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O Cinismo como posição subjetiva aética e a práxis da libertação

Por:   •  22/10/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.007 Palavras (5 Páginas)  •  216 Visualizações

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Introdução

O texto “O Cinismo como posição subjetiva aética e a práxis da libertação”, da filosofa Suze Piza, tem por objetivo apresentar a temática do impacto do cinismo na ética e na política atual e aplicar nesse contexto a filosofia da libertação de Enrique Dussel. Para tal ela se utiliza dos conceitos de A Crítica da razão cínica de Peter Sloterdijk e do Cinismo e Falência da Crítica de Vladimir Safatle,

O cinismo representa um mal e é um fenômeno que precisa ser enfrentado, pois corrói as relações humanas; esse e outros males aparecem se infiltrar na sociedade quando os sujeitos abandonam o espaço público-político, ou nem sequer conseguiram construí-lo, para refugiarem-se na segurança dos valores privados, quando os sujeitos lavam as mãos todos os dias e seguem uma onda de descaso, não percebendo mais contra o que resistir. (PIZA, 2016, p. 80)

O cinismo é uma filosofia grega que prescreve a felicidade através do desprezo por comodidades, colocando a vida canina como modelo ideal. Já o termo cinismo se apresenta como um descaso pelas convenções sociais e pela moral vigente. Desse modo, Piza afirma que o cinismo corrói as relações humanas por se refugiarem em valores privados, que nem sempre se apresentam como sendo bons para a sociedade. Gerando, assim, uma onda de descasos com a própria sociedade lavando suas mãos das suas atitudes.

1. A transparência e o cinismo

O cinismo torna-se obstáculo para a ética quando distorce os valores e ideais sociais. Assim como uma emprese só é necessária entanto dá lucro, os valores para um cínico só são importantes enquanto impostam para ele. Não existindo a necessidade de esconder seus interesses, o cínico simplesmente age por sua necessidade. Para tal, Piza diz:

Transparência que se converte em obstáculo, expressão usada por Adorno para descrever o modo de funcionamento das ideologias em nossa sociedade. Aqui parece se aplicar perfeitamente a descrição da racionalidade cínica, pois é como se tudo o que se espera do discurso fosse invertido. Expectativas normativas são destruídas sem nenhum esforço e não é necessário esconder nada. (PIZA, 2016, p. 82)

Desse modo, a transparência do cínico ao afirmar as suas vontades torna-se um obstáculo para a ética. Logo que, o discurso feito pelo mesmo acaba destruindo, mesmo que involuntariamente, os valores contidos no outro discurso considerado, até então, ético. Dificultando, assim, a queda do discurso cínico, já que não se pode acusa-lo de insinceridade. Piza continua dizendo:

Perceber o cinismo como um obstáculo à ética é perceber seu caráter transparente e sua natureza perversa, pois, ao contrário das ideologias que ocultam o outro, que fazem com que o sofrimento do outro fique escondido, não seja percebido, no cinismo, o outro é percebido, epistemologicamente percebido; o cínico só não se relaciona com ele, não se compadece, não se afeta, não entra em diálogo, não se importa. (PIZA, 2016, p. 83)

O cínico não se afeta pelo outro, é empático, não sendo capaz de olhar para a verdadeira necessidade, tornando-se incapaz de agir eticamente. Nesses tempos em que existe falsas consciências, a sociedade acostumou-se a buscar ideologias que nem sempre são eficazes para a ética. Logo que ela “oculta a gênese das relações sociais e exige uma metodologia precisa de desmonte” (p. 84). Devemos tornar o que está oculto em algo transparente, mas não de modo que impeça a crítica, mas como uma forma de mostrar a verdade. “A critica é uma arma contra a ideologia: com a formação crítica podemos lutar contra as ideologias” (p. 84).

Porém, para o filosofo E. Dussel a tarefa de cessar o cinismo ainda não ocorreu por completo. Logo que para Dussel, Sloterdijk utiliza-se de um conceito de cinismo muito “ingênuo”, necessitando de uma melhor categorização e avaliação. Para Dussel, a critica deve permanecer como uma base para tal tarefa, possibilitando uma extensão da racionalidade, que permitira a sociedade melhor compreender o problema do cinismo na ética e na política.

2. A filosofia da libertação como freio a práxis do cinismo

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