Os Mitos de Criação do Universo: estruturas e arquétipos
Por: Wirvelli Win • 19/6/2019 • Trabalho acadêmico • 703 Palavras (3 Páginas) • 413 Visualizações
Os Mitos de Criação do Universo: estruturas e arquétipos
Observa-se que as civilizações antigas produziam um ou mais mitos sobre a criação para responderem questionamentos como:
- Houve um início de tudo?
- O universo surge do nada ou como obra de um ou mais criadores?
- Como surgiu e foi organizado o mundo material?
- Como surgiram os seres vivos?
- Como se estabeleceram os costumes, a moral e a lei dos homens?
Tais mitos sobre a criação, chamados mitos cosmogônicos, uma vez que a cosmogonia define-se como corpo de doutrinas que se ocupa em explicar o princípio do universo, são considerados então como sendo a Física dos nossos antepassados. Essas histórias são transmitidas de geração em geração através da tradição oral e por meio delas os povos reafirmam seus valores morais, religiosos e éticos.
Uma vez que os mitos cosmogônicos são conduzidos/produzidos a partir dos questionamentos feitos a respeito do início e do criador do universo, variações podem ser observadas: sob a perspectiva monoteísta, por exemplo, o universo tem um início e é obra de um único criador, por outro lado, no politeísmo várias divindades criaram o universo em um determinado instante. No taoísmo defende-se o surgimento espontâneo do universo; o código indiano de Manu, no que lhe concerne, descreve um universo cíclico sem início e sem fim. A seita jainista na Índia e vários outras civilizações defendem a ideia de um universo eterno e sem um criador. Povos como os Maori na Nova Zelândia descrevem miticamente um universo que surge do nada.
À luz do pensamento filosófico, a partir do século V, e sob a influência dos primeiros filósofos gregos, chamados de pré-socráticos, a visão mítica e cosmogônica lentamente evoluiu para uma abordagem científica da realidade dando origem a Cosmologia, a Mecânica e a Física. Possivelmente, estabelecer as conexões entre o primitivismo cosmogônico e a ciência resulta na busca, que ocorre a partir do Renascimento, da melhor representação matemática do ato, da forma e da evolução da criação, paralelamente, filósofos e cientistas, a datar o século XVII, como Descartes, Leibniz, Spinoza, Huygens e Newton sem deixar suas convicções religiosas e sua crença em Deus estariam buscando uma forma de representação racional e lógica das metáforas mitológicas. Em síntese é de grande importância para a história da ciência o estudo dos mitos da criação do universo.
Mediante o exposto, o psicólogo Karl Jung, discípulo de Freud e um dos criadores da psicanálise denominou de arquétipos às imagens mentais que podem remeter às origens da espécie humana, isto ao observar as semelhanças nas metáforas e alegorias dos mitos em civilizações aparentemente desconexas e incomunicáveis. Do mesmo modo às repetições ao longo do tempo e do espaço foram associadas por Jung como uma propriedade do pensamento e da consciência humana que denominou de sincronicidade.
Os Hebreus e a Bíblia
A maior contribuição dada pelos antigos hebreus (atualmente designados também como judeus ou israelitas) foi a Bíblia, mas precisamente a sua parte inicial, o Pentateuco, ou Torá, em hebraico, que é constituida por cinco livros: Gênesis, Exodus, Deuteronômio, Números e Levíticus. Segundo a tradição judaica a Bíblia foi obra de Moisés, que teria recebido as tábuas da Lei diretamente das mão de Deus, na revelação do Monte Sinai.
Por volta do Século II a.C. a tradução da Bíblia para o grego por um conselho de setenta sábios (septuaginta) e, em seguida, para o latim exerceu imensa influência em todas as áreas do pensamento desde a moral, ao direito e à ciência, da civilização ocidental. Pensadores medievais, como Agostinho, Tomás de Aquino, Maimonides, Averrois, dentre muitos outros, procuraram conciliar a Bíblia com a Filosofia platônica e aristotélica criando a escolástica medieval. Isaac Newton, por exemplo, dedicou-se a estudos minuciosos da Bíblia o que certamente influenciou sua obra científica. Desta maneira, a partir do Renascimento, o pensamento bíblico ortodoxo é substituído por uma visão na qual Deus é percebido como um criador que permite as forças da natureza produzir uma lenta, porém irreversível evolução natural, isto é, o homem como protagonista, ou, pelo menos coadjuvante no processo do conhecimento, da criação e evolução da obra divina.
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