não haveria Freud - pois muitas de suas obras tratam de fenômenos típicos desse tipo de estudo. Nietzsche é uma das origens da filosofia dos valores e da filosofia da vida. Pode ser considerado um filósofo pós-modernista e pré-existencialista.

Vida e contexto histórico

Friedrich Wilhelm Nietzsche nasceu em 15 de outubro de 1844 em Röcken na Alemanha, momento em que se iniciava a expansão da Revolução Industrial. Filho e neto de protestantes também seguia essa religião. Em 1849, seu pai e seu irmão faleceram, assim se mudou para Naumburg, onde cresceu, em companhia da mãe, duas tias e da avó.

Nietzsche ganhou uma bolsa de estudos e frequentou um internato em Pforta onde começou a entrar em contato com a filosofia. Sob a influência de suas leituras e de alguns professores começou a se distanciar do cristianismo. Em 1864, foi para a Universidade de Bonn para estudar teologia e filosofia, mas abandonou esses estudos para dedicar-se à filologia em Leipzig.

Foi neste momento que Nietzsche conheceu a obra de uma de suas grandes influências: o romântico Schopenhauer (1788-1860) com a leitura de “O Mundo como Vontade e Representação”. Ele se interessou pelo destaque que o autor dava a arte em sua filosofia, principalmente pelo significado metafísico que dava à música e pelo ateísmo que manifestava. Pouco depois, em 1867, prestou o serviço militar que abandonou após um acidente de montaria e entrou em contato com a música do compositor Richard Wagner, de quem se tornou amigo.

Em 1889 foi nomeado professor de Filologia da Universidade da Basiléia na Suiça e foi chamado também para a cadeira de Língua e Literatura Grega. Em 1870, ocorreu a guerra franco-prussiana em que Nietzsche participou servindo o exército como enfermeiro, porém logo adoeceu e voltou a Basiléia para prosseguir seus cursos; doença essa que pode ter sido a origem dos problemas de saúde com os quais vai sofrer até o fim da vida. Em 1872, escreveu sua primeira grande obra: “O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música” que na época foi malfalada pela crítica.

É importante citar que a partir de 1871, com o fim da guerra franco-prussiana, até a eclosão da primeira guerra mundial em 1914 (Nietzsche já havia falecido, ele morre em 1900) a Europa passa pelo período chamado de Belle Époque que marcou uma relativa paz no continente com a ausência de conflitos generalizados; com progressos científicos e democráticos, reformas sociais, expansionismo e o início do ensino de massa, esse é o momento de apogeu da Europa na condição liberal e capitalista.

Em 1878, começa sua forte crítica aos valores com a publicação de “Humano, Demasiado Humano - um Livro para Espíritos Livres”, que marca o afastamento e fim da amizade com Wagner por acreditar que ele estava se curvando ao gosto da burguesia e inclinando-se ao pessimismo e romantismo de Schopenhauer, com cuja obra também rompeu, pois via nesse pessimismo uma manifestação de declínio cultural, fraqueza e negação. Em 1879, estava quase cego, sofria com frequentes crises de enxaqueca e sua voz era quase inaudível; esses problemas de saúde o fizeram abandonar a carreira de professor.

Em 1881, Nietzsche publicou “Aurora - Reflexões sobre Preconceitos Morais” e, no ano seguinte, “A Gaia Ciência”. Foi por volta desse mesmo ano que conheceu Paul Rée e Lou Salomé, os três se tornaram amigos e passaram a viajar e morar juntos em várias cidades da Europa. No entanto, essa amizade foi conturbada por uma série de declarações de amor dos dois homens a Lou Salomé; Nietzsche chegou a lhe pedir em casamento, mas ela recusou.

Em 1883, publicou sua obra-prima “Assim falou Zaratustra - um Livro para Todos e para Ninguém” (partes I e II) e em 1884 e 1885 vieram as duas partes restantes. Ainda em 1883, voltou a Naumburg para morar com a mãe e a irmã, mas logo deixou a cidade, pois estava insatisfeito com a intenção de sua irmã Elisabeth de se casar com Herr Foster (um anti-semita fanático que pretendia formar no Paraguai uma colônia ariana), Nietzsche era contra o anti-semitismo. Voltou à Suiça.

De 1885 a 1888, Nietzsche produziu inúmeras obras: “Para Além do Bem e do Mal - Prelúdio a uma Filosofia do Futuro” em 1886; “Genealogia da Moral - uma Polêmica” em 1887; “O Crepúsculo dos Ídolos - como Filosofar com o Martelo” em 1888; “O Anticristo - Praga contra o Cristianismo” e “Nietzsche contra Wagner” ambos também escritos em 1888, mas publicados apenas em 1895 e “Ecce Homo - como alguém se torna o que se é” também escrito em 1888, mas publicado em 1908. Mais tarde, foram publicadas também suas anotações com o título de “Vontade de Potência” que sofreram adulterações cometidas pela sua própria irmã que organizou a obra.

Em 3 de janeiro de 1889, Nietzsche sofreu um colapso mental e perdeu completamente a razão, foi internado na Basiléia, onde foi diagnosticado com uma "paralisia progressiva" provavelmente de origem sifilítica. Nietzsche passou os últimos 11 anos de vida mergulhado na loucura e, em 25 de Agosto de 1900, faleceu em Weimar.

Vale a pena ressaltar, que durante os últimos anos de sua vida, assim como posteriormente, sua irmã passou a administrar seu legado. Nietzsche foi visto por muito tempo como influenciador do nazismo por conta da edição manipulada e mal-intencionada que sua irmã fez dos escritos deixados por ele. Elisabeth, nacionalista fanática como o marido, adulterou fatos biográficos e opiniões políticas do filósofo e chegou a falsificar algumas cartas, além de publicar biografia e ensaios polêmicos sobre ele.

Desenvolvimento

Friedrich