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A TEORIA DO BRANQUEAMENTO E SEU IMPACTO SOBRE A SOCIEDADE NEGRA

Por:   •  30/11/2018  •  Artigo  •  1.210 Palavras (5 Páginas)  •  1.321 Visualizações

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A TEORIA DO BRANQUEAMENTO E SEU IMPACTO SOBRE A SOCIEDADE NEGRA

RESUMO: Este artigo observa o fenômeno do branqueamento, tanto no seu aspecto populacional quanto ideológico. Analisa de que maneira a denominada “ideologia do branqueamento” penetrou no meio negro no período pós-abolição. O argumento central é de que esta ideologia apesar de seu caráter racista foi legitimada ou assimilada, cotidianamente, por setores da população negra. Com efeito, a assimilação desta ideologia converteu-se num mecanismo de inserção psicossocial dos negros em um mundo dominado pelos brancos.

Palavras-chave: Negro, racismo, branqueamento, marginalização.

Introdução

Desde o período colonial brasileiro, até os dias atuais, podemos constatar a presença do racismo em relação à população negra. Este racismo se expressa de diversas formas e em variadas esferas, seja na esfera pública ou privada, seja nas relações sociais, econômicas, jurídica, política, afetivas e etc.

O racismo é um mecanismo utilizado para diferenciar povos por suas características físicas e fenotípicas (em princípio), mas também pode fazê-lo por diferenças culturais (costumes e práticas religiosas, por exemplo). Essa diferenciação pretende hierarquizar racialmente esses povos, visando inferiorizar um deles para fins de dominação e colonização (política, cultural, territorial e etc.)

No Brasil, o racismo contra o negro é palpável, atual e cotidiano e ele não se limita até o ano de 1888 (ano da abolição da escravatura através da lei Áurea). Logo, a ocorrência deste fenômeno (que não é apenas brasileiro) construiu e constrói, ainda hoje, uma desigualdade abissal entre brancos e afrodescendentes.

Metodologia

O artigo foi desenvolvido com base na análise de textos, artigos e livros, publicados na área a ser trabalhada. Inicialmente, foi feito o reconhecimento do tema, no qual foram coletadas informações e documentos importantes para o desenvolvimento do projeto. A leitura dos mesmos trouxe uma base teórica essencial para dar continuidade ao problema de pesquisa. A partir dos procedimentos metodológicos descritos, foi formulado o presente artigo.

O processo de Branqueamento do território no Brasil

No final do século XIX, a formação da população brasileira era um dos temas mais debatidos pela elite de intelectuais e políticos brasileiros, uma vez que se viu necessário o “branqueamento” da população brasileira, visto que as teorias raciais clássicas, como o evolucionismo e o darwinismo social, exaltavam a pureza racial e disseminavam a ideia de que a mistura racial provocaria a degeneração da nação. Nesse período, o Brasil caminhava para o “fim” da escravidão, fato que preocupava as elites sobre o futuro do Brasil, pois havia a presença de um grande numero de africanos e afrodescendentes, os quais eles consideravam uma raça inferior.

A teoria do branqueamento surge como uma possível solução para essa problemática, uma vez que essa teoria traz a possibilidade de transformar uma raça inferior em uma raça superior. Porém, os pensadores da época acreditavam que esse feito de enobrecimento só poderia ser alcançado com a predominância numérica de brancos em casamentos interraciais. Essa linha de pensamento justificou uma política de estado que objetivava trazer mão-de-obra branca (europeia) para o Brasil.

Chama a atenção o fato de que a reflexão e o projeto da inteligência brasileira, desde que começou a pensar num possível fim da escravidão, estiveram vinculados à proposta de importar mão-de-obra europeia. Sabemos que num período de menos de 25 anos (de 1890 a 1914) chegaram 2,5 milhões de europeus ao Brasil; quase um milhão deles (987.000) tinha suas viagens de navio financiadas pelo Estado. Um documento, publicado pela Diretoria Geral de Estatística e assinado por Oliveira Vianna (apud ANDREWS, 1997, p. 97; ênfase no original),3 avalia o resultado do censo de 1920 da seguinte maneira: [constata-se] ―uma tendência que está se tornando mais visível e definida: […] (a) progressiva arianização de nossos grupos regionais. Ou seja, o coeficiente da raça branca está se tornando cada vez maior em nossa população. (HOFBAUER, 2011, p.2)

A mão de obra europeia ocupou os trabalhos que eram realizados pelos negros em situação de escravidão, porém de maneira assalariada. Os ex-escravos viram-se obrigados a continuar submissos à escravidão, trabalhando em troca de moradia e alimentação, conseguindo trabalhos com salários precários ou, em casos extremos, até mesmo praticar atos ilegais.

No final do século XIX e início do século XX, houve uma redução significativa da consciência de pertencimento a uma classe ou grupo social, que deveria lutar por direitos e melhores condições de vida. Alimentado pela imprensa que propagava o padrão de beleza europeu e toda a ideia de branquitude como raça superior, às vezes de forma subliminar e, muitas vezes, de forma explícita e direta. Assim, o modelo ideal que era representado pelo ser branco atuou nas mais diversas esferas do comportamento do negro brasileiro, passando por hábitos, tradições, costumes e pela estética. (SANTOS, 2009).

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