O Pensamento Sistêmico
Por: Arthur Bertoli • 22/11/2022 • Trabalho acadêmico • 1.120 Palavras (5 Páginas) • 94 Visualizações
Capítulo 2: Das partes para o todo
A principal característica do pensamento sistêmico emergiu simultaneamente em várias disciplinas na primeira metade do século, especialmente na década de 20.
A forma biológica é mais do que um shape, mais do que uma configuração estática de componentes num todo. Há um fluxo contínuo de matéria através de um organismo vivo, embora sua forma seja mantida.
Nos séculos XVI e XVII, a visão de mundo medieval, baseada na filosofia aristotélica e na teologia cristã, mudou radicalmente. Galileu Galilei expulsou a qualidade da ciência e René Descartes criou o método do pensamento analítico.
A primeira forte oposição ao paradigma cartesiano mecanicista veio do movimento romântico, no final do século XVIII e no século XIX. Os românticos alemães retornaram à tradição aristotélica concentrando-se na natureza da forma orgânica. O entendimento da forma orgânica também desempenhou um importante papel na filosofia de Immanuel Kant. Ele discutiu a natureza dos organismos vivos, argumentou que os organismos, ao contrário das máquinas, são totalidades autoreprodutoras e auto-organizadoras.
Na segunda metade do século XIX, o pêndulo oscilou de volta para o mecanicismo, quando o recém-aperfeiçoado microscópio levou a muitos avanços notáveis em biologia. As pesquisas em microbiologia foram dominadas por Louis Pasteur, cujas penetrantes introvisões e claras formulações produziram um impacto duradouro em toda a ciência.
Vitalismo: Os triunfos da biologia do século XIX estabeleceram a concepção mecanicista da vida como um firme dogma entre os biólogos. Tanto o vitalismo como o organicismo opõem-se à redução da biologia à física e à química. Ambas as escolas afirmam que, embora as leis da física e da química sejam aplicáveis aos organismos, elas são insuficientes para uma plena compreensão do fenômeno da vida. A idéia vitalista foi revivida recentemente, sob uma forma muito mais sofisticada, por Rupert Sheldrake.
Ross Harrison, um dos primeiros expoentes da escola organísmica, explorou a concepção de organização, que gradualmente viria a substituir a velha noção de função em fisiologia. Desde os primeiros dias da biologia organísmica, essas estruturas multiniveladas foram denominadas hierarquias.
De acordo com a visão sistêmica, as propriedades essenciais de um organismo, são propriedades do todo, que nenhuma das partes possui. Elas surgem das interações e das relações entre as partes. A emergência do pensamento sistêmico representou uma profunda revolução na história do pensamento científico ocidental.
A compreensão de que os sistemas são totalidades integradas que não podem ser entendidas pela análise provocou um choque ainda maior na física do que na biologia. As partículas subatômicas não são "coisas", mas interconexões entre coisas, e estas, por sua vez, são interconexões entre outras coisas, e assim por diante. As moléculas e os átomos consistem em componentes. Durante a década de 20, os físicos quânticos lutaram com a mesma mudança conceitual das partes para o todo que deu origem à escola da biologia organísmica.
Enquanto os biólogos organísmicos encontraram uma totalidade irredutível nos organismos, os físicos quânticos em fenômenos atômicos e os psicólogos da Gestalt na percepção, os ecologistas a encontraram em seus estudos sobre comunidades animais e vegetais. há três tipos de sistemas vivos: Organismos, partes de organismos e comunidades de organismos. Sendo todos eles totalidades integradas cujas propriedades essenciais surgem das interações e da interdependência de suas partes. Nestas últimas décadas, a perspectiva de rede tornou-se cada vez mais fundamental na ecologia. Entender ecossistemas será, em última análise, entender redes.
Capítulo 3: Teorias Sistêmicas
O primeiro critério do pensamento sistêmico, e o mais geral, é a mudança das partes para o todo. Outro critério-chave do pensamento sistêmico é sua capacidade de deslocar a própria atenção de um lado para o outro entre níveis sistêmicos. A ciência sistêmica mostra que os sistemas vivos não podem ser compreendidos por meio da análise. Outra característica chave é a percepção do mundo vivo como uma rede de relações tornou o pensar em termos de redes. No novo pensamento sistêmico, a metáfora do conhecimento como um edifício está sendo substituída pela da rede. Quando essa abordagem é aplicada à ciência como um todo, ela implica o fato de que a física não pode mais ser vista como o nível mais fundamental da ciência. Uma vez que não há fundamentos na rede. O que chamamos de árvore depende de nossas percepções. Depende, como dizemos em ciência, de nossos métodos de observação e de medição. Essa nova abordagem da ciência levanta de imediato uma importante questão. Se tudo está conectado com tudo o mais, como podemos esperar entender alguma coisa? O que torna possível converter a abordagem sistêmica numa ciência é a descoberta de que há conhecimento aproximado. A ciência nunca pode fornecer uma compreensão completa e definitiva. Na ciência, sempre lidamos com descrições limitadas e aproximadas da realidade.
Na ciência sistêmica, toda estrutura é vista como a manifestação de processos subjacentes. O pensamento sistêmico é sempre pensamento processual. A filosofia processual de Whitehead, a concepção de homeostase de Cannon e os trabalhos experimentais sobre metabolismo exerceram uma forte influência sobre Ludwig von Bertalanffy, levando-o a formular uma nova teoria sobre "sistemas abertos"
Ludwig von Bertalanffy é comumente reconhecido como o autor da primeira formulação de um arcabouço teórico abrangente descrevendo os princípios de organização dos sistemas vivos. A tectologia foi a primeira tentativa na história da ciência para chegar a uma formulação sistemática dos princípios de organização que operam em sistemas vivos e não-vivos. A estabilidade e o desenvolvimento de todos os sistemas podem ser entendidos, de acordo com Bogdanov, por meio de dois mecanismos organizacionais básicos: formação e regulação.
Antes da década de 40, os termos ''sistema" e "pensamento sistêmico" tinham sido utilizados por vários cientistas, mas foram as concepções de Bertalanffy de um sistema aberto e de uma teoria geral dos sistemas que estabeleceram o pensamento sistêmico como um movimento científico de primeira grandeza. Diferentemente dos sistemas fechados, que se estabelecem num estado de equilíbrio térmico, os sistemas abertos se mantêm afastados do equilíbrio. Bertalanffy identificou corretamente as características do estado estacionário como sendo aquelas do processo do metabolismo, o que o levou a postular a autoregulação como outra propriedade-chave dos sistemas abertos. A visão de Ludwig von Bertalanffy de uma "ciência geral de totalidade" baseavase na sua observação de que conceitos e princípios sistêmicos podem ser aplicados em muitos diferentes campos de estudo. A teoria geral dos sistemas deveria ser ... um meio importante para controlar e estimular a transferência de princípios de um campo para outro, e não será mais necessário duplicar ou triplicar a descoberta do mesmo princípio em diferentes campos isolados uns dos outros. Bertalanffy não viu a realização dessa visão, no entanto, durante as duas décadas depois de sua morte, uma concepção sistêmica de vida, mente e consciência começou a emergir, transcendendo fronteiras disciplinares e, na verdade, sustentando a promessa de unificar vários campos de estudo que antes eram separados.
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