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O Filme “O Contador de Histórias”

Por:   •  8/5/2017  •  Resenha  •  587 Palavras (3 Páginas)  •  4.940 Visualizações

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 O filme “O Contador de Histórias” de Luiz Villaça o qual narra a história do contador de histórias e pedagogo Roberto Carlos Ramos, contém um material rico no que se refere ao conhecimento filosófico. Isso posto, que por intermédio dele tem-se acesso a elementos primorosos que concatenam aos conteúdos propostos em sala de aula a saber, o estudo do que compete Senso Comum e Pensamento Filosófico. Dessa forma, por meio de análise de caso, pode-se observar nas cenas do mesmo exemplares de ambos.

O presente filme já começa conflitando-nos com cenas que despertam em um primeiro contato, a visão própria do senso comum, de nossa sociedade, no que se refere ao prognóstico de vida do personagem principal, vendo-o como mais um marginalizado, na medida em que,  um negro, pobre, em uma instituição de reabilitação, leva-nos a crer que o mesmo seja um infrator e merecedor de habitar atrás daquelas grades, pois não há outra alternativa para aquele jovem, como se ele não tivesse um passado, como se sua atual condição fosse seu decreto de nascimento perpétuo, como se ele nascera para ser aquilo ali e nada mais.

A fala da diretora da “FEBEM”, reflete bem essa visão de senso comum, de que o rapaz não tem jeito, é caso perdido, não vale a pena gastar tempo tentando recuperar algo que está fadado ao fracasso. Alega que a guerra está perdida, a família entrega seu filho porque já perdeu, não há como cuidar de todas as crianças como se fossem deles, pois o sistema age para que permaneça assim. A fala dela mostra essa visão de que Roberto, é apenas mais um Roberto, filho da miséria que só tem o crime como válvula de escape e que isso é normal de se presenciar, já virou situação de conformismo.

 O próprio Roberto estava contaminado pelo senso comum que fazia de si, não conseguia se enxergar de outra forma do que aquela que sua atual realidade lhe vestira. Ele passa a pensar filosoficamente a partir da mediação feita pela pedagoga Marguerit que não aceita que uma criança não possa ser restaurada, que o menino é apenas aquela imagem vista na FEBEM, pelo contrário, ela vê um potencial humano que só precisava dos estímulos certos. A ação de Marguerit diante dele permite essa desconstrução dessa ideia de senso comum que o fazia crer, que pelo fato de ser negro, por exemplo, sempre seria tratado como marginal. Ela fez com ele olhasse para dentro de si e percebesse o quanto havia mudado, que sua cor não dita quem ele é.  Ela desconstrói a visão violenta que a FEBEM e a rua trouxeram para ele, a qual tudo era resolvido a base da agressão, mostra para ele que mais vale a conversa, o amor, o carinho, a gentileza e a persistência.

A medida que o filme passa, nossa visão primária feita, passa por uma reformulação. Passamos a ver como meninos como Roberto possuem um passado, caminhos que culminaram em sua moradia na FEBEM ou sua estadia nas ruas, seus vícios...não há um decreto final na vida de ninguém, a possibilidade de mudança está a postos para todos que a quiserem provar e assim como Roberto, outros Robertos podem mudar sua visão de mundo, sua história, e ajudar a outros tantos Robertos a refletirem sobre sua existência e os impactos de suas ações e das ações dos outros que vivem na mesma sociedade que eles e dessa forma podem vivenciar e promover um novo desenlace, criar novos roteiros para a peça principal chamada vida.

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