A CRISE NA UCRÂNIA
Por: Igor Dos Santos • 14/6/2015 • Projeto de pesquisa • 1.534 Palavras (7 Páginas) • 304 Visualizações
Crise na Ucrânia
A decisão de aproximar a Ucrânia da Rússia, ao invés de assinar um acordo com a União Europeia deflagrou um intenso conflito na Ucrânia. Em fevereiro, houve derramamento de sangue e o então presidente Viktor Yanukovych foi destituído.
A população, dividida entre pró-russos e pró-UE, tenta sobreviver a ataques de ambos os lados, com militantes armados e forças do exército. Na Crimeia, um referendo decidiu que a região pertence à Rússia, agravando ainda mais a situação.
Internacionalmente, um abismo está sendo aberto entre a Rússia e potências do Ocidente, com sanções e quebras de acordos de todos os lados. Não há uma clareza sobre quem é o responsável por inflamar a situação, desta vez, mas as reações ao redor do mundo dão o tom de uma crise que pode estar longe de acabar. Veja.
História
Durante quase todo o século 20, a Ucrânia fez parte da União Soviética, até sua independência, em 1991. Desde então, o país passou a olhar em outra direção, do Oriente para o Ocidente, da Rússia para a União Europeia, tendo os exemplos de Polônia, Eslováquia e Hungria – todos os membros da União Europeia – em seu horizonte.
Mas a Ucrânia não completa esse movimento porque duas forças contrárias a paralisam.
De um lado, está a parte ocidental do país, onde vivem as gerações mais jovens e de onde partiu o movimento de aproximação da UE.
Do outro, está a parte oriental e sul, mais próxima da Rússia, onde se fala russo e não ucraniano e prevalece um sentimento de nostalgia dos anos de integração soviética.
Por fim, de cada um dos lados, existem os interesses e pressões de grandes potências mundiais.
Protestos
Tudo começou em novembro de 2013, quando o então presidente, Viktor Yanukovych, decidiu recusar um acordo que aprofundaria os laços do país com a União Europeia (UE) e vinha sendo negociado há três anos. Em troca, o presidente preferiu se aproximar da Rússia.
Na ocasião, o governo ucraniano chegou a admitir que tomou tal decisão sob pressão de Moscou. Segundo Kiev, os russos teriam ameaçado cortar o fornecimento de gás na região e tomar medidas protecionistas contra produtos ucranianos. Devido à decisão, a oposição e parte da população ucraniana foram às ruas.
Os confrontos diminuíram um pouco depois que os manifestantes saíram dos prédios oficiais que estavam ocupando e após o governo garantir que daria anistia a todos. Mas os acampamentos de protesto continuaram pelas ruas de Kiev e a oposição pró-UE continuou a exigir a renúncia do presidente.
No fim de janeiro(2014) , cinco manifestantes morreram após o confronto com a polícia. Foram as primeiras mortes da crise. Em fevereiro(2014), os protestos ficaram mais violentos, com armas de fogo em ambos os lados do conflito, e cerca de 100 pessoas morreram e outras centenas ficaram feridas, incluindo policiais.
Queda do Yanukovych
Um dia após o acordo político que pretendia solucionar a crise na Ucrânia, o presidente Viktor Yanukovich foi deposto ontem pelo Parlamento do país. Eleições antecipadas foram convocadas para o dia 25 de maio. O impeachment foi aprovado horas depois de o presidente ter deixado a capital e de manifestantes terem ocupado o palácio presidencial.
Em entrevista a uma emissora de tevê, concedida pouco antes da decisão do Parlamento, Yanukovich negou que tivesse deixado o cargo e classificou a situação em curso como um golpe de Estado.
No período entre a queda do então presidente e a eleição de um novo, o presidente recém-eleito do Parlamento, o opositor Oleksander Turchynov, assumiu o governo interinamente.
No posto de presidente interino, Turchynov disse que conversaria com a Rússia para melhorar as relações com o país, mas que a integração com a UE viria em primeiro lugar. Em 27 de fevereiro, o Parlamento criou um novo governo pró-UE e anti Rússia.
Neste cenário, a Rússia e os pró-russos defenderam que houve um golpe de Estado na Ucrânia e novos confrontos ocorreram.
Movimentos separatistas
As tensões separatistas se acirraram principalmente na península da Crimeia, com maioria russa. O governo russo chegou a afirmar que houve ameaças aos cidadãos de etnia russa que viviam na península.
Os choques entre manifestantes e a polícia se tornaram constantes e aeroportos e prédios do governo foram invadidos por pró-russos. A essa altura, a Rússia já estava intimamente envolvida nos conflitos e o Parlamento russo aprovou o envio de tropas à Crimeia na tentativa de “normalizar a situação”.
A região aprovou um referendo para debater sua autonomia e elegeu um premiê pró-russo, Sergei Aksyonov, não reconhecido pelo governo central da Ucrânia.
Em 16 de março, um referendo, aprovado por mais de 96% da população, definiu a anexação da Crimeia à Rússia. O resultado, porém, não é reconhecido pelo Ocidente.
Mesmo sem o reconhecimento da Ucrânia, o presidente Vladimir Putin assinou um tratado de adesão com Aksyonov e tropas russas ocuparam a região, além de invadir postos militares na Ucrânia.
A Ucrânia considerou a ação russa como uma declaração de guerra e se preparou para reagir a uma possível invasão russa em todo o seu território.
No leste do país, onde a maioria também é russa, o movimento separatista ganhou força e militantes pró-russos invadiram prédios governamentais. Novas mortes foram registradas. O temor é que uma guerra civil aconteça.
Rússia
Após a adesão da Crimeia ao governo de Moscou, outras regiões do leste da Ucrânia também aderiram ao movimento separatista, por serem de maioria russa. Putin foi à Crimeia no Dia da Vitória, data em que a Rússia comemora a vitória na Segunda Guerra Mundial, e foi aclamado pelo povo.
A Ucrânia depende da Rússia para abastecer-se de gás. Além disso, por seu território, passam dutos que transportam o gás russo para a União Europeia. Em uma reunião em 17 de dezembro de 2013 entre Putin e Yanukovych, a Rússia se comprometeu a comprar o equivalente a R$ 36 bilhões em títulos do Estado ucraniano e a reduzir o preço do gás vendido ao país.
Os esforços do Ocidente
Nos Estados Unidos, no início dos protestos, o foco maior era tentar persuadir Yanukovych a tirar as forças do governo das ruas e a agir com moderação. Segundo relatos, o vice-presidente, Joe Biden, falou com o presidente ucraniano pelo telefone e sugeriu que seria responsabilidade dele acalmar a situação e abordar as "preocupações legítimas" dos manifestantes.
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