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O Fio de Ariadne - O que é escrever e para quê escrever (SARTRE)

Por:   •  28/5/2019  •  Resenha  •  3.163 Palavras (13 Páginas)  •  209 Visualizações

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Qu’est-ce que la littérature?

Literature and Existentialism.

Coletânea de textos do Sartre

Francês não tem o fonema R como no português

Então falando francesamente você fala Sartrre

Chega de pedantismo

 


Aspectos gerais

  1. Principal objetivo de Sartre:
  1. Entendimento do efeito da literatura em quem os percebe
  1. Resposta aos críticos por censurá-lo por supor que literatura pode ser política em vez de relegá-la puramente ao domínio da arte
  1. Usando o termo de escrita engajada para descrever o que faz o escritor que é politicamente ativo, ele começa a falar da arte de escrever
  2. 4 capítulos
  1. O que é escrever
  2. Por que escrever
  3. Para quem se escreve
  4. Situação do escritor em 1947

  1. Distinção prosa e poesia
  1. Prosa é escrita engajada
  1. Usa linguagem deliberadamente
  1. Filosofia existencialista de Sartre: homem é livre
  2. Escrita engajada comunica o ideal de uma sociedade livre
  1. Só à poesia cabe a concepção dos críticos de literatura como objeto (pintura, escultura)
  1. O QUE É ESCREVER?
  1. Arte escrita é diferente das outras
  1. Poesia x Prosa
  1. Poesia: pintura, música
  1. Obra de arte é objeto
  1. Sujeito: ponto de vista, interpretação de quem observa
  1. Fora da linguagem
  1. Recusa a usar a linguagem
  1. Ele manipula a linguagem
  2. Desassocia palavras e estrutura linguística como expressão de mudança da sua economia interna do mundo (?)

 

  1. Prosa: escrita; ligada ao contexto social, político e histórico do escritor
  1. É mais significador do que um objeto
  2. Utilitária
  1. Quem fala interpola, persuade, insinua
  2. Reconhece o peso da natureza das palavras
  3. Trabalha deliberadamente com o framework da linguagem com sua vontade
  1. O valor da prosa
  1. Sem purismo estético
  2. Estilo determina o valor da prosa, mas beleza não é o  intento principal
  1. É erro destacar a literatura do autor
  2. Acusa críticos de apenas apreciar autores depois que morrem
  1. Supõem que removidos da história, o seu trabalho pode ser consumido sem ser considerado engajado ou inerentemente político  ou filosófico
  1. Nossos grandes escritores quiseram destruir, edificar, demonstrar
  1. Propósito subjacente
  1. Comunicar significado
  2. Grandes prosas se ligam à economia externa do escritor
  1. POR QUE ESCREVER?
  1. Prosa serve para comunicar ideias
  1. Apelo do indivíduo de se sentir essencial no mundo
  1. O escritor de presa revela e encobre sua experiência do mundo aos outros
  1. Contrasta com poeta que performa atos de perceber em vez de encobrir
  1. Arte da escrita liga-se à liberdade
  1. Se ventura nos reinos da política e democracia.
  1. O poeta se livra sozinho pela desassociação, o prasador cumpre um dever de utilizar a linguagem para conceber uma sociedade livre

 

O que é escrever?

 

A writer writes to a great extent to be read (as for those who say they don’t, let us admire them but not believe them)

