Crise Da Criméia
Exames: Crise Da Criméia. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Giiuliia • 15/4/2014 • 2.495 Palavras (10 Páginas) • 271 Visualizações
Entenda a Crise da Ucrânia e da Crimeia
A crise atual na Ucrânia nos remete ao período da Guerra Fria, ora por seu legado como ex-república soviética(URSS) ora por ressuscitar um conflito de influência entre Ocidente e Oriente, tanto internamente em seu território dividido, quanto externamente com o desencadeamento da disputa sobre a Crimeia (nome oficial, República Autônoma da Crimeia) entre Moscou (capital da Rússia) e o Ocidente (Kiev e países ocidentais).
Para entendermos a crise da Ucrânia, a situação vigente do país, a crise da Crimeia e, inclusive, o quê esteve em jogo, no domingo passado (16 de março), com a realização do referendo sobre o destino desta república autônoma, localizada junto ao mar Negro é preciso que retomemos o final do ano passado, quando tudo começou.
Mas, antes de tentar sintetizar a crise ucraniana e, a sua conjuntura atual, com o desencadeamento da crise da Crimeia em um único texto torna-se vital uma abordagem breve sobre o país a fim de que possamos entender a sua diversidade étnico-cultural, que é a base do sentimento separatista que baliza a relação da República Autônoma da Crimeia com a Ucrânia.
A crise na Ucrânia teve início, em novembro de 2013, quando o então presidente Viktor Yanukovich (deposto recentemente, em fevereiro) rejeitou assinar o acordo de livre-comércio e associação política com a União Europeia (UE), declarando que buscaria firmar relações com o seu principal aliadocomercial, a Rússia.
A Rússia, em troca, ofereceu ao governo ucraniano um pacote de ajuda financeira avaliado em US$ 15 bilhões e, ainda, a redução do valor do gás importado para o país.
A União Europeia, na verdade, esperava firmar acordos com mais cinco ex-repúblicas soviéticas, a saber: Geórgia, Moldávia, Bielo-Rússia, Armênia e Azerbaijão. No entanto, ela só conseguiu com a Geórgia e a Moldávia, que são pequenos países sem grandes projeções econômicas.
Das quatro que rejeitaram o acordo com o bloco econômico europeu, a Ucrânia é a mais importante, sobretudo, por sua localização estratégica tanto pelo acesso ao Mar Negro e, a partir deste, ao Mar Mediterrâneo quanto à Europa Oriental, como também por seu potencial econômico (tecnologias bélica e aeroespacial de ponta, extração de minério de ferro e produção de aço, principal produto de exportação de Kiev), entre outros.
Para a Federação Russa, motivos não faltam para justificar a sua pressão sobre o governo ucraniano para fechar acordos comerciais com Moscou e abdicar da aproximação com o Ocidente através da União Europeia.
Além de fortes laços históricos e culturais, que os mantêm ligados, herança do período da Guerra Fria e de outros registros, que servem como esteio às relações políticas e comerciais, a Ucrânia firmou um acordo com a Rússia, desde 2010, no qual ela autoriza a presença de forças armadas de Moscou na República Autônoma da Crimeia. A Ucrânia abriga, até hoje, instalações militares e mísseis da antiga URSS. Ademais, é dependente do gás natural e do petróleo da Rússia, além de ser considerada de grande relevância geoestratégica para os russos em razão do escoamento destes combustíveis fósseis através de gasodutos e oleodutos em seu território.
Pois bem, logo após a rejeição ao acordo com a União Europeia, uma onda de manifestações populares, denominada de Euromaidan ("Europraça"), marcou o país na tentativa de fazer o governo ucraniano voltar atrás em sua decisão,exigindo a integração do país à UE.
Mas, como reflexo de sua grande diversidade étnico-cultural, as divergências políticas também se mostraram na população, dividida, quanto apoio às partes desta relação comercial com a União Europeia ou com a Rússia.
Em razão deste seu legado histórico e cultural, marcado, entre outros fatos, com o seu ingresso na URSS (1922) e, depois, com a sua independência após o desmantelamento da União Soviética (1991) e, ainda, no âmbito da Guerra Fria, com a anexação da República Autônoma da Crimeia em seu território (1954), a população ucraniana se mostra dividida, nos levando a perceber que o seu território é assinalado por mais de uma Ucrânia, tal como citaFERNANDES (2014), em seu artigo “Ucrânia: as três dimensões do conflito”:
“Por fim, está sempre presente a diversidade regional, histórica, cultural, religiosa e linguística da Ucrânia, que se traduz em mentalidades e interesses por vezes opostos entre a Ucrânia Ocidental e a Oriental
— para não falar na Crimeia — e que se pode resumir numa fórmula: ‘Há várias Ucrânias’.”
Ou seja, o conflito iniciado após a desistência do governo em associar-se, política e comercialmente, com a União Europeia - sob forte pressão da Federação Russa - foi alimentado pela posição controversa de sua população dividida, concentrando a oposição nas regiões Norte e Oeste do país (inclusive, na capital Kiev), onde se verificam tendências ocidentais(europeia), favoráveis à associação comercial à UE.
Em contrapartida, nas regiões Leste e Sul da Ucrânia, a população é predominantemente russa ou mantém costumes russos, sobretudo, a língua. A população destas regiões demonstrou total apoio à decisão do presidente Viktor Yanukovich. Étnica e culturalmente, cerca de 20% da população ucraniana é de origem russa.
A crise se agravou com a intervenção violenta da polícia nas manifestações populares, com registros de feridos e de prisões de manifestantes. As primeiras vítimas fatais ocorreram em janeiro deste ano, aumentando mais ainda o clima hostil entre as partes (manifestantes x manifestantes e manifestantes x governo).
Em janeiro do ano em curso, as negociações estabelecidas entre a oposição e o governo não tiveram sucesso. Outros fatores contribuíram para o acirramento dos conflitos, como a insatisfação da população com o regime autoritário e corrupto do governo na Ucrânia e, posteriormente, com aintervenção direta da Federação Russa, inclusive, com ameaças de sanções comerciais ao país e a presença de tropas russas em seu território (terrestre e marítimo).
Atendendo as reivindicações dos manifestantes e, ao mesmo tempo, alegando que sua atitude foi uma tentativa para solucionar pacificamente a crise, o Primeiro Ministro da Ucrânia, Mykola Azarov, renunciou ao seu cargo no final do mês de janeiro, mas de nada adiantou, pois os protestos nas ruas continuaram.
O governo ucraniano, então, sancionou novas leis que limitam os protestos populares e reprimiu severamente, com muita violência, os manifestantes, sobretudo, aqueles que tomaram praças e prédios públicos. Armas de
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