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O Aladim e a Alquimia

Por:   •  26/5/2020  •  Artigo  •  2.185 Palavras (9 Páginas)  •  169 Visualizações

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Aladim e a Alquimia

“A Iniciação é um processo interior de aperfeiçoamento do homem, tornando-o apto a receber as forças divinas. O homem é a soma de todos os problemas da existência; é a síntese, o enigma dos enigmas, a pedra bruta que deve ser talhada e aperfeiçoada. Esse desenvolvimento deve ocorrer de tal modo que o ser criado se religue ao Criador, através da aproximação da natureza impura com a natureza pura. Por isso, a primeira deve ser trabalhada até ficar quase no mesmo estado da segunda; somente depois haverá uma atração tal, que a Natureza Superior descerá até a inferior, purificando-a em definitivo e deixando-a conforme ela mesma: é a Iluminação do Iniciado.

No centro do seu ser onde está o mais valioso dos tesouros.”

Saint Martin

“Aladim e a lâmpada maravilhosa” é um dos contos mais populares da coletânea “As Mil e Uma Noites”. Sabe-se que a história de Aladim foi acrescentada à coletânea por Antoine Galland, responsável pela tradução que popularizou a obra no Ocidente. A data de origem do conto é incerta, podendo ter sido escrita no século VII d.C., ou bem antes.

Aladim, em árabe, seria a junção das palavras Ala = Deus + Dijin = gênio ou espírito, ou seja, Aladim seria o “gênio de Deus” ou “espírito de Deus”.

No conto, Aladim era filho de um pobre alfaiate. Era um jovem adolescente que se recusa a aprender o ofício do pai. Sua mãe o descreve como um menino muito bom, mas imaturo. Mesmo depois da morte do pai, quando tinha 15 anos, ele não muda. Ou seja, Aladim não se compromete com a realidade da vida cotidiana. Em vez disso, vive buscando meios de “fugir” dela, vivendo no mundo das ideias e possibilidades.

Aqui temos o primeiro aspecto do conto iniciático. Veja a simbologia do pai, que era alfaiate, vestia as pessoas. Como profano, Aladim não se sente bem com vestimentas comuns. Daí sua recusa em aprender a alfaiataria, ou seja, o profano não está contente com o mundo em que vive, sente que há “algo mais”, não quer seguir o caminho do mundo vulgar. E mais: alegoricamente, ele não quer usar as vestimentas do mundo vulgar, anseia mais, e, mesmo que não saiba como, procura esse “algo a mais” a princípio nas ideias e nas possibilidades.

Já para a Alquimia, Aladim representa o primeiro elemento para a composição da pedra filosofal, o sal. Sem o sal, seria impossível se chegar à pedra filosofal. O sal é a matéria-prima, a base para iniciar a grande obra. É um mineral abundante na Terra, mas na Alquimia não é qualquer sal que pode ser utilizado, mas sim um certo tipo de sal, difícil de se encontrar.

O sal procurado não seria totalmente puro, mas teria que ter bem menos impurezas em relação aos demais sais encontrados naturalmente, o que daria bem menos trabalho para purificá-lo. O sal é o “corpo” na Alquimia, daí Aladim, como ser humano, seria esse “corpo”. Aladim, por já ser bom e buscar se volatilizar (buscar algo a mais), é o sal procurado pelo Alquimista.

Com a morte do pai de Aladim, entra em cena um feiticeiro, que se apresenta a ele como tio paterno. O feiticeiro, depois de cativar a mãe e o próprio Aladim com promessas, o leva a um local distante.

