Mobilidade urbana e dinâmicas territóriais
Por: williampierre • 5/10/2015 • Artigo • 3.368 Palavras (14 Páginas) • 261 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
DGE – DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
GEO 331 – FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
MOBILIDADE URBANA E DINÂMICAS TERRITORIAIS
William Pierre Rodrigues
Resumo
O presente artigo trabalha a questão da mobilidade urbana na cidade de Viçosa-MG tendo em vista o seu processo histórico de formação territorial, desde os tempos da primeira ermida cedida pela Igreja localizada na Rua do Passos até os dias atuais com a Av. P. H. Rolfs enquanto centro voltado para o consumo e ponto de convergência dos demais bairros mais afastados, e o seu contexto de inclusão na escala macro, relacionada à formação do território brasileiro.
Palavras Chave
Mobilidade – Dinâmicas Territoriais – Viçosa
INTRODUÇÃO
Tratar das dinâmicas territoriais provenientes das questões da mobilidade urbana, ou seja, o livre deslocamento de pessoas, mercadorias, insumos de base e etc. estabelece-se enquanto uma tarefa atual, de suma importância e freqüentemente recorrente nos noticiários. Inúmeras são às vezes em que nos deparamos com tais situações provenientes da escolha brasileira pela malha rodoviária, que interliga suas diversas regiões e, o carro enquanto meio de transporte principal para este sistema.
Escolha um tanto quanto duvidosa tendo em vista que se aproveitássemos mais das características físicas do próprio território poderíamos obter um sistema de transportes mais barato, capaz de lidar com a agilidade com que se dão as relações no mundo globalizado e o livre escoamento de pessoas e produção, como por exemplo: hidrovias, que aproveitam dos extensos rios navegáveis espalhados pelo território; ferrovias, muito mais seguras (quando comparadas às rodovias) e propicias ao transportes de carga e as aerovias, interligando áreas distantes em um curto espaço de tempo.
Enfim, demasiadas são as críticas ao modelo vigente, mas a princípio pretende-se recapitular um pouco dos conceitos apreendidos ao longo do período na disciplina “Formação do Território Brasileiro” ministrada pelo professor Ulysses Baggio, trabalhando com uma escala de análise mais ampla, que contemple as dinâmicas de mobilidade como um todo ao longo dos anos, em seguida inserir a cidade de Viçosa-MG neste contexto, afunilando nosso olhar para as questões locais e verificando o seu rebatimento no território.
A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO SOB A ÓTICA DA MOBILIDADE
A questão da mobilidade pode muito bem ser analisada desde os tempos do Brasil enquanto colônia de exploração subordinada à metrópole centralizadora de todas as decisões, neste caso Portugal. Como o apontado por Antônio Carlos Robert Moraes,
“... nem toda expansão resulta diretamente em colonização. Para que ela ocorra é necessário uma efetivação da ocupação do espaço, isto é, a colonização é um assentamento com certa dose de fixação e perenidade (mesmo que historicamente transitória)” (2008, p. 63)
A palavra chave aqui é a “ocupação do território” deixando claro que devido às suas proporções continentais, ocupar significava abrir vias, promover conexões ou mesmo o transporte de recursos naturais que garantiriam a subsistência da metrópole central.
Logo na chegada dos portugueses nas chamadas terras além-mar eles se deparam com uma primeira barreira contra a mobilidade para o interior do território, a floresta tropical de mata atlântica. Extremamente densa e composta por uma fitogeografia muito bem desenvolvida, a floresta impede por um longo período o acesso às riquezas do interior, aliado a ela estava também a presença dos povos autóctones, originários do local, que poderiam ou não oferecer resistência e ainda um imaginário fértil povoado de monstros e seres místicos, próprios de situações desconhecidas como e esta.
Com o passar dos anos e à medida que a barreira física foi sendo transposta deu-se a descoberta de metais preciosos como o ouro e a prata que são sempre muito rentáveis visto que a colônia, encarada enquanto um empreendimento precisava se auto-sustentar, ou seja, suprir seus próprios gastos. Esta nova atividade econômica atua no território enquanto um agente intensificador e eixo direcional para a ocupação do mesmo. Ainda segundo Moraes,
“o desenho básico (de ocupação) observado é o denominado de bacia de drenagem, em que um eixo de circulação central ramifica-se por caminhos que vão buscar as zonas de produção, e este eixo tem por destino um porto (lacustre, marinho ou estuário) que articula os lugares drenados com os fluxos do comércio ultramarino.” (2008, p. 68)
Típica forma de ocupação do espaço que auxilia na coleta de riquezas e recursos promovida pela linha central de drenagem e por suas ramificações, as afluentes.
É neste contexto de exploração intensa das minas gerais que surge a cidade de Viçosa-MG originalmente denominada Santa Rita do Turvo com o intuito de abastecer a região das minas com alimentos, tendo em vista a impossibilidade destas práticas na região mineradora por conta das características naturais do solo.
HISTÓRICO DO TERRITÓRIO DA CIDADE, MOBILIDADE PLANEJADA?
A cidade nasce num espaço ainda colonial no momento em que Minas Gerais (a região das minas) vivia a grande idade do ouro. A região das Minas abarcava desde o Mato Grosso até o sul da Bahia. Viçosa surge como conseqüência dessa expansão consistindo no primeiro espaço central da cidade.
Dentro da lógica da coroa portuguesa, se apropriar do espaço é tido como uma idéia central para a busca do ouro, portanto o abastecimento da região se torna uma questão de grande importância para a coroa. Esse processo de apropriação se deu primeiro dentro da lógica colonial de urbanização portuguesa. Quase sempre a região era doada por um patrimônio da Igreja. A ermida era instalada consistindo numa rede de ermidas que configuram o processo de apropriação territorial, e as terras do entorno são doadas ao padre que passa a distribuir e receber um fórum dessas áreas ocupadas pertencentes à Igreja. Na construção da cidade determinados aspectos são ressaltados. As primeiras aglomerações urbanas do Brasil vão ser aglomerações fluvimarítimas – situadas perto dos rios, área de escoamento, transporte, e abastecimento de alimentos. Essa primeira centralidade marca a mentalidade da coroa portuguesa (coroa associada à igreja católica, poder civil e religioso), processo de apropriação acompanhado pela instalação de uma igreja e processo de dominação dos índios (área de purís e coroados), processo de aldeamento dos índios.