Albert Camus

  • Sartre: significado não é fixo.
  • Humanos dão significado pro mundo
  • Não fazemos o mundo, mas o significamos
  • Construção de sentido via relação com o mundo é um projeto infinito (não tem fim)
  • Ler é igualmente um projeto do tipo - prática criativa infinita
  • A árvore caindo sozinha na floresta só significa algo se alguém ouve
  • Ler qualquer texto só significa algo quando é lido (fora isso é apenas marcas pretas no papel)
  • Escritor escreve para ser lido
  • A árvore cai para ser ouvida
  • Leitor inautêntico lê como se ele fosse um filme em branco de polaroid em que será impresso algo como uma fotografia
  • O leitor autêntico não recebe passivamente a perspectiva do escritor. Lê criativamente
  • Movimento (ler) tão inventivo como a primeira invenção (escrever)
  • Para Sartre a existência precede a essência
  • Primeiro a gente existe e depois criamos nossa essência, quem nós somos
  • Fisicalidade e a estrutura social do mundo agem como se fosse um guia
  • O texto do autor age como um guia para o texto
  • MAS, nós temos a oportunidade, a responsabilidade existencial, de criar e reiventar significado nós mesmos, subjetivamente
  • Sartre encoraja a liberdade do leitor assim como ele endorsa a liberdade do indivíduo no mundo
  • O que foi escrito precede o significado
  • Sartre propõe uma relação dialética entre escritor e leitor
  • Autor tem a liberdade criativa de escrever
  • Leitor tem a liberdade criativa de ler
  • Quanto mais experienciamos a nossa liberdade, mas reconhecemos a liberdade do outro; quanto mais ele demanda de nós, mais nós demandamos dele
  • Quanto mais reconhecemos um ao outro, mais nos reconhecemos existir
  • Escrever é contatar a consciência do outro para se fazer reconhecido como essencial à totalidade do mundo
  • A arte do escritor é me obrigar a criar o que ele encobre, e dessa forma me comprometer. Ambos carregamos responsabilidade pelo universo.
  • Esforço conjunto entre autor-leitor que traz à cena a concretude do trabalho mental
  • Não há arte exceto para os outros e pelos outros (através dos outros).
  • O que é escrito é uma arte criativa incompleta que só se completa quando é lido
  • Autor reconhece a liberdade do leitor de existir e ler/interpretar seu texto; leitor reconhece a liberdade do escritor de escrever
  • Nesse reconhecimento recíproco, autor reconhece que o leitor não é uma tela em branco aguardado a decodificação do texto, mas tem a liberdade de interpretá-lo e, portanto, ler é uma síntese de perceber e criar
  • Similar às teorias do Reader Response que propõe a validade da interpretação do leitor tanto quanto a da intenção do autor [estética da recepção/teoria da recepção]
  • Roland Barthes - a morte do autor; teoria do leitor. Assim como Sartre, tudo a ver com liberdade - o texto não é finalizado porque pode sempre ser lido por outra pessoa e reinterpretado. A unidade do texto se encontra não na origem, mas no destino,
  • Ambos tratam a leitura como um ato livre, criativo derivado da relação dialética entre autor e leitor
  • Do outro lado você tem os Formalistas, que focam na AUTONOMIA do texto. Deixam de lado o papel interpretativo do leitor no criticismo do texto, focando o estudo na forma e estrutura do texto; ciência de objetos literários, enquanto pra sartre literatura é mais prática social e por isso ele pensa em coisas como liberdade, consciência e contexto social.
  • Não podemos entender totalmente a intenção do autor
  • Com certeza não podemos saber porquê Deus fez o mundo assim
  • Logo, ficamos com a oportunidade e responsabilidade de criar significado
  • Sartre concorda com Heidegger que a pessoa autêntica afirma sua liberdade desafiando o jeito que somos guiados a pensar X e ao invés de receber passivamente as marcas da página, o leitor autêntico as reinventa na medida que ele se reinventa em relação ao mundo
  • Liberdade

 

 

Por que escrever?

 