Chegando a esse local, veem a terra tremer e se abrir, revelando aí uma rocha com uma argola de bronze no meio. Por orientação do feiticeiro, Aladim remove a pedra e, sob ela, há uma caverna com vários tesouros. O feiticeiro diz que os tesouros serão de Aladim, mas, antes, ele deveria seguir suas ordens e não tocar em nada ali. No fim da caverna, encontraria uma lâmpada, que deveria ser levada para o feiticeiro. Por fim, ele entra na caverna. Lá, se depara com três salões repletos de tesouros. Não toca em nada e vê, finalmente, a lâmpada. Pega-a e guarda. Neste último salão, vê também algumas frutas e decide levá-las, sem perceber que eram pedras preciosas.

Já de volta à entrada da caverna, o feiticeiro tenta ludibriar Aladim, pedindo que ele entregasse antes a lâmpada para depois ajudá-lo a subir. Aladim desconfia e pede o contrário, pois ele trazia mais coisas (as frutas). Em seguida, entregaria a lâmpada ao feiticeiro. Furioso, o feiticeiro recusa a proposta, fecha a caverna e Aladim fica preso, sem água ou comida por três dias.

No conto iniciático, a chegada do feiticeiro representa o homem que busca somente os bens materiais, ou seja, está preso à matéria. É o ego, a parte do homem material, que deseja tudo, e, mesmo que saiba que será destruído pelo que mais almeja, quer mesmo assim, a fim de dominá-lo. O feiticeiro representa o egoísmo, o pecado capital que, sempre na surdina, espreita, e até em relação ao homem esclarecido, tenta derrubá-lo. Deste modo, o feiticeiro ilude Aladim para que faça o que ele mandar a fim de obter o que almeja. Com a recusa, ele abandona Aladim, mas é claro voltará.

O processo seco, na Alquimia, retrata que o despertar causa tanta euforia na matéria-prima, que esta tenta ascender instantaneamente aos céus, mas uma chuva torrencial aparece e a faz cair, e um novo processo, mais lento de ascensão, surge. Este novo processo é chamado “processo úmido”.

Ao encontrar as pedras preciosas e levá-las, Aladim representa o processo seco. Ele não consegue sair da caverna e fica preso. Aqui, se inicia uma nova fase na jornada de Aladim, que seria o processo úmido da Alquimia.

Na Alquimia, ao entrar na caverna, Aladim representa a inclusão da matéria-prima no primeiro Vitriolo (um recipiente hermeticamente fechado). E, aqui, se inicia o processo chamado Nigredo, onde o sal é colocado em um Vitriolo e calcinado. O sal calcinado passa por várias fases. Adiciona-se enxofre no processo, e a mistura se torna uma pedra com crostas negras, daí o nome Nigredo. Nesse processo, o sal, a pedra ou ainda o corpo deve morrer para renascer no próximo processo.

O feiticeiro havia dado a Aladim um anel antes de entrar na caverna, para que tivesse coragem de entrar, dizendo que ele o protegeria. Após três dias na caverna, Aladim pensava que morreria. Então, junta as mãos para orar. Ao fazer isso, esfrega o anel e dali surge um gênio, que diz: “O que deseja? Sou o escravo do anel e cumprirei suas ordens”. E Aladim diz: “Tire-me daqui”. E o gênio do Anel o tira da caverna.

Na jornada do iniciado, ele não estará sozinho. Este que o acompanha pode ser chamado de anjo da guarda, espírito protetor, mentores espirituais, entre outros nomes. Eles estão ali para auxiliar o iniciado, são o “gênio” é alguém que acompanha o iniciado até que não seja mais necessário. E, é claro, ele aparece somente se chamado, como o Aladim que ora.

A ação que faz Aladim sair da caverna é elevar seus pensamentos a Deus e orar. Na Alquimia, isso é dado pela sublimação. A mistura sublima e se eleva, depois se calcifica e cai, nunca chegando ao menor nível de queda em que estava inicialmente, assim como atingira um ponto mais elevado a cada ciclo desse ritmo. O ciclo ocorre até o ponto em que a casca negra que envolve a pedra se torna lisa e brilhante, como um lindo diamante negro. Nesse ponto, a pedra estará na última fase do processo do Nigredo.

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