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O Que é uma vida bem sucedida?

Por:   •  9/5/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.824 Palavras (8 Páginas)  •  544 Visualizações

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

CURSO DE DIREITO

FILOSOFIA

AMANDA CAVALCANTE DE SOUSA GODOY

Fichamento do texto: “O que é uma vida bem sucedida?”, de Luc Ferry apresentada à disciplina de Filosofia do Curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Paraná – Curitiba.

Prof.: Paulo Sergio Guimaraes Pinto.

PUCPR-CURITIBA

2017

FERRY, Luc, 1951 – “O que é uma vida bem sucedida?”: ensaio/Luc Ferry; tradução de Karina Jannini – 3a edição – Rio de Janeiro: DIFEL, 2010.

Nossos devaneios. O êxito, o tédio e a inveja

No texto, Freud tenta explicar nossos sonhos diurnos, esses castelos no ar que construímos para compensar as frustações impostas pela realidade de nossa existência. Esses momentos de “devaneios”, ou seja, ausência de razão visam três dimensões temporais, que são a analise do o presente, o aprofundamento no passado e a reconstrução hábil, a fim de traçar um futuro com maior êxito. Freud, tenta explicar o propósito do seu pensamento, reflete sobre uma fábula, onde um menino órfão é recebido pelo seu novo patrão e acaba fazendo sucesso tornando-se indispensável na empresa. O menino é recebido pelo patrão e pela sua família, casa com a filha do seu patrão e passa a dirigir a empresa, assim volta a adquirir o que tinha na sua infância feliz. Freud observa que os devaneios que ele atribui aos jovens de uma época passada, hoje continuam bastante comuns. Concluindo, assim, uma sensação estranha frequente aos adolescentes dos tempos atuais que se sentem vergonhosos ao confessarem que já se cederam a uma [...] fantasia análoga e talvez idêntica descrita pela historia da fabula do menino órfão. [...]

Isso mostra o modo de explorar uma situação dada no presente para que no futuro se tenha algo parecido com algo feliz e próspero que se teve no passado, esses são chamados “sonhos de possessão” onde parece que “ganhamos na loteria” assim surgem as fantasias de reparação, onde o devaneio supre o que falta em nossa realidade, e [...] ao ideal da sedução onde temos qualidades sublimes, virtudes, sem esquecer a humildade em meio a tantos talentos que nos faz conseguir a admiração de todos. [...] E, tem ainda os sonhos eróticos, tanto no sentido sexual quanto amoroso [...], consequentemente, [...] sendo capaz de uma capacidade imaginativa em matéria de “êxito social”. [...]


O devaneio é uma marca da infantilidade, geralmente são crianças que se utilizam de sua imaginação onde criam mundos fantasiosos e maravilhosos, onde são médicos, doutores, astronautas, enfim, imaginam o que querem ser quando crescerem, [...] conforme enfatiza Freud, em que o contrário da brincadeira não é a seriedade, mas sim a realidade. [...]. Já os devaneios adultos são muito mais egocêntricos e até mesmo um” egotismo”, onde estes se colocam como centro das atenções e são os heróis que não podem ser detidos e conseguem tudo o que querem. Essa necessidade de fantasiar indica, ainda que de modo implícito que não somos felizes no mundo real, sendo assim eternos frustrados.

Todavia, o devaneio pode ser considerado o primeiro estágio da loucura, já que ser louco indica fugir do real, assim o texto diferencia o psicótico do neurótico, o primeiro acha que dois mais dois é cinco, e quem tentar persuadi-lo do contrario só estará o prejudicando, já o neurótico acha que dois mais dois é cinco, mas isso o incomoda, mostrando que  ele ainda se atém a realidade. Então vem a pergunta: “Será que do modo que estamos pensando nas nossas vidas de um modo a obter um êxito fantasioso está nos tornando psicóticos?” [...] “Será que, de tão pressionados a pensar o êxito de nossas vidas de modo fantasioso, estamos às margens da psicose?” [...]

Contudo, vem o conceito de vida boa e vida com êxito, atreladas ao dinheiro e as companhias infelizes, onde Rousseau mostra a infelicidade ao dizer que “o homem está sozinho quando está com outras pessoas e está bem acompanhado quando está sozinho”. [...] “no primeiro caso, pois decididamente empenhados numa competição universal, e, nos próximos, no segundo, pois, ao se recordarem das inevitáveis frustações criadas pela necessidade da concorrência.” [...] Pessoa sensata é aquela que consegue viver se contentando com aquilo que possui, sem luxúrias do êxito social, ignorando o narcisismo, a vontade de um poder ilimitado e a necessidade de um reconhecimento. Porém, [...] ainda é preciso compreender os motivos pelos quais o simples “êxito, o êxito reduzido à performance pura, ao poder pelo poder, independentemente dos objetivos louváveis que numa eventual circunstancia poderiam ser alcançados, torna-se muitas vezes o horizonte ultimo dos nossos pensamentos e das nossas aspirações. [...]

Algumas pessoas, passam grande parte da vida antecipando a infelicidade, preparando-se para a catástrofe, como por exemplo, a perda de um emprego, um acidente, uma doença, a morte de uma pessoa próxima, condicionando-se ao fatalismo. Tais exemplos não eram focos na Antiguidade, porém, o mundo contemporâneo estabeleceu um modelo de vida onde o ideal absoluto é o sucesso, no qual, chega a um ponto imperativo do ser humano de êxito e se não é alcançado seria então designar a culpa a si mesmo. O homem acaba por se auto rotular fracassado. O determinismo ao êxito acaba por deixar de enxergar outros horizontes e nosso devaneio acaba por criar um culto contemporâneo como uma tirania pessoal.  [...] é preciso saber desconfiar dos anacronismos e das ideias preconcebidas: eles correm o grande risco de nos proibir toda compreensão da dimensão talvez excepcional da nossa situação.”[...]

“Vida boa” ou “vida bem-sucedida?”. O eclipse das transcendências ou a condição do homem moderno.

Qualquer tentativa de resposta à questão acerca da vida feliz na contemporaneidade deveria começar pela incorporação do fato irreversível do primado de um pensamento cada vez mais terreno, ou seja, da humanização das respostas fornecidas às renitentes questões sobre a origem e o sentido da própria vida humana. Luc Ferry aponta as três possibilidades que se abrem a partir daí: aprofundar o materialismo, reorganizar o religioso ou [...] “repensar a relação do humanismo moderno com figuras inéditas da transcendência” [...]. No entanto, devido às limitações e contradições internas inerentes ao materialismo e ao modelo religioso, a terceira opção seria a única a oferecer uma concepção de vida feliz que escape da dissolução numa subjetividade radical ou numa objetividade insustentável.

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