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Por:   •  26/9/2013  •  782 Palavras (4 Páginas)  •  401 Visualizações

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O que encontramos no Livro I é o inicio de um debate acerca da justiça nela mesma e que vantagens ela traria, com destaque para a contraposição delineada entre a doxa e a sophia, ou seja, o discurso do retórico Trasímaco e o exame de Sócrates em busca da definição de justiça. A hostilidade do retórico atesta o caráter dogmático e impositivo do sofista. Ao fim do livro, tem-se Sócrates afirmando nada saber (cf. A República, Livro I, XXIV, 354 c), no entanto deixando a nítida impressão da prevalência de sua tese. Servindo de gancho ao Livro II, encontra-se a mesma pesquisa, a respeito do valor e da definição da justiça. Mesmo não estando totalmente persuadidos da posição de Sócrates – elogiosa da justiça – os outros interlocutores desejam persistir no exame para defini-la e provar sua superioridade perante a injustiça.

Nesse novo exame, diante da exposição renovada e contundente da tese do sofista feita por Gláucon e Adimanto, Sócrates propõe uma outra estratégia para levá-los a ver a justiça e seu papel com clareza: a organização de uma cidade na qual eles inserirão o homem, para assim perceber o que traz de vantajoso a ele ser justo ou injusto. Após a exposição do elogio à injustiça, feito para nortear justamente sua defesa, tem-se a impressão de que ela é exercida apenas pelas vantagens que pode trazer a quem é tido como justo. Se for assim, aparentar ser justo é mais importante que sê-lo de fato. O justo, ainda que não o pareça, por sê-lo nada recebe em retribuição ou em honras, e ainda pode ter infortúnios e humilhações sem merecê-las.

Diante da pretensa aparência de justiça e da opinião, prejudicial ao caráter dos jovens, Sócrates se vê na obrigação de persuadi-los de que a vida do homem justo e virtuoso é infinitamente mais feliz e bem quista pelos deuses. Nesse horizonte, a cidade ideal organizada por eles a fim de servir como um recorte do homem e de sua vida em sociedade é que vai mostrar as implicações da vida justa ou injusta.

Com efeito, a nova cidade vai sendo construída. Surge a necessidade de guardiões para defendê-la. Examinando esses homens, chega-se à conclusão de que eles devem ser, por natureza, impetuosos com os estrangeiros, mas amáveis com os seus concidadãos; devendo ainda dedicar-se a isso exclusivamente, como exige qualquer arte quando se visa ao máximo de perfeição. Para moldar o caráter deles, devem ser educados desde a infância a serem corajosos, impetuosos e amáveis. Mas antes da ginástica, é importante que se comece pela alma dos futuros guardiões. Discorrendo também sobre essa questão, chegam à seguinte conclusão: deve-se mudar a maneira pela qual os poetas concebem os mitos, de modo que se coloquem os deuses como realmente o são, ou seja, como totalmente bons e sempre idênticos a si, e não como seres por vezes injustos, intrigantes e enganadores dos homens.

Em suma, esse é o teor do Livro II de A República, e quanto a ele há duas observações pertinentes. A primeira é quanto a critica ao sofista feita por Platão, que reduz ao absurdo a tese de Trasímaco, dialogando com ele pela voz de Sócrates. Nesse horizonte, o que chama a atenção além da crítica e da figura do retórico, assim como sua mera opinião - contrastante com a busca da verdade empreendida por Sócrates - é a hostilidade com que intimida os demais, o desejo que tem o primeiro de impor sua tese sem

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