Formação Espacial Brasileira: Uma Contribuição à Geografia do Brasil
Por: gotinhageo • 19/1/2017 • Resenha • 843 Palavras (4 Páginas) • 1.973 Visualizações
RESENHA: Formação espacial brasileira: uma contribuição à Geografia do Brasil.
Ruy Moreira
Em A Formação Espacial Brasileira, Ruy Moreira divide a evolução industrial brasileira em três fases distintas: de 1880 a 1950 uma fase que o mesmo cita Francisco de Oliveira e sua caracterização do espaço à época como fase das economias regionais nacionalmente organizadas. Este período teve como base a abdicação do trabalho escravo, a instituição do estado republicano e a divisão territorial internacional do trabalho que pautada na acumulação primitiva européia apresenta uma organização dispersa e indiferenciada.
Neste momento o Brasil ainda era considerado em sua forma rural com forte vinculo locacional em função das matérias primas, e novamente mostra uma distribuição industrial dispersa e indiferente. Contudo, faz-se necessária a reorganização do espaço brasileiro para um espaço mais urbano-industrial.
A partir daí, com a abertura da economia nacional, faz-se necessária uma divisão interna do trabalho, associando agropecuária exportadora com lavoura de fruticultura, com industria e serviços urbanos. Esse incremento industrial adentra numa nova fase da evolução industrial brasileira pós anos 1950 tambem caracterizada por Francisco de Oliveira como fase da economia nacional, regionalmente organizada.
Esta, por sua vez marcada pelo espaço progressivamente concentrado e diferenciado. Assim, sucede o surgimento de industrias com elevada diversificação e maior concentração principalmente nos estados de São Paulo e rio de Janeiro. Impulsionadas pelo processo susbstitutivo das importações que, ao restringir o consumo obrigavam a expansão industrial e aceleração do processo de industrialização.
Uma terceira fase se consolida por anos 1970, com a atração de migrantes para a Região Sudeste, em função do aumento da demanda das industrias na produção de ferro e cimento, a construção da CSN viabilizou o aumento da infraestrutura de transportes e aumento do setor industrial no estado do Rio de Janeiro, concomitante, uma industria de complementariedade surgia em São Paulo, tornando esses dois estados polarizadores dentro da Região Sudeste. Desse modo, a emergência de um espaço polarizado, concentrado e diversificado
A reestruturação industrial pós 1970, se caracteriza por ser de modo diferenciação-concentração, que acarreta uma deseconomia de escala afetando os custos e a produtividade, obstruindo assim a continuidade do processo industrial.
Os governos militares investiram em programas como o PND (Plano Nacional de Desenvolvimento), divididos em três distintos momentos, o primeiro caracterizado pela modernização agrícola, segundo por uma redistribuição industrial e terceiro por uma “correção de rumos” com objetivo de redistribuir as industrias concentradas em São Paulo, fazendo parte do Projeto Brasil Grande.
Com este projeto os governos pretendiam reordenar e reconfigurar o arranjo e a divisão territorial do trabalho no espaço nacional a partir de quatro segmentos: o polígono industrial, o complexo agroindustrial, a difusão da agroindústria de fruticultura e as fronteiras biotecnológicas.
O polígono industrial é marcado pela transformação das cidades receptoras em centros diversos e disseminados de industrias e pelo alargamento industrial para alem da Região Metropolitana de São Paulo, onde a localização da produção industrial e especialização dos ramos de produção proporcionam ao Centro-Sul maior destaque no que refere a participação nas exportações para o Mercosul.
A região do Complexo Agroindustrial marca o Cerrado como epicentro, uma modernização agrícola e a expansão as sojicultura. Ocasionando mudança de relação de trabalho no campo para um desenvolvimento agrícola moderno a partir do complexo agroindustrial. O PND I e II, pautados na modernização tecnológica e política e na criação de um setor de industrial de produtos e insumos, alem de uma implementação de uma infraestrutura de transportes, comunicação e energia etc.
Desse, modo o autor define complexo industrial como unidade de economia que integra e ao tempo que especializa em um só sistema atividades dos setores primário, secundário, terciário e quarternário.
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