O ESTOICISMO E A BUSCA DA SATISFAÇÃO PESSOAL
Por: Gizelly Castro • 15/4/2018 • Resenha • 1.977 Palavras (8 Páginas) • 176 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE PARNAÍBA
CURSO DE PSICOLOGIA
DISCIPLINA: INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
GIZELLY DE CASTRO LOPES
O ESTOICISMO E A BUSCA DA SATISFAÇÃO PESSOAL
PARNAÍBA-PI
2013
O ESTOICISMO E A BUSCA DA SATISFAÇÃO PESSOAL
“Viver em conformidade com a natureza”, esse é objetivo fundamental para a satisfação de acordo com estoicismo, citado por Areal (2009, p.93).
Areal coloca que devemos aflorar nossos instintos humanos e viver conforme eles. Tomando como a mesma base que ele, o mundo animal não existe um bem ou um mal. Eles apenas variam de acordo com o ponto de vista humano. Essa dualidade surgiu com o desenvolvimento da nossa consciência, mas eles não pensam nisso. Não distinguem, apenas vivem ao máximo o que podem viver e o que a sua mente ou o seu grupo dita. Porém isso é inviável, tendo em vista que amadurecemos uma verdadeira noção do que está acontecendo. Não somos inocentes como os animais. Se alguém mata um animal, sabe justamente para o que está fazendo, diferente deles que estão buscando o seu alimento. Isso é apenas um exemplo dos diversos que podemos citar. Mas, para Sêneca (2006, p.36) “isso só pode acontecer, antes de tudo, se a mente for sã e estiver na plena posse de suas faculdades”. Portanto, ter consciência plena e o exercício da mente são as ferramentas essenciais para elevar o homem à satisfação, ou seja, à felicidade.
No entanto, muito buscam a felicidade em festas, no sexo, na bebida, no consumo, e em várias atitudes impulsivas. São atitudes que conhecemos desde pequenos. Estas são desejadas e incentivadas por filmes e próprios companheiros que, de fato, geram prazer, todavia são supérfluas e passageiras. Supérfluas, pois não alimenta a mente com algo produtivo e passageiro, pois é uma emoção frágil e sem suporte. As festas, as piadas e o próprio carnaval, ao qual damos tanta credibilidade, nos trazem emoções temporárias que apagam um desejo no momento, no entanto nada fica, é efêmera. Apenas nos desgasta e nos deixa cada vezes mais vazios. E nos acostumamos com isso. Achamos que isso é normal, mas não é.
Essa “felicidade” parte de uma ideia imposta pela sociedade que, pra ser feliz, você precisa ter acesso e posse às coisas mundanas, no qual nossas vontades anseiam mais do prazer com objetivo de transformar nossos desejos em ação, que na verdade são desejos desnecessários, mas que acreditamos que são importantes.
O prazer seduz e está em todo o lugar, ela está o tempo todo ressoando, como afirma o Sêneca (2006, p.32) “não ressoa de um único lugar, mas de todo canto da terra. Não há um lugar único suspeito por seus insidiosos prazeres, mas todas as cidades”, assim ela está sempre presente, pois ela é da herança do homem.
Então surge o grande braço da sociedade: A mídia. A publicidade exibe um mundo perfeito, apelando para uma qualidade que promoverá mudança na vida. Para isso produz propaganda sedutora para estimular e provocar o interesse do consumidor. À medida que o consumidor compra, leva consigo uma ilusão de se tornar bonito, feliz e aceito pela sociedade. Ela utiliza de propaganda abusiva para manipular o desejo humano através de imagem, texto e som que vincula que a felicidade gira em torno dos produtos que ela pode oferecer e na falsa imagem da satisfação humana. A publicidade não vende o produto, mas sim a imagem do que você será com ele e o que não será sem ele. O problema vem à tona quando o indivíduo realmente acredita nisso, o que desencadeia uma série de compras e desperdícios fúteis em busca de uma suposta satisfação que nunca virá.
Mas será que tenho necessidade de ter tudo que a mídia me oferece? E será que consumido tudo que me dá prazer, me fará um sujeito feliz?
Nossos antepassados viveram por milênios sem as mordomias e apetrechos que temos à nossa disposição, mesmo assim achamos que determinados objetos são essenciais à vida, mas não são. Carro, por exemplo, é facilmente trocado por metrô e ônibus, atitude esta inclusive usual da classe alta nos países europeus, mas são eles um dos componentes da demonstração de status. Manter um status social elevado é a ideia de felicidade para muitos, e para isso se deve comprar e crescer cada vez mais.
A verdade é que hoje temos milhares de pessoas trabalhando e se esforçando loucamente para construir impérios onde um ou alguns serão donos. Enquanto muitos trabalham arduamente, deixando de lado suas famílias e amigos, que são a fonte fundamental na busca da satisfação puro e sadio, outros se isolam em escritórios para mover o moinho do consumo. Os consumidores querem mostrar mais status e comprar mais, os empresários então desejam vender mais e exigem mais de seus funcionários. Um ciclo que gira cada vez mais acelerado em torno do prazer e, com essa gama de informação e desespero por mais trabalho para comprar mais, quase não se sobra tempo para pensar.
Segundo Sêneca (2006, p.42-43), “O prazer é coisa baixa, servil, débil, efêmera que tem domicílio em bordéis e tabernas... já vê o fim, quando começa.” Ou seja, a felicidade não está próxima do prazer. À medida que você se aproxima do prazer se afasta relativamente da felicidade. Logo você não precisa de quase nada pra ser feliz, não precisamos de carro, de roupas de marcas, de vários sapatos, de ir aquela festa, mas nos fazer acreditar que sim. Onde, na verdade, isso parte da propaganda de grandes empresas para que os maiores empresários possam ganhar mais.
Uma vez que viver no prazer é se submeter a risco, é tornar escravo uma ilusão de necessidade, ou seja, nos prendemos a algo que gera uma ilusão de felicidade. Logo quem não é livre, não é feliz. Portanto para ser feliz é preciso ser livre de qualquer amordaças do mundo, das “bitolas” impostas e das nossas fraquezas.
Assim, para encontrar a felicidade em mundo cheio de conflitos, caos, desordem, onde novas doenças surgem como reflexo do estresse e ansiedade, sendo o efeito dessa sociedade contemporânea, torna-se cada vez mais difícil de alcançá-la. Essa linha de pensamento tem origem na Grécia Antiga, logo, percebe-se que eles já estavam cientes do que estava por vir com o passar dos anos.
Mas o que é essa felicidade? E como chegar a ela diante desta realidade caótica? Será que é algo fácil de conquistar?
Ser feliz é ter uma vida satisfeita, longe de preocupações ou frustrações. Justamente a preocupação exacerbada em “evoluir” economicamente por conta das tendências de consumo e imagem de grandeza e, logo em seguida, as frustrações, pelo simples fato da pessoa nunca se dar por satisfeita com conquistas e nunca preencher esse vazio espiritual.
Para tanto, para o estóico, a virtude é o que eleva o homem até a felicidade e fornece subsídio para distanciar do prazer. Não é possível manter os dois, uma vez que são diferentes. Como afirma Sêneca (2006, p.55): “quem mistura prazer com virtude, mesmo que não em partes iguais, enfraquece o vigor que é próprio do bem e submete ao seu jugo a liberdade que é invicta porquanto esta desconhece algo de mais precioso além de si mesma.” Contudo, para ser feliz não é viver sem prazer, porém o prazer deve ser uma conseqüência de uma vida virtuosa.
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