O MUNDO GLOBALIZADO

FILOSOFIA, COMUNICAÇÃO E ÉTICA

Texto: O mundo globalizado: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda & MARTINS, Maria Helena P. Temas de Filosofia. 3ª. Ed. São Paulo: Moderna, 2005 – Cap. 6

Introdução

As autoras destacam que anteriormente, ao longo da história da humanidade, as sociedades tradicionais mudavam muito lentamente. Na sociedade contemporânea, em contrapartida, as notícias podem se disseminar instantaneamente por todo o globo, pelas infovias1. Vivemos o tempo da globalização2, como se o mundo fosse uma grande aldeia, o que nos permite falar em um mercado mundial que determina a produção, a distribuição e o consumo de bens e em uma cultura da "virtualidade real" que liga todos os pontos do globo, como veremos a seguir.

O que é globalização?

O termo globalização, foi elaborado na década de 1980 para descrever o processo de intensificação da integração econômica e política internacional, período marcado pelo avanço nos sistemas de transporte e de comunicação. Por ser um fenômeno de caráter mundial, muitos autores preferem utilizar o termo mundialização ou grande aldeia. De acordo com o sociólogo, conferencista e professor britânico, Anthony Giddens, “a globalização pode ser definida como a intensificação das relações sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de distância e vice-versa.”

Para o sociólogo catalão Manuel Castells, vivemos em uma sociedade em rede, onde houve uma transformação radical nas últimas décadas, devido o impacto das novas tecnologias eletroeletrônicas que revolucionaram os meios de comunicação de massa, tais como rádio, televisão, jornal, revistas, redes informatizadas como a internet etc. Esses novos meios são responsáveis pela rápida e ampla difusão da informação, ao mesmo tempo que trazem risco de homogeneizar, descaracterizando as culturas tradicionais e diluir as diferenças individuais.

O processo de globalização cultural é marcado pela divulgação da indústria cultural ocidental, principalmente da norte-americana. Onde foi permitido uma rápida conexão entre diferentes lugares do mundo, até mesmo os mais remotos. Com isso, dinamizou a proliferação das tradições e tendências cotidianas dos diferentes lugares, no que ficou conhecido como globalização cultural.

Para melhor compreender esses processos, vamos examinar dois modos complementares pelos quais se produz a globalização.

O primeiro deles é o que o sociólogo Boaventura de Sousa Santos chama de localismo globalizado, que consiste no processo pelo qual determinado fenômeno local é globalizado com sucesso, a exemplo da expansão da língua inglesa como língua mundial, a globalização do fast food americano, entre outros.

O segundo modo, ainda de acordo com o mesmo autor, denominado de globalismo localizado, é a contrapartida e o complemento da anterior, agora visto a partir da ótica das culturas periféricas. É o impacto produzido pelas práticas e pelos imperativos transnacionais decorrentes dos localismos globalizados sobre as condições locais.

Podemos concluir que o fenômeno da globalização é um processo que trouxe transformações positivas e negativas. Positivas, porque nos dias atuais, há uma facilidade de se conhecer outras culturas, seja por meio do turismo, restaurantes, filmes, entre outros. Em contrapartida, o lado negativo, é que a cultura pode ser homogeneizada, isto é, um nivelamento da cultura para atender o mercado mundial. Segundo o sociólogo Renato Ortiz, o processo de homogeneização também pode ser visto sob duas óticas: a otimista e a pessimista. Na visão otimista, o isolamento entre os seres humanos de diversas partes do mundo seria rompido, levando ao reconhecimento mútuo e a comunhão. Na visao pessimista, traria a padronização da cultura e a sociedade apresentaria uma face unidimensional, consumindo os mesmos objetos simbolicos (moda, cinema, literatura, culinaria, musica, etc.) para suprir suas necessidades e seus desejos.