Ensaio Sobre A Globalização- Suas Diferentes Faces
Artigos Científicos: Ensaio Sobre A Globalização- Suas Diferentes Faces. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: giuliasegatto • 4/1/2014 • 1.628 Palavras (7 Páginas) • 763 Visualizações
As diferentes faces da globalização
Entende-se por globalização um processo econômico e social que estabelece uma integração entre os países e as pessoas do mundo todo. Logo, através deste processo, as pessoas, os governos e as empresas trocam ideias, realizam transações financeiras e comerciais e espalham aspectos culturais pelos quatro cantos do planeta. Ou pelo menos esta é a definição que nos é dada no colégio. Muitos historiadores afirmam que este processo teve início nos séculos XV e XVI com as Grandes Navegações, época em que o homem europeu entrou em contato com povos de outros continentes, estabelecendo relações comerciais e culturais. Mas, vendo por este ponto, porque não considerar seu inicio por volta de 330 a.C. quando, ao conquistar o litoral asiático, a Síria, a cidade de Tiro e o Egito, Alexandre O Grande criou a cultura helenística que nada mais foi do que a incorporação da cultura macedônia junto as dos locais conquistados, estabelecendo uma troca cultural, cientifica e comercial entre o oriente e o ocidente? Tudo bem que não foi no âmbito mundial necessariamente, mas no âmbito de mundo como ele conhecia e caracterizou certa integração. De qualquer forma o consenso é que o fenômeno da globalização se consolidou no final do século XX, após a queda do socialismo no leste europeu e na União Soviética, impulsionado pelo neoliberalismo e pelo barateamento dos meios de transporte e comunicação dos países do mundo. A partir dai cria-se a fábula da globalização, segundo Milton Santos, que consiste na criação de uma aldeia global que nos faz crer que a difusão instantânea de noticia realmente informa as pessoas, e cria a noção do tempo e espaço contraídos. Certa vez li a seguinte frase: “A internet traz consigo o seguinte paradoxo: aproximar quem está longe e distanciar quem está perto”. Creio que a globalização, que tem a internet como um marco importante para esta ‘união de mundo’, possua um paradoxo semelhante, uma vez que ela abre cada vez mais as portas do desenvolvimento, da interação internacional e das oportunidades para aqueles que inicialmente já as possuíam, e exclui os que melhor fariam uso destes recursos fazendo-os acreditar que estes estão ao seu alcance. A globalização da economia é ainda mais contraditória, pois cria um mercado global, no qual os países desenvolvidos concorrem com países em desenvolvimento e subdesenvolvidos, sendo que os desenvolvidos têm reservas de mercado, tarifas aduaneiras e impostos sobre a importação que tornam a concorrência desastrosa para os países não desenvolvidos. E este é exatamente o ponto que pretendo desenvolver, os diferentes impactos da globalização nos países, estabelecendo uma comparação entre o Norte, desenvolvido, e o Sul, subdesenvolvido.
Começo aqui então a indagação: podem os mecanismos que caracterizam a globalização se aplicar da mesma forma em sociedades tão distintas como nas sociedades do Norte e do Sul? As diferenças nos níveis de institucionalização entre elas acarretam grandes diferenças nos modos de relacionamento entre os indivíduos e as formas políticas e sociais, e, tendo em mente que a globalização funciona segundo mecanismos sociais específicos, esses se atualizam de forma contrastada nos diferentes contextos sociais.
A globalização propõe a abertura dos mercados para a livre concorrência. Livre sim, mas jamais justa. Como esperar que países que começaram a sua industrialização tardiamente, como a maioria do sul, tenha meios de competir de igual para igual com aqueles que estão em alto processo de industrialização há quase dois séculos, como os países do norte? Claramente haveria vencedores e perdedores, o que de fato aconteceu. A tentativa de abertura do mercado nos países da América latina, por exemplo, foi catastrófica. No equador no ano de 2000 o programa de privatizações e diminuição do aparelho estatal gerou uma crise generalizada no país. Ainda no ano 2000, na Bolívia, pressionado pelo banco mundial e pelo FMI o governo privatizou as reservas de agua da região de Cochabamba, fato que iniciou uma serie de movimentos sociais autônomos daqueles que estavam sendo deixados para traz. Em La Paz manifestações pela nacionalização do petróleo e do gás natural, que estavam sendo vendidos por valores mais altos aos próprios bolivianos do que para o resto do mundo, deixaram mais de 70 mortos. Na argentina as privatizações e a abertura da economia levaram a uma quebradeira total no país. Fábricas fecharam, empreendimentos foram abandonados, trabalhadores converteram-se em catadores de papel. O panelaço no final de 2001, que derrubou três presidentes da republica em duas semanas, levou as ruas cidadãos da classe média que da noite do dia, pela desdolarização da economia, tornaram-se os novos pobres do país. Logo, esta abertura econômica beneficiou apenas alguns países do norte que puderam expandir seus mercados, ao custo de quebrar economias nacionais e alastrar o desemprego. Além disso, existe a ilusão por parte dos países subdesenvolvidos de alterar a hierarquia atual da divisão internacional do trabalho, crendo que, como foi estabelecida a livre concorrência, sua produção primária, agrícola e de energia gerariam riqueza pra eles sendo importadas pelo resto do mundo agora que o preço seria justo. Isso de fato acontece, mas não de uma forma beneficiaria para estes países. Parte desta produção é apropriada por multinacionais e, mesmo a parte explorada pelo pais no fim das contas não acrescentara grande riqueza a ele, uma vez que estes são produtos com pouco ou nenhum valor agregado, e os com muito valor agregado eles viram a importar. Então, suas hierarquias econômicas não chegam a mudar radicalmente.
Existe também o lado ambiental, que acaba por se tornar econômico. Os aquecimentos do planeta, impondo coordenações verdadeiramente globalizadas, ou as pandemias que causam o mesmo efeito, tendem a reforçar as desigualdades entre os países do Norte e do Sul. Além do mais, se os países do Sul são provavelmente menos preparados do que os do Norte para enfrentar esses desafios emergentes, acabam obrigados a investir em politicas eficazes para combater as ameaças, provocando importantes gastos e grandes investimentos de proteção que seriam necessários já que
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