EXPERIENCIAS SÓCIO-ECONOMICAS DOS IRRIGANTES DO PICP
Exames: EXPERIENCIAS SÓCIO-ECONOMICAS DOS IRRIGANTES DO PICP. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: gilzeth • 25/4/2013 • 9.696 Palavras (39 Páginas) • 782 Visualizações
INTRODUÇÃO
Este trabalho é o reflexo de uma preocupação e do desejo de contribuir para a construção dos elos de sustentabilidade dos irrigantes que fazem o Perímetro Irrigado Curu-Pentecoste, que têm na agricultura irrigada seu objeto de interesse e seu principal meio de sobrevivência.
Como sabemos a agricultura brasileira passa por um processo de reestruturação, procurando se adequar ao modelo da globalização, tanto no campo econômico e social como no político. Dentro desse contexto e sabendo-se dos problemas vividos pelas famílias irrigantes do Perímetro irrigado Curu-Pentecoste no período compreendido entre os anos de 1975 – 2005 é que se lança nossa pesquisa, vindo a se estender ao momento atual.
O DNOCS - Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, ao longo de sua existência desenvolveu muitas atividades dentro da área de aproveitamento dos recursos hídricos no semi-árido brasileiro, dentre essas atividades a direção dos Perímetros Públicos de Irrigação, entre eles o Curu-Recuperação, hoje Curu-Pentecoste. Nesse Perímetro foram instalados irrigantes, denominados colonos, os quais receberam treinamentos, tanto na área técnico rural como na social, tendo como meta o crescimento desses indivíduos.
A implantação desse Perímetro Irrigado no Vale do Curu significou a chegada de máquinas, equipamentos para a época os mais modernos, novas instalações, conhecimentos técnicos, determinações, enfim um conjunto de objetos e ações que ao serem implantados, provocaram um rearranjo no território trazendo uma série de mudanças na vida das pessoas que foram atingidas direta ou indiretamente por essas ações. Partindo daí faz-se a seguinte reflexão; após a implantação do novo sistema técnico, qual a contribuição que ele trouxe para a melhoria da qualidade de vida desses indivíduos, dentro do Perímetro Irrigado?
É do nosso conhecimento que os colonos chegaram a ter uma excelente produção e produtividade, chegando a vender sua produção para o mercado externo, tendo lucros financeiros satisfatórios, dizia-se mesmo que ia tudo muito bem. Mas as coisas mudaram, veio o descontentamento com as normas da direção do DNOCS e a partir daí a produção começou a cair e as famílias desestruturam-se voltando a praticar uma agricultura de subsistência, chegando mesmo a sofrerem necessidades financeiras.
Essa pesquisa buscará analisar, identificar o que ocorreu com as relações sociais e econômicas das pessoas diretamente atingidas por esse modelo de ocupação espacial.
Considerando todo o trabalho realizado no Perímetro Irrigado Curu-Pentecoste desde sua criação, até os dias atuais, a trajetória e a problemática vivida por as famílias dos colonos que o fazem, surgiu-se muitas inquietações. Daí a vontade de realizar uma pesquisa com a finalidade de descobrir as causas, as razões que levaram esses indivíduos ao estágio em que se encontram como produtores e como seres sociais.
Esperamos com esse trabalho vir a contribuir com respostas e com possíveis soluções que venham a amenizar os problemas existentes no Perímetro Irrigado Curu-Pentecoste, bem como dos colonos aqui assentados.
Os argumentos acima descritos vêm a justificar a realização deste trabalho acadêmico.
Diante do quadro em se encontram os irrigantes do Perímetro Irrigado Curu-Pentecoste, surge várias indagações, tais como: Considerando-se que esses indivíduos receberam orientações tecnológicas e sociais, sendo o Perímetro detentor dos melhores solos do Vale do Curu, abastecido por dois grandes açudes, a saber: o General Sampaio, localizado no município do mesmo nome e Pereira de Miranda, na cidade de Pentecoste, pergunta-se: o que estava certo ou errado nas orientações recebidas por essas pessoas? Como vencer o desafio de ver essas pessoas virem a desenvolver uma produção organizada, capaz de atender as exigências do mercado e que lhes possibilite uma condição de vida digna extensiva às suas famílias.
Objetivamos analisar criticamente as experiências sócio-econômicas dos irrigantes ou colonos do Perímetro Irrigado Curu-Pentecoste, visto que os mesmos passaram e passam por problemas técnicos e sociais. Mostrar possíveis soluções que venha a mudar ou pelo menos amenizar esse quadro.
De modo específico objetivamos:
. Mostrar que o colono ou irrigante é um ser social e parte integrante da sociedade local.
. Demonstrar que o colono ou irrigante merece e precisa de um trabalho mais voltado para a sua condição de ser social.
. Tornar claro que o colono ou irrigante como parte integrante da nossa sociedade, vem dando a sua contribuição social e econômica em todo o Vale do Curu.
No Perímetro Irrigado Curu-Pentecoste, assim como em outros Perímetros há uma controvérsia na forma como nos dirigirmos aos moradores do local, alguns chamam de colonos outros de irrigantes, ou ainda colono. Então a partir desse impasse procuramos investigar como chamá-los.
Nossas pesquisas nos dizem que o significado etimológico de colono é “membro de uma colônia, povoador, cultivador da terra”. Do latim colonus/colônia – ‘grupo de migrantes’, ‘ possessão’, ‘domínio’ (XVII) (CUNHA, 1982). O mesmo autor (CUNHA, 1982) nos diz também que a partir do sufixo “irrig”, surgem: IRRIG – ação, -ador,-ar,-atório. O mesmo que regar. Mas a palavra irrigante não foi mencionada.
Com base na pesquisa feita, aqui descrita de ora em diante trataremos os moradores do Perímetro Irrigado Curu-Pentecoste, por colonos.
O Perímetro Irrigado Curu-Pentecoste, foi escolhido por ser um dos mais antigos a ser implantado pelo DNOCS, visto no Vale do Curu já haver acontecido intervenção do Estado, nas décadas 1940 e 1950, quando foram implantados os primeiros sistemas de irrigação da região, razão pela qual quando aconteceu uma segunda intervenção do Estado na década de 1970, o Perímetro passou a ser denominado Curu-Recuperação, assim sendo faz-se necessário para melhor entendimento uma análise dos fatos acontecidos entre os anos de 1975 (ano em que foram instalados os 10 primeiros colonos) ao ano de 2005 quando de fato se inicia a nossa pesquisa, não deixando de abordar fatos, acontecimentos dos dias atuais, o que nos leva até o ano de 2010.
Essa pesquisa é baseada na análise de dados obtidos em conversas informais, algumas vezes, outras não, com colonos e suas famílias bem como com outras pessoas
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