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Geografia Critica

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Por:   •  9/6/2013  •  982 Palavras (4 Páginas)  •  451 Visualizações

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A Geografia crítica -- ou simplesmente Geocrítica -- nasceu em meados da década de 1970, inicialmente na França e posteriormente na Espanha, Itália, Brasil, México, Alemanha, Suíça e inúmeros outros países.

Essa expressão, na origem, foi criada ou pelos menos identificada com a obra A Geografia - isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra (de 1976), de Yves Lacoste, e com a proposta da revista Hérodote (cujo primeiro número também foi editado em 1976), que no início era uma revista de "geopolítica crítica" e também de geografia, com especial ênfase na renovação do seu ensino em todos os níveis.

Pode-se dizer que os pressupostos básicos dessa "revolução" ou reconstrução do saber geográfico eram a criticidade e o engajamento. Por criticidade se entendia uma leitura do real -- isto é, do espaço geográfico -- que não omitisse as suas tensões e contradições, que ajudasse enfim a esclarecer a espacialidade das relações de poder e de dominação. E por engajamento se pensava numa geografia não mais "neutra" e sim comprometida com a justiça social, com a correção das desigualdades sócio-econômicas e das disparidades regionais. A produção geográfica até então, dizia-se -- embora admitindo exceções: Réclus, Kropotkin e outros -- , sempre tivera uma pretensão à neutralidade e costumava deixar de lado os problemas sociais (e até mesmo os ambientais na medida em que, em grande parte, eles são sociais), alegando que "não eram geográficos".

É lógico que essa nova maneira de encarar a geografia não surgiu do nada. Ela se enraizou e floresceu num contexto de revisão de idéias e valores: o maio de 1968 na França, as lutas civis nos Estados Unidos, os reclames contra a guerra do Vietnã, a eclosão e a expansão do movimento feminista, do ecologismo e da crise do marxismo... E ela se alimentou de muito do que já havia sido feito anteriormente, tanto por parte de alguns poucos geógrafos quanto por outras correntes de pensamento que podem ser classificadas como críticas. Desde o seu nascedouro, a Geografia crítica encetou um diálogo com a Teoria crítica (isto é, com os pensadores da Escola de Frankfurt), com o anarquismo (Réclus, Kropotkin), com Michel Foucault, com Marx e os marxismos (em particular os não dogmáticos, tal como Gramsci, que foi um dos raros marxistas a valorizar a questão territorial), com os pós-modernistas e inúmeros outras escolas de pensamento inovadoras. Mas ela principalmente representou uma abertura para -- e um entrelaçamento com -- os movimentos sociais: a luta pela ampliação dos direitos civis e principalmente sociais, pela moradia, pelo acesso à terra ou à educação de boa qualidade, pelo combate à pobreza, aos preconceitos de gênero, de cultura/etnia e de orientação sexual, etc.

Quase ao mesmo tempo, embora alguns anos antes, surgia na Grã-Bretanha e principalmente nos Estados Unidos a chamada Geografia radical, que significou uma reação dos geógrafos anglo-saxônicos -- ou pelo menos de uma parte deles -- contra o excesso de quantitativismo, contra a denominada Geografia pragmática, ou quantitativa, que predominou nesses países nos anos 1960 e na primeira metade da década de 70. Também a Geografia radical reprochou a pretensa neutralidade da tradição geográfica e, principalmente, o comprometimento implícito dessa Geografia quantitativa com o poder instituído, com o Estado capitalista e com as grandes empresas. Era preciso revirar a geografia, afirmava-se, usá-la a favor dos dominados, dos oprimidos ou, como diríamos hoje, dos excluídos.

Da mesma forma que a Geografia crítica, a Geografia radical buscou subsídios tanto nos movimentos populares e sociais quanto nas correntes radicais de pensamento, em especial o marxismo. Neste ponto, ela

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