OS TRANSGENICOS
Por: JULIANNA DOS SANTOS DE SOUSA • 15/6/2022 • Trabalho acadêmico • 8.631 Palavras (35 Páginas) • 130 Visualizações
RESUMO
Não raro, pensa-se que o processo de transgenia é um bicho de sete cabeças trazido pela modernidade científica, mas pouco se sabe que esse processo é proveniente da própria natureza. Essa pesquisa visa o entendimento e esclarecimento sobre os organismos geneticamente modificados e transgênicos. Cabe ressaltar que todo transgênico é um OGM, porque os mesmos sofreram com uma modificação genética, mas nem todo OGM é um transgênico, porque para ser um transgênico é preciso a implantação, nele, de pelo menos um gene de outra espécie. No trabalho é detalhado o início das técnicas de genética, os tipos de OGM e sua trajetória pelo Brasil, assim como uma discussão socioambiental e política exercida por essa engenharia genética.
Palavras-Chave: Transgenia, transgênicos, organismos geneticamente modificados.
ABSTRACT
Not infrequently, it is thought that the transgenic process is a seven-headed beast brought by scientific modernity, but little is known that this process comes from nature itself. This research aims at understanding and clarifying genetically modified and transgenic organisms. It should be noted that all transgenics are GMOs, because they have undergone a genetic modification, but not all GMOs are transgenics, because in order to be transgenics, at least one gene of another species must be implanted in them. The work details the beginning of genetic techniques, the types of GMOs and their trajectory in Brazil, as well as a socio-environmental and political discussion exercised by this genetic engineering.
Keywords: Transgenics, transgenics, genetically modified organisms.
A “GÊNESIS” DOS TRANSGÊNICOS
[...] E os abençoou dizendo: Tenham muitos filhos; espalhem se por toda terra e a dominem. E tenham poder sobre os peixes do mar, sobre as aves que voam no ar e sobre os animais que se arrastam pelo chão. Para vocês se alimentarem, eu lhes dou todas as plantas que produzem sementes e todas as árvores que dão frutas.[...] Gênesis 1:28,29 (A Bíblia, 2001)
A evolução está presente na natureza desde o princípio dos tempos, com suas diversas teorias, da teologia ao big bang, a verdade universal que as liga é que o ser humano é dotado da capacidade de aprendizado,e faz uso dessa capacidade para se desenvolver e sobreviver. As primeiras civilizações humanas usavam dos saberes empíricos, adquiridos pelo bom senso, para a sobrevivência, com o passar do tempo esses conhecimentos foram tomando formas mais técnicas e possibilitando o que era até então o impossível, possível. Como a capacidade de modificar uma estrutura genética em prol da sua vontade.
O melhoramento genético, ou a seleção de características específicas em plantas e animais que possam ser reproduzidas na prole, é algo tão antigo quanto as primeiras civilizações humanas. As espigas de milho de cor amarela e sabor doce consumidas por nós hoje são bastante diferentes de seu provável ancestral selvagem, o teosinte, da família das gramíneas. A domesticação do milho começou há 6.000 anos no sudeste do México e os Maias pré colombianos já consumiam variedades de milho melhoradas por eles mesmos.( BRANDÃO; FERREIRA. p.44)
Os eventos de mutação são responsáveis pela geração de variabilidade genética nas populações, permitindo a ação da seleção natural que favorece os tipos mais adaptados. A exploração dessa variabilidade, embora de forma empírica, teve início há cerca de dez mil anos, quando se deu a domesticação das primeiras culturas agrícolas.[...] (AZEVEDO; FUNGARO. p.01)
Para se falar de organismos geneticamente modificados é preciso voltar um pouco na história e explicar como eles foram possíveis. A área da ciência que estuda a hereditariedade biológica é conhecida como genética, essa área permite o estudo das transmissões das informações genéticas do objeto. Gregor Johann Mendel, o pai da genética, foi pioneiro nessa área e seus estudos estabeleceram os primeiros padrões da hereditariedade, através do seus experimentos com ervilhas e a proposição de suas leis, segregação independente, em 1865, mesmo antes de se conhecer a estrutura da molécula de DNA.
A ervilha de jardim, Pisum sativum, o material experimental, é o motivo de sucesso de Mendel, uma vez que as pétalas de sua flor se fecham firmemente, impedindo que grãos de pólen entrem ou saiam facilmente, forçando um sistema de autofertilização. Como resultado, linhagens individuais de ervilha são produzidas apresentando pouca ou nenhuma variação genética, de uma geração para a seguinte (2001, apud. ASTRAUSKAS; NAGASHIMA; SACCO; ZAPPA. 2009, p.02).
[...] Em um dos experimentos, Mendel, cruzou plantas altas e baixas, a fim de investigar como sua altura era herdada. Neste cruzamento, observou que se geram plantas híbridas altas e, as baixas são perdidas. Posteriormente, Mendel permitiu a essas plantas híbridas a autofertilização, constatando que esta autofertilização de plantas híbridas geram uma proporção de três altas para uma baixa. Deduziu, então, que estas híbridas levavam um fator genético latente para anã, que foi mascarado pela expressão de outro fator para alta. A qual fator atribuiu os nomes de recessivo e dominante (2001, apud. ASTRAUSKAS; NAGASHIMA; SACCO; ZAPPA. 2009, p.02).
O próximo grande passo na genética é a descoberta da estrutura do ácido desoxirribonucléico, o DNA, uma molécula que fica dentro das células e contém o material genético, conjunto das características, de todo ser vivo, e neles têm os genes, pequenos pedaços do DNA que dão instruções para o funcionamento da célula. Sua descoberta foi feita em 1953 por James Watson e Francis Crick (o artigo Molecular Structure of Nucleic Acids: A Structure for Deoxyribose Nucleic Acid foi publicado no dia 25 de abril de 1953).
A partir desse descobrimento a genética e a biologia molecular sofreram uma grande evolução, o que ocasionou o surgimento da biotecnologia moderna e várias possibilidades, como a manipulação controlada, e intencional, do DNA através de técnicas de engenharia genética. Foram dois geneticistas norte-americanos, Stanley Cohen e Herbert Boyle, que criaram uma técnica, DNA recombinante, que possibilitou o surgimento dos transgênicos, nela os DNA’s isolados da natureza poderiam ser reunidos, por ende conseguiriam transferir um gene de uma espécie para outra.
Foi na década 1980, mais especificamente em 1983, que surgiu o primeiro produto transgênico,o tabaco resistente a antibióticos. Em 1987, os organismos geneticamente
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