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Primeira Meditação Cartesiana

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Por:   •  24/11/2013  •  1.391 Palavras (6 Páginas)  •  389 Visualizações

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – DFCH

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EPISTEMOLIGIA E FENOMENOLOGIA

ALBERVAN DA SILVA CRUZ

PRIMEIRA MEDITAÇÃO CARTESIANA

ILHÉUS - BA

07/2013

ALBERVAN DA SILVA CRUZ

PRIEMEIRA MEDITAÇÃO CARTESIANA

Trabalho de Pesquisa apresentado ao professor Roberto Sávio Rosa na disciplina de Hermeneutica do Curso de Pós-Graduação em Nível de Especialização Lato Sensu em Epistemologia e Fenomenologia da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC.

ILHÉUS - BA

07/2013

Algumas considerações preliminares são importantes para a compreensão da tarefa a que Descartes se dispôs nas Meditações. Primeiramente, é prudente lembrar o contexto no qual tal projeto está inserido, embora não seja objetivo deste trabalho avaliá-lo ou expô-lo pormenorizadamente. A Filosofia anterior a Descartes (1596-1650), a saber, a filosofia escolástica, teria proposto algumas teses epistemológicas que o filósofo em questão considerou equivocadas. Tais teses e suas implicações são sucintamente sinalizadas no primeiro parágrafo da Primeira das Meditações. Nesse parágrafo é possível extrair a insatisfação com que certa tradição metafísica de inspiração aristotélica, predominante na época, e o desejo de fundamentar a ciência através de juízos e não opiniões ou meras noções resultantes de experiência imediata.

Descartes escreve: [...] de modo que me era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente desde os fundamentos, se quisesse estabelecer algo de firme e de constante nas ciências. (DESCARTES, 1973, p. 93)

Com isso, apresenta-se aqui uma característica importante do seu processo de “meditação”: trata-se de um exame interno da consciência para uma avaliação crítica do conhecimento. Por ciência, ele entende a possibilidade de um conhecimento irrefutável, seguro e indubitável. O projeto epistemológico cartesiano enunciação de que se colocará em dúvida absolutamente tudo o que não for indubitavelmente certo.

Assim, prosseguindo no segundo parágrafo teremos, portanto, a escolha do método, bem como sua estratégia metodológica para colocar em dúvida todo o conhecimento até então existente. Descartes escreve: [...] aplicar-me-ei seriamente e com liberdade em destruir em geral todas as minhas antigas opiniões [...] o menor motivo de dúvida que eu nelas encontrar bastará para me levar a rejeitar todas [...] visto, que a ruína dos alicerces carrega necessariamente consigo todo o resto do edifício, dedicar-me-ei inicialmente aos princípios sobre os quais todas as minhas antigas opiniões estavam apoiadas. (DESCARTES, 1973. p. 93)

No primeiro trecho acima, o filósofo enfatiza que todas as antigas opiniões serão questionadas. Isso implica em compreender que existe uma impossibilidade, para Descartes, de dizer o que é verdadeiro e o que é falso, bem como de extrair as principais características do método escolhido, a saber, a dúvida metódica: ela é voluntária a medida que o filósofo se dedica a realizar tal feito; hiperbólica, enquanto que todas as coisas serão postas em dúvida; e radical por não tolerar "o menor indício de dúvida". Contudo, no segundo trecho, uma importante conseqüência de tal procedimento pode ser notada. Uma vez definido o movimento da tarefa epistemológica cartesiana calcada numa "teoria do conhecimento", o desmoronamento de todo o edifício previamente construído para assentar o conhecimento das coisas do mundo culminará no estabelecimento de um estatuto novo, não apenas crítico do conhecimento, mas ontológico, condicionado pela nova condição lógica estabelecida.

Desse modo, a partir do terceiro parágrafo da Primeira Meditação, a postura voluntária do processo de dúvida seguirá uma ordem. O procedimento crítico estabelecerá uma generalização crescente na ordem das razões de duvidar.

Este movimento será realizado do terceiro ao décimo parágrafo. O projeto epistemológico cartesiano. A primeira razão de duvidar do nosso conhecimento, segundo Descartes, será argumentada pelo aspecto fraudulento dos dados dos sentidos. Ele escreve que tudo o que anteriormente admitiu como certo e verdadeiro o fez pelos sentidos. Ora por intermédio deles, ora apreendido por eles. Todavia, estes se mostraram "falazes" em sua experiência cotidiana e como já fora fixada uma postura radical de que uma vez posto algo em dúvida este seria falso, não serão portanto admitidos os sentidos como fonte de conhecimento. Assim, qualquer experiência empírica é descartada aqui, privilegiando uma posição que denominamos hoje em filosofia como Racionalista. Contudo, o resíduo deixado deste terceiro parágrafo é identificado no parágrafo seguinte. Com o argumento dos erros dos sentidos é problematizada nessa relação perceptual com o mundo exterior, bem como a possibilidade de um critério para estabelecer uma escolha entre a loucura e a sanidade. Descartes comenta a respeito disso: "E como poderia eu negar que estas mãos e este corpo sejam meus? A não ser, talvez, que eu me compare a esses insensatos (...) que constantemente asseguram que são reis quando são muito pobres..." (DESCARTES, 1973, p. 94).

Prosseguindo, no quinto e sexto parágrafo, será argumentada a segunda razão de duvidar do nosso conhecimento com uma reflexão elaborada

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