Pensadores pré-socráticos
Por: André Albuquerque • 2/1/2016 • Trabalho acadêmico • 4.404 Palavras (18 Páginas) • 257 Visualizações
Trabalho de Filosofia
1. Apresente um texto em que você discorra acerca do pensamento dos seguintes filósofos: Tales, Anaxágoras, Anaxímenes, Anaximandro.
Antes de entrar a fundo no pensamento desses quatro filósofos, é importante dizer que eles são enquadrados no que se chama de “pensadores pré-socráticos”. Dessa forma, são filósofos que se preocupam com a cosmologia e, por isso, buscam o princípio absoluto de tudo o que existe. Essa arché (“a essência do mundo”), de acordo com os pré-socráticos, viria e está antes de tudo, faz surgir e governa todas as coisas. É a origem, mas não como algo que ficou no passado e sim como aquilo que, aqui e agora, dá origem a tudo, perene e permanentemente.
Em outras palavras, esses filósofos queriam uma explicação racional e sistemática das características do universo, que substituísse a antiga cosmogonia, que era a explicação do universo baseada em mitos.
Tales de Mileto (Séc. VII – VI a.C), o primeiro filósofo ocidental de que se tem notícia, considerava a água como a origem de todas as coisas. O que o levou a formar essa opinião, como diz Aristóteles, deve ter sido a percepção de que tudo tem água, como os alimentos e o próprio calor, que são gerados e alimentados por umidade.
A afirmação de que a água é a origem das coisas pode até parecer absurdo. Porém, conforme Nietzsche sabiamente afirma, ela ainda deve ser levada em consideração:
“Em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e, enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisálida (estado latente, prestes a se transformar), está contido o pensamento: “Tudo é Um”. A razão citada em primeiro lugar deixa Tales ainda em comunidade com os religiosos e supersticiosos, a segunda o tira dessa sociedade e o mostra como investigador da natureza, mas, em virtude da terceira, Tales se torna o primeiro filósofo grego.”.
Tales, portanto, esboça uma teoria sobre a origem das coisas, pois ele é o primeiro a dizer isso sem imagens, procurando vê-las em sua totalidade. Ele também é o primeiro a perceber a relação dialética entre o universal x singular, sendo respectivamente a água e as coisas da natureza, da physis.
As outras gerações de filósofos pré-socráticos vão discordar quanto à substância primordial do universo. Entretanto, todos eles vão concordar no que dizia respeito à existência de um “princípio único" para essa natureza primordial.
Anaximandro (Séc. VII – VI a.C) é um desses filósofos. Discípulo e sucessor de Tales de Mileto, Anaximandro acreditava que o princípio de tudo é uma coisa chamada apeiron, que é algo etéreo e infinito, tanto no sentido quantitativo (externa e espacialmente), quanto no sentido qualitativo (internamente). Ele criticava Tales dizendo que se o ar é frio, a água é úmida, e o fogo é quente, e essas coisas são antagônicas entre si, o elemento primordial não poderia ser um dos elementos visíveis, tendo que ser um elemento neutro, que está presente em tudo, porém invisível.
Destarte, Anaximandro não achava apropriado escolher um dos quatro elementos como substrato do mundo, mas algo fora deles. Ao contrário de Tales, ele não atribuía a geração ao elemento em mudança, mas à separação dos contrários por causa do eterno movimento. De acordo com Anaximandro, portanto, o mundo é constituído de contrários, que se auto-excluem o tempo todo.
Anaxímenes (Séc. VI a.C) concordava com seu mestre e companheiro, Anaximandro, quanto ao apeiron e suas características, mas se diferenciava deste por afirmar que o apeiron era o ar, ou pneuma apeiron (ar sem limites). Dessa maneira, as coisas da natureza seriam formadas pelo ar condensado em vários graus. No pensamento de Anaxímenes, “a rarefação e a condensação do ar forma o mundo”: a alma é ar; o fogo é ar rarefeito; a água é um ar mais condensado; mais ainda condensado o ar se transforma em terra e, por fim, em pedra.
Portanto, as diversas coisas que existem, mesmo apresentando qualidades diferentes entre si, reduzem-se a variações quantitativas (mais raro, mais denso) desse único elemento. Para ilustrar sua visão, Anaxímenes mostra que se assoprarmos com os lábios mais apertados, o ar sai frio; já se assoprarmos com a boca aberta, o ar sairá quente.
Anaxágoras (Séc. V a.C), um pouco mais tarde, admite que a vida ocorra por meio de uma transformação permanente, na qual tudo está em tudo, pois em cada coisa há uma partícula de todas as demais. Primeiramente, para explicar a origem da pluralidade das coisas, ele afirma que as substâncias são formadas por partículas inicialmente misturadas numa massa sem fissuras. Haveria um número infinito de elementos que Anaxágoras chamou de “homeomerias”, ou sementes invisíveis, que diferiam entre si nas qualidades. Dessa forma, todas as coisas resultariam da combinação das diferentes homeomerias.
Para explicar a origem do movimento, Anaxágoras atribui-o ao que se chama de “Nous” (espírito, entendimento, inteligência). O Nous seria uma força de natureza imaterial capaz de comandar as coisas, ou seja, a causa motora e ordenadora que promove a separação dos elementos contidos no "magma" original. Pode-se dizer, portanto, de forma resumida, que a inteligência é a causa do movimento. É preciso ressaltar, ainda, que filósofos como Platão e Aristóteles vão posteriormente desenvolver essa formulação de Anaxágoras.
2. Apresente e compare as filosofias de Heráclito e Parmênides.
2.1 As filosofias de Heráclito e Parmênides
Heráclito (Séc. VI – V a.C), assim como Tales e Anaxímenes, é um filósofo pré-socrático. Dentro desse contexto, o seu principal argumento é que tudo está em constante movimento, que nada pode permanecer estático. Nas suas próprias palavras: “Panta rhei” (tudo flui). Para esclarecer, Heráclito exemplifica, dizendo que não podemos descer duas vezes no mesmo rio, porque na segunda vez as águas não serão as mesmas, nem nós mesmos.
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