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História da Profissionalização Docente

Por:   •  14/4/2015  •  Ensaio  •  1.690 Palavras (7 Páginas)  •  160 Visualizações

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História da Profissionalização Docente

A docência é uma das profissões mais antigas da humanidade. Indiferentemente do período histórico ou do tipo de sociedade, há muitos fatores históricos e situações que construíram e ainda constroem a imagem e o profissionalismo docente.

A profissionalização, a afirmação de identidade e o prestígio dos professores têm andado por caminhos difíceis. Nascida como escrava, enraizada na tradição do servir, desenvolvida no bojo das congregações religiosas, espalhadas pelo liberalismo, a profissão docente procura, na atualidade, descobrir para o que foi criada, qual a sua importância para a sociedade e como pode provocar o reconhecimento que sua função exige.

Antigamente, havia várias decisões a serem tomadas, as quais influenciaram a imagem social do docente até os dias de hoje. Discutia – se se o professor deveria ser leigo ou religioso, se deveria pertencer a um corpo docente ou realizar um trabalho isolado e individual, deveria ser escolhido ou nomeado, quem deveria pagá-lo, a que autoridade deveria estar submetido etc.

Gerados dentro de congregações religiosas, o modelo e o perfil de professor construíram-se e mantiveram-se muito próximos a um sacerdócio. São dois fatores da gênese profissional dos professores que influenciaram até hoje: a relação do professor ao saber, ou seja, os saberes e as técnicas de ensino, elaborados por teóricos e especialistas, sem a participação do professor, a influência de crenças religiosas e atitudes morais e religiosas na elaboração das normas e dos valores da profissão.

        Alguns fatores históricos contribuem  para a consolidação da imagem social de que desfruta a profissão docente na atualidade: a estatização do Ensino, a criação da Escola Normal, a fundação do movimento associativo.

        A primeira contribuição ocorre quando o Estado resolve intervir no ensino, ele acaba provocando uma homogeneização, uma unificação e uma hierarquização de todos os grupos de professores já existentes na antiguidade. Depois deum certo tempo, ser professor se torna um mecanismo que possibilita a ascensão social. Assim, professores se tornam agentes culturais, sociais e políticos.

        A fundação das escolas normais, como segundo fator da construção de imagem de professor, tem como consequência uma grande mudança sociológica do corpo docente. As escolas normais também contribuem para criar uma cultura profissional, por meio da socialização e a coletividade dos seus membros.

        Um terceiro elemento que vem a contribuir para a consolidação da identidade profissional é o surgimento de um movimento associativo, os professores se encontram num objetivo comum, reivindicam por causa própria.

A desprofissionalização docente

        Vários elementos históricos contribuem para a diminuição do prestígio dos professores: a expansão de escolas, o aumento do número de professores, as incertezas face ás finalidades e ás missões da escola, a incerteza quanto ao papel na reprodução cultural e na formação de elites e até algumas correntes pedagógicas, Além desses, a fatores preponderantes: a feminilização da profissão, o idealismo, a vocação e o magistério.

Magistério: profissão feminina

        O trabalho remunerado feminino é construído em torno de dois tipos de divisão:

        Primeiro, o trabalho de mulheres está relacionado a uma divisão vertical do trabalho, em que as mulheres como um grupo estão em desvantagem face aos homens, no que toca as condições sob as quais trabalham. Segundo, sua atividade está da divisão horizontal do trabalho, em que as mulheres se concentram em tipos específicos de trabalho. Um agravante no caso da profissão docente é o fato de vir associada ao cuidado, ao serviço que por si só já a defini como trabalho de mulher. E cuidar de crianças e servir é considerado um trabalho que exige menos qualificação, por isso, é menos valorizado. Em parte, o magistério tornou-se feminino porque os homens o abandonaram, enquanto o magistério era ocupação casual, não exigia qualificação, que podia tomar períodos curtos de tempo, em épocas específicas do ano, atraía homens como comerciantes, agricultores, políticos, pastores. Porém, à medida que se introduziu a obrigatoriedade escolar, a demanda cresceu, os homens começaram a achar que o custo de oportunidade do magistério ficou alto, já que os salários oferecidos pelo Estado não eram suficientes para sustentar uma família.

Magistério e idealismo

        O idealismo, e a saudade de um mundo melhor marcam presença fundamental na carreira docente. O idealismo do professor alimenta um sonho não só de ser feliz, mas numa coisa muito maior, na necessidade de fazer muito, provocando uma hiperagitação física e mental que resulta num dinamismo cujas ações buscam superar dificuldades.

Entrevistas com professores da educação infantil

Primeira entrevista

         Desde criança eu tinha esse sonho, ser professora. Minhas brincadeiras giravam em torno da sala de aula. Lembro que minha primeira professora fazia cartazes lindos e que escrevia usando uma moeda de molde para as letras scripts ficarem bem redondinhas e eu fazia a mesma coisa em casa. Alfabetizei-me no método de silabação e sempre fui muito cobrada na ortografia. Tive excelentes professores e estudei sempre na rede pública, primeiramente na municipal e depois estadual. Depois fui trabalhar como bancária, mas o sonho de ser professora jamais abandonei. Fiz o magistério, mas continuei no banco, pois o salário do professor era muito baixo, muito pior que hoje. Até que um dia criei coragem e decidi realizar meu sonho profissional. No começo foi difícil, mas a vontade era maior. Iniciei em uma sala com 48 alunos, uma terceira série na rede estadual de ensino. Para dar conta só na base do cuspe e giz, enchia o quadro para ter silêncio. Depois peguei uma escola multiseriada, quatro turmas no mesmo horário e na mesma sala. Depois veio a estabilização com o concurso público, a faculdade e muitas experiências boas e outras nem tanto. Hoje sou gestora, mas quando vou pra sala de aula me realizo. Pois é no chão da sala de aula é que fizemos a diferença na vida das pessoas, são nessa proximidade que desencadeamos paixões, amizades, sutilezas que só no magistério percebemos. O ouvir, se torna cada dia mais determinante em sala de aula, o saber que o aluno traz, suas experiências são fundamentais para o sucesso de uma boa aula e principalmente o respeito com toda essa diversidade e pluralidade de vidas e opiniões.  

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