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Comparações entre Experiências Internacionais de Transposições de Bacias Hidrográficas e Avaliação do Caso do Rio São Francisco

Por:   •  16/9/2016  •  Relatório de pesquisa  •  17.771 Palavras (72 Páginas)  •  453 Visualizações

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                             Trabalho de Conclusão de Estágio

Comparações entre Experiências Internacionais de Transposições de Bacias Hidrográficas e Avaliação do Caso do Rio São Francisco

Estagiária: Elen Blanco Perez

Orientador: François Molle

Montpellier 2016


Objetivo:

 Realizar um estudo bibliográfico para uma análise multitemática dos casos das grandes obras de transposições de bacias hidrográficas em diversas localidades do mundo e com sistemas de governo diferentes, os países foram: China, Estados Unidos e Espanha. Para em seguida fazer uma análise crítica e comparativa com o caso brasileiro da transposição do Rio São Francisco

  1. Introdução

A água doce é um recurso finito e é imprescindível para a sobrevivência do ser humano e a manutenção dos ecossistemas. Em escala mundial, o que inibe a expansão da agricultura e o povoamento de vastas regiões é a insuficiência de água. Em escala local, os recursos hídricos determinam a localização de certas indústrias, como geração de energia; desde a antiguidade os povos se estabeleciam relações estreitas com os rios e fontes de água doce. Hoje em dia com o aumento da população, industrialização, degradações ambientais, intensificação de atividades agrícolas e outras transformações sociais e econômicas, há um aumento da demanda per capita por utilização da água gerando escassez e concorrência, mesmo em países e regiões onde a água pode parecer abundante, como no Brasil. Como a água se torna mais escassa e de mais difícil acesso, sociedades modernas estabelecem regras para a coordenação da utilização da água e resolução de conflitos entre usuários. Na maioria dos países onde a água é escassa ou acesso a mesma é difícil, sistemas de direitos de uso da água têm evoluído através de normas e práticas usuais. (RAJABU, 2008).

Do ponto de vista humano, as limitações impostas pela água são suprimento insuficiente (desertos, estiagem) ou demasiado (pântano, inundações). Os excessos ou deficiências podem ocorrer em qualquer lugar, por motivos sazonais ou ocasionais. Em parte, foi por causa da absoluta importância da água potável que a alteração na sua ocorrência no tempo e no espaço provocou as primeiras tentativas do homem para modificar o ambiente; o desenvolvimento da agricultura e da sociedade organizada sempre esteve vinculado ao controle da água, especialmente para irrigação. Os casos mais famosos da história que exemplificam isso são as civilizações do antigo Egito e da China, assim como da Índia e da Mesopotâmia, chamam-se “civilizações hidráulicas” já que sua ascensão e subsequente queda estão intimamente relacionadas ao uso e abuso da água.

A intromissão no ciclo hidrológico tem continuado até o presente, com o advento da moderna tecnologia, o grau da interferência aumentou de maneira assustadora; atualmente, são poucos os sistemas de drenagem, no mundo inteiro, que têm caráter inteiramente natural. Embora o controle dos sistemas hidrológicos seja maior nos países desenvolvidos, as modificações inadvertidas dos mesmos sistemas são universais, em geral por se passar a utilizar a terra de outra maneira, além dos benefícios econômicos e sociais, outra razão para o alto grau de interferência humana no ciclo hidrológico é a relativa facilidade com que se consegue realizar modificações de grande porte. É importante ressaltar que a água é um recurso natural e ambiental particular, que sofre uma série de alterações ao longo do seu ciclo não só em seu estado físico, mas como também na sua composição química, gerando alterações positivas e negativas na sua qualidade, possuindo intervalos de recargas variados de forma que, uma gota de água que acaba de sofrer o processo de evaporação pode demorar centenas de anos para ficar disponível para consumo novamente.                

Dentre os maiores exemplos de intromissão humana no ciclo hidrológico podemos citar as transposições de bacias hidrográficas. Transposição entre bacias hidrográficas é a retirada de água de uma bacia hidrográfica para ser usada em outra, esse tipo de intervenção vêm sendo usado desde a Antiguidade e, na atualidade, são cada vez mais frequentes assim como, as disputas entre os habitantes das bacias doadoras e das bacias receptoras, à medida que a água doce passou a ficar mais escassa. No Brasil, pela primeira vez uma transposição de águas tem causado tanta polêmica entre os habitantes dos estados receptores (Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte) e os habitantes dos estado por onde passa o Rio São Francisco (Minas Gerais e Bahia) e dos estados em que ele serve como marco fronteiriço (Pernambuco, Alagoas e Sergipe), o Brasil dispõe de 12% de toda a água doce superficial do planeta, as transposições entre bacias hidrográficas já realizadas - e são diversas – as disputas acontecem entre os governos dos estados não foram objeto de disputa.

Atualegundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 13 países são classificados como 'Em Situação Crítica' em relação a falta de água ou por possuir regiões que enfrentam secas severas e continuas. Cada nação tem buscado utilizar as técnicas mais adequadas para a sua localidade. Entre o leque de opções disponibilizado pela engenharia estão a dessanilização, o uso de aquífero, a produção de equipamentos que proporcionam a economia de água, além, é claro, de campanhas de conscientização da população para um uso mais racional do recurso.

Cada país com sua histórica, forma de governo disponibilidade de recursos utiliza da realização de grandes obras como medida para “corrigir” o abastecimento de água; o mesmo tipo de tecnologia pode ser usada em locais diferentes e dar resultados diferentes, fatores bióticos e abióticos específicos de cada lugar agem de formas diferentes. No caso de uma obra de transposição de bacias acaba sendo uma interferência diferente e trazendo resultados diferentes dependo do lugar e da forma como é feita, os casos de interferências antrópicas nas bacias hidrográficas como obras de transposições são comuns no mundo todo sejam essas feitas em grandes ou pequenas escalas.

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