Mobilidade Urbana
Por: williampierre • 25/3/2016 • Resenha • 2.213 Palavras (9 Páginas) • 446 Visualizações
A cidade nasce num espaço ainda colonial no momento em que Minas Gerais (a região das minas) vive a grande idade do ouro. A região das Minas abarcava desde o Mato Grosso até o sul da Bahia. Viçosa surge como conseqüência dessa expansão consistindo no primeiro espaço central da cidade.
Dentro da lógica da coroa portuguesa, se apropriar do espaço é tido como uma idéia central para a busca do ouro, portanto o abastecimento da região se torna uma questão de grande importância para a coroa. Esse processo de apropriação se deu primeiro dentro da lógica colonial de urbanização portuguesa. Quase sempre a região era doada por um patrimônio da Igreja. A ermida era instalada consistindo numa rede de ermidas que configuram o processo de apropriação territorial, e as terras do entrono são doadas ao padre que passa a distribuir e receber um fórum dessas áreas ocupadas pertencentes a Igreja. Na construção da cidade determinados aspectos são ressaltados. As primeiras aglomerações urbanas do Brasil vão ser aglomerações fluvimaritimas – situadas perto dos rios, área de escoamento, transporte, e abastecimento de alimentos. Essa primeira centralidade marca a mentalidade da coroa portuguesa (coroa associada a igreja católica, poder civil e religioso), processo de apropriação acompanhado pela instalação de uma igreja e processo de dominação dos índios ( área de puris e coroados), processo de aldeamento dos índios.
Com o tempo, o espaço se reduz e a Igreja ganha um novo patrimônio movendo o centro para a praça da matriz. Esses patrimônios representam esse primeiro momento de uso e de centralidade, as áreas mais próximas a Igreja eram mais valorizadas, mais caras. Essa característica muda na idade moderna e na pós-moderna o centro são os edifícios, os monumentos. O centro esta articulado ao processo de criação histórico da cidade.
Região do distrito de Viçosa – Silvestre - que tem um grande impulso pelo surgimento de uma fabrica de tecidos, centralidade importante na historia da cidade por conta da fabrica de tecido. Silvestre recebe uma estação de trem utilizada para o escoamento de produção e de pessoas para o centro e outras áreas. Ainda hoje é um distrito de viçosa que mantém um aspecto de vida de bairro por ser isolado e esse isolamento se aumenta com o surgimento da BR 120, obra de um outro momento no qual a cidade se integra no circuito da modernidade no período militar a partir de 50 com a onda modernizadora de Jucelino e vai seguindo com o governo militar em 60 e 70 com a necessidade de integrar Viçosa ao Rio de Janeiro as grandes capitais. Nesse momento a Universidade se torna a Universidade Federal de Viçosa e marca outro momento da historia de Viçosa.
O momento em questão é o referente ao inicio do século 20 onde a vida urbana era muito tímida marcada pela existência de fazendas de açúcar, algumas de café (que chega efetivamente na cidade no final do século XIX e inicio do século XX). O que realmente torna a cidade com um papel mais proeminente na microrregião é o fato do Arthur Bernardes ter ocupado vários cargos, foi presidente da província de Minas, depois se torna presidente do Rio de Janeiro.
A vinda da ESAV marca esse momento na década de 20 que é uma tentativa de modernizar a agricultura (projeto de modernização agrícola).
Minas Gerais vai ser uma das províncias que insiste na mão de obra escrava até o final, portanto as regiões sul e sudeste se tronam muito mais avançados nessa substituição paulatina da mão de obra. A partir daí nasce a questão de quem trabalhará na lavoura. Dentro da questão da modernidade, o trabalhador que vai ocupar a lavoura é aquele que vem de fora. E Minas Gerais persiste por mais tempo na mão de obra escrava enquanto as outras regiões avançavam cada vez mais. A questão era agora, como incorporar essa modernidade dentro das Minas. Introdução de métodos modernos como também introduzindo escolas para formar pessoas capazes de lidar com essas técnicas agrícolas, por isso paralelamente a ESAV nasce uma escola para abrigar as pessoas para aprender técnicas agrícolas.
Essa paisagem que está se configurando, o café, o açúcar com pouca expressão e esse surto modernizador com essa fabrica de tecidos. A linha de trem representa esse caminho no qual as cidades se tornam mais modernas, ela chega primeiramente na Violera, depois desce para o centro da cidade. O centro de Viçosa se moderniza com a chegada da linha de trem de acordo com o desejo dessa nova elite cafeeira quanto ao estilo arquitetônico eclético, certa monumentalidade, a construção do balaustre e o entrono e feita de forma pensada como uma cidade moderna, uma cidade com ares mais ligada a BH com mais modernidade.
Com relação a mudança da paisagem, em primeiro lugar tem-se a paisagem do período colonial marcada por determinados objetos geográficos que estão no espaço, determinadas conformações do traçado, um traçado curvilíneo das ruas, a Igreja tendo uma centralidade, o rio sempre próximo marcado uma dependência com a natureza. Nesse segundo momento, tem uma ruptura com esses elementos da paisagem, o que aparece fortemente nessa paisagem é o Estado, a escola, prédios do Estado que ocupam a área central. Esse momento marca também a existência e a necessidade do Estado confirmar essa posição central nos rumos dessa sociedade.
O nascimento das primeiras habitações muito precárias no centro, o morro do café, o morro rebenta rabicho, esses lugares que voa nascer estão articulados a essas pessoas que trabalhavam no café, que trabalhavam na agricultura e que não tiveram, dentro desse contexto, oportunidade de morar na parte mais equipada da cidade (década de 50).
A Lei de terras marca uma ruptura com a doação de terras, a terra não vai ser mais doada, a relação com a terra passa a ser mercantil. Os ricos estão mais capitalizados, os pobres estão mais capitalizados, então quem obtém a terra são os grandes fazendeiros.
Essas fazendas são passadas para os seus herdeiros e no final da década de 50, muitas delas estão abandonadas, isso acontece em Nova Viçosa, em Amoras, muitas dessas fazendas vão ser vendidas para os novos loteadores da cidade. No período de 60 e 70 então, a cidade vai passando de um aspecto mais agrário para um mais urbano. Essa passagem é feita com a compra desses pedaços de fazenda por esses novos loteadores. O mais marcante deles é o Antonio Chequer. As imobiliárias, as empresas de construção civil e as primeiras agenciam bancarias nascem para atender o novo mercado.
Processo de auto-segregação aparece na década de 70 e 80 por grupos sociais que tinham mais recursos, portanto a idéia de um isolamento que de uma certa forma, marca esse processo de autos-segregação. Grupos que até então poderiam lutar por moradias e condições melhores dentro da cidade e que por questões pessoais resolvem se afastar da cidade. Paralelamente a esse conjunto, nasce nova Viçosa.
Segregação imposta – conceito do Lobato - revela esse processo cruel de produção da cidade, essa produção se transforma no objeto de propaganda para favorecer determinadas figuras, determinados políticos como foi o caso de Antonio Chequer.
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