ANÁLISE DO CRESCIMENTO ECONÔMICO E GAP REGIONAL NO BRASIL
Tese: ANÁLISE DO CRESCIMENTO ECONÔMICO E GAP REGIONAL NO BRASIL. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Dadu • 26/2/2014 • Tese • 5.328 Palavras (22 Páginas) • 422 Visualizações
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ANÁLISE DO CRESCIMENTO ECONÔMICO E DAS DESIGUALDADES
REGIONAIS NO BRASIL
Júlio César de Oliveira1
RESUMO
Este artigo examina a evolução do crescimento econômico, em termos de
divergência e convergência, das desigualdades regionais da renda per capita no
Brasil, no período entre 1939 e 2006. Inicialmente, analisam-se as teorias do
crescimento econômico divergente e convergente. Posteriormente, investiga-se a
evolução do crescimento da economia brasileira, a partir de diversos estudos
realizados nas últimas décadas, à luz dessas teorias. A análise demonstra que, no
início, predominou a concentração econômica no país, e nas fases atuais,
prevaleceu a dispersão do crescimento.
Palavras-chave: Crescimento econômico, convergência e divergência,
desigualdades regionais, Brasil.
1 INTRODUÇÃO
O crescimento econômico surge de forma concentrada em algumas partes
do território nacional, para depois se difundir a todo o conjunto da economia, de
acordo com Perroux (1977). Nesse sentido, quando se inicia o desenvolvimento
numa certa região, desencadeia-se uma série de forças de atração a quase todos
os tipos de atividades econômicas de outras regiões, ocasionando desigualdades
regionais no interior de um país.
No entanto, os efeitos sobre as demais regiões não são homogêneos,
porque dependem das relações econômicas inter-regionais. Algumas regiões
tendem a ficar estagnadas, diante da concorrência com a região em expansão; em
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outras, no entanto crescem, em virtude do caráter complementar de sua economia
com a região central.
O objetivo desse artigo é analisar a evolução das desigualdades regionais no
processo de crescimento econômico, e traçar algumas conclusões referentes ao
crescimento atual da economia brasileira. Para tanto, são abordadas duas visões
completamente distintas sobre esse tema. A primeira corrente, representada por
Myrdal e Hirschman, associa o crescimento econômico às divergências regionais;
enquanto a segunda, apresentada por Williamson, credita ao desenvolvimento à
convergência das desigualdades regionais.
O trabalho está dividido em três partes. Na primeira seção se estuda as
teorias do crescimento econômico divergente de Myrdal e Hirschmann. Na
segunda, examina-se a teoria do desenvolvimento convergente de Williamson. Na
terceira, e última parte, investiga-se a evolução do crescimento da economia
brasileira, a partir de diversos estudos realizados nas últimas décadas, à luz dessas
teorias.
2 A TEORIA DO CRESCIMENTO ECONÔMICO DIVERGENTE:
DESIGUALDADES REGIONAIS
O objetivo central de Myrdal foi procurar investigar as causas das
desigualdades regionais, bem como sua ampliação entre regiões e países. Ele
concluiu que a origem do surgimento das desigualdades inter-regionais está no
círculo vicioso da pobreza de Nurkse (1957), que descreve um processo de
causação circular acumulativo no qual, caso não haja intervenção governamental,
ocasionará crescentes disparidades.
Na sua visão, o crescimento econômico não converge ao equilíbrio, em
virtude da causação circular. Uma mudança no sistema, em geral, provoca uma
reação na mesma direção da alteração original. Não existem mudanças
compensatórias. Pelo contrário, o sistema irá se afastar cada vez mais da posição
inicial de modo cumulativo descendente ou ascendente. Por exemplo, o fechamento
de uma grande fábrica numa pequena localidade, gera um processo acumulativo
descendente, com conseqüente redução no emprego direto e indireto, na renda,
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nas finanças públicas e na população local que, por sua vez, provocará uma nova
redução da renda e mais emprego. Observa-se que os efeitos de uma causação
acumulativa ascendente seriam exatamente opostos a esses.
Dessa forma, uma vez desencadeado o processo de desenvolvimento numa
dada localidade, economias internas e externas crescentes garantem a
continuidade do crescimento econômico, em detrimento de outras regiões. Em
outros termos, prevalecendo o livre jogo das forças de mercado, haverá um
processo acumulativo descendente na região periférica, e ascendente na região
central, provocando um aumento das desigualdades inter-regionais no país. Os
meios pelos quais o processo acumulativo se desenvolve são os fluxos de
migração, de capital e de bens e serviços. Esses movimentos, originários da região
em expansão, produzem tanto estímulos desfavoráveis
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