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Desenvolvimento e perspectiva novas do brasil

Por:   •  6/3/2017  •  Resenha  •  1.466 Palavras (6 Páginas)  •  581 Visualizações

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Desenvolvimento e perspectivas novas para o Brasil.

O autor Marcio Pochmann no primeiro capítulo (A longeva sociedade agraria no Brasil) do livro “Desenvolvimento e perspectivas novas para o Brasil” expõe os principais aspectos que marcaram a sociedade agraria no Brasil, com duração de 430 anos durante os regimes Colonial e Imperial, além de citar alguns aspectos das transformações da sociedade urbano-industrial entre a Revolução de Trinta e a crise da dívida externa, tais como o aprisionamento da pauta de exportação do Brasil de produtos primários, é citado como exemplo que “ o café representou 72% do total dos produtos exportados entre 1927 e 1929, diferente de 1821 e 1823 que a soma dos produtos como algodão, açúcar e café significavam cerca de 70% do total de exportação”. A consequência desses dados, segundo as análises do Pochmann, na visão da Divisão Internacional do Trabalho os países que apresentavam as condições de exportadores de produtos primários eram os portadores de sociedade agraria extremamente primitivas, onde a maioria da população vivia em condições de pobreza absoluta.

Naqueles países em transição para a sociedade urbano-industrial, a produção e exportação da manufatura se desenvolviam com maior produtividade e possibilitavam a formação de uma nova estratificação. Daí o surgimento das massas trabalhadoras e da nova classe média não proprietária, indicando a complexidade e superioridade da nova sociedade urbano-industrial frente ao agrarismo.

No Brasil, as condições de pais exportador de produtos primários permaneceu conveniente as regiões geográficas, os ciclos econômicos da sociedade agraria passaram pela cana-de-açúcar no nordeste, pelo ouro nas Minas Gerais e pelo café no sudeste (São Paulo e Rio de Janeiro). Uma das limitações da sociedade agrária se expressou pela baixa produtividade do trabalhador ocupado, pois a produtividade se expressa pela relação de produção de bens e serviços por unidades de tempo juntamente com os fatores da produção (maquinas, trabalhadores, matéria-prima, entre outros), desse modo, a produtividade depende da tecnologia que será implantada, dos seus trabalhadores (tanto em qualidade quanto em quantidade), das matérias primas envolvidas, bem como a divisão do trabalho e da organização e gestão da produção.

A evolução da relação entre a produção total por trabalhador ocupado sofreu duas grandes alterações no Brasil, desde o último quarto do século 19. A primeira, a partir de 1930, no período de transição do Brasil da economia primário-exportadora para a sociedade urbano –industrial, o mercado torna-se centro dinâmico de acumulação do capital. A partir dessa passagem, entre 1930 e 1980, os ganhos de produtividade por trabalhador ocupado foram multiplicados por cinco vezes, enquanto no período de 1872 a 1930, a produtividade manteve-se praticamente estagnada. A segunda alteração se processou a partir da crise da dívida externa (1981-1983) com baixo dinamismo de produtividade registrado no país e expressiva oscilação da economia em curtos espaços de tempo.

No segundo capitulo (Rápida e selvagem transição para a sociedade urbano-industrial) o autor retorna a discutir da passagem da sociedade agrária para urbano-industrial, apontando que a mesma representou, em qualquer país, a possibilidade de acesso à condição socioeconômica superior, determinado pelo avanço da industrialização. Tal avanço, “implica construir nova base material necessária à superação de obstáculos, como por exemplo, a fome e a pobreza, que eram marcas inefáveis do primitivismo progresso das sociedades agrárias” (p.45). No caso do Brasil, o autor destaca que o desenvolvimento urbano-industrial não se deu espontaneamente como interpretava o pensamento liberal, mas a partir do compromisso de uma maioria política com a mudança econômica e social, onde Pochmann cita que o maior marco para essa transformação foi a mudança do trabalho escravo para o capitalismo primário-exportador.

Essa maioria política constituída por uma ampla frente ideológica foi gerada em 1930, mas já vinha se constituindo desde o final do século 19, a partir dos fracassos das forças progressistas compostas pelo conservadorismo da República Velha. Nesse mesmo período, outros movimentos se mostraram importantes, em face da capacidade crescente de mobilização social nos centros urbanos do país, tendo destaque, como exemplo, “a emergência do operariado concentrado nas primeiras indústrias, ampliação contida da classe média assalariada nos serviços públicos, o movimento cultural da semana e da arte moderna e as mobilizações militares” (p. 49).

Desde a Revolução de Trinta, as principais transformações no Brasil ocorreram nas cidades, pois que o meio rural sustentou por um período mais longo a tradição de velhas lideranças agrarias. As inovações e reformas se deram no meio urbano, onde a população se mostrou crescente. Pochmann acrescenta, ainda, que no referente às grandes regiões do país, a transição do agrarismo para a sociedade urbano-industrial reforçou a importância relativa do sul-sudeste que liderou o movimento da industrialização nacional.

 Em 1980, “as regiões sul-sudeste responderam por quase 60% do total da população, enquanto que em 1872 representavam menos de 46%. Para o mesmo período de tempo, a região nordeste perdeu 18,1 pontos percentuais em relação à sua participação relativa no total da população nacional” (p.50). No período entre 1930 e 1980, o autor ressalta que a produção nacional multiplicou-se em 18,2 vezes, o que permitiu uma nova estrutura econômica nacional necessária à conformação de sistema avançado de proteção social e trabalhista. Mas em que pese a sua transformação, o Brasil não se mostrou suficiente para apresentar níveis de pobreza, homogeneização de mercado de trabalho e grau de desigualdade social, comparáveis a países com desempenho econômico similar. O ingresso na sociedade urbano-industrial não impediu reproduzir situações próprias da sociedade agrária. Isto é, o expressivo crescimento econômico não levou naturalmente à construção de uma sociedade justa, democrática e socialmente menos desigual” (p. 62). Desse modo, durante cinco décadas de duração da passagem para centro urbano e industrial no Brasil, foi consolidada uma sociedade com os extremamente ricos, a classe média não proprietária e ampla maioria da população na base da pirâmide social.

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