  • Tem a ver com liberdade
  • 2 coisas: não somos determinados e nunca mudamos, pq se olharmos para o que éramos, achamos dicas do que nos tornamos
  • O que é ser livre? O que fazer com nossa liberdade?
  • Qual a justificação para o escrever? [assunto público] Por que alguém escolheria escrever? [motivação pessoal]
  • Como o público-pessoal se relacionam?
  • Os motivos de quem escreve justificam o escrever?
  • Ler, revelar, colaborar
  • Como seres de percepção que somos, somos agentes. Agimos, fazemos coisas.
  • Somos Reveladores
  • Percebemos coisas que existem no mundo em relação com outros
  • Diretores do ser, não produtores
  • Homem é o meio pelo qual as coisas se manifestam
  • Nossa presença no mundo com múltiplas relações. Com cada ato o mundo se revela de um jeito. Mas com nossa certeza de sermos reveladores há também a de sermos inessenciais em relação ao algo revelado. Não somos necessários. O mundo segue sem a gente.
  • Como artistas, começamos a ser percebedores
  • Mundo se revela de certos modos - em relação com outro e como coisas experienciadas de uma forma particular.
  • Como artistas trazemos nosso jeito de ver outros seres humanos criando arte, sabendo que as perspectivas corporificadas nos objetos, as obras de arte, são provisionais, sujeitas à mudança, sempre em estado de suspensão
  • Sartre tá falando da relação do artista com o mundo, e disso emerge a relação do espectador com o objeto criado pelo artista
  • ARTISTA NÃO PODE CRIAR E REVELAR AO MESMO TEMPO
  • O mundo revelado pelo artista vem a ser nas escolhas do artista do que ele revela e do que ele não revela. Tudo provisional. E ainda há o processo de pintar, desenhar, esculpir, escrever.
  • Nada é essencial já que há sempre espaço de mudança, o artista sente-se essencial no processo, o que subverte a experiência do artista como percebedor
  • Percepção: o objeto é dado como essencial e o sujeito que percebe como inessencial
  • Criação: o criador é dado como essencial e o objeto torna-se inessencial
  • Porque como artista produzimos processo de produção, critérios, instintos criativos que vem do fundo do coração e na arte não há nada fora nós mesmos
  • Inventamos as leis que usamos para julgar. Na nossa obra reconhecemos nossa história, nosso amor. O que criamos parece ser objetivo. Estamos muito familiarizados com o processo do qual a obra é efeito
  • O processo continua como descoberta - nós mesmos, nossa inspiração
  • Coisas são descobertas no processo de criação. Coisas não são reveladas a mim na minha poesia, pintura ou estória, as obras vêm de mim mas não para mim
  • Criação do artista vem depois do que já me foi revelado
  • E o leitor/ouvinte/expectador?
  • Escrever é fazer um apelo ao leitor para que ele objetive a experiência que eu percebi e comunico pela linguagem
  • O escritor projeta o que será escrito. O leitor antecipa, prevê, aguarda. Espera confirmar ou negar o que ele previu.
  • Ler é um tanto de hipóteses, sonhos seguidos e despertares, esperanças e decepções
  • Ler é um processo de antecipação de futuros prováveis que colapsam parcialmente e se integram parcialmente na proporção em que se progride, formando o horizonte de movimento do objeto literário
  • Isso não é possível ao escritor. Ler seu próprio trabalho é chegar tarde demais. Sabe o que virá. Não pode ocupar a posição subjetiva do leitor de seu trabalho. Futuro do escritor são páginas em branco, o futuro do leitor são dezenas de páginas com palavras separadas dele até o final.
  • Escritor encontra em todo lugar o seu conhecimento, sua vontade, seus planos, ele mesmo.
  • Escritor não pode escrever para si mesmo - e não o faz
  • E aí, o leitor não pode ser leitor mais de uma vez?
  • Escreve em colaboração com quem lerá
  • QUESTÃO SOBRE MÉTODO
  • Sartre tá nos dando uma história persuasiva
  • Caso seja verdade, seria igualmente convincente em formato argumentativo mais conciso, lógico e abstrato? [assumindo que as proposições esenciais permaneçam]
  • Quando penso que Sartre é convincente, é porque eu me imagino tendo o mesmo tipo de experiência?
  • Ou é diferente de quando eu estou escrevo?
  • Talvez eu nunca articulei dessa forma, mas a partir de Sartre tendo apontado claramente assim, eu posso ver que a minha experiência é igual. É isso que faz o que Sartre diz ser acurado e verdadeiro?
  • Ou será que o que ele tá me informando agora dirige minha imaginação, preenche as lacunas do que ainda não articulei, e me provê um filtro que eu posso agora ver de uma forma particular o que eu e os outros estão fazendo? Eu agora, tendo lido, fui capturado pela interpretação de sartre do processo de escrever e ler.
  • Fui seduzido pelo entendimento de outrem que, bem contado, influencia minhas preferências e predisposições?
  • Tenho outros meios de avaliar minha convicção?
  • PAPEL CONSTITUTIVO DO LEITOR
  • O trabalho da mente ganha concretude no esforço conjunto do autor e leitor. Não há arte exceto para outros e por outros.
  • O objeto literário transcende a linguagem, é realizado através da linguagem, mas nunca é dado na linguagem. É papel do leitor realizá-lo.
  • Literatura articula, em última instância, o inexpressível.
  • Ler é criação dirigida
  • Como criação é algo absolutamente inicial, acontece pela liberdade do leitor, e pelo que é mais puro nessa liberdade
  • questão: o que é “absolutamente inicial”? o que significa? é sartre fazendo proposições sem substância sobre “liberdade”?
  • Assim, o escritor apela à liberdade do leitor para colaborar na produção de seu trabalho
  • Sartre responde uma possível objeção - é o livro como uma ferramenta, podendo ser usado para o que eu quiser?
  • O contrário, o livro não serve à minha liberdade - mas a requer!
  • O papel do leitor não apenas regula, mas constitui a obra de arte
  • Incorporação do juízo estético kantiano: sartre explora a relevância e limites da arte
  • Há “finalidade” (ou finitude?) na obra de arte - ela não tem um final (concorda com kant), mas a razão é que ela é própria um fim.
  • Kant ignorou o apelo ao percebedor para que contribua com o processo criativo
  • Se Sartre está correto, teríamos que concluir que muitos leitores, senão a maioria, hoje, falham em sua responsabilidade
  • Você é perfeitamente livre para deixar o livro em cima da mesa. Mas se você abri-lo, você assume responsabilidade por ele.
  • Se o leitor constitui o trabalho, temos bem menos trabalhos hoje do que deveríamos. Muitos estariam incompletos, inconcretos.
  • LER COMO PRESENTE - GENEROSIDADE
  • Ler é exercício de generosidade. O escritor requer que o leitor aplique não a sua liberdade abstrata, mas o presente de toda sua pessoa, paixão, prepossessões, simpatias, temperamento sexual, escala de valores
  • Proposição extraordinária
  • Quando vejo uma paisagem, sei que não criei, mas sei que sem eu as relações estabelecidas nos meus olhos nas árvores, folhas, terra e grama não existiriam.
  • Olhar dialético - contraparte do escrever e ler
  • Sarte fala das intenções do artista e das conjecturas do leitor, à luz da experiência do leitor.
  • A obra abre um mundo além do imediatamente dado pela obra. Nosso olho vai muito além do borrão vermelho que van gogh traçou.
  • Eco de heidegger em origem da obra de arte
  • Escrever então é encobrir o mundo e oferecer uma tarefa à generosidade do leitor
  • No coração da estética imperativa nós vemos a moral imperativa
  • Sarte estende suas preocupações políticas França pós-guerra, ligando liberdade à democracia.
  • A arte da prosa se liga ao único regime em que prosa tem significado -democracia. Ameaçar um é ameaçar outro. E não é o suficiente defendê-los com a caneta. Chega um dia em que a caneta é obrigada a parar, e o escritor é obrigado a pegar em armas.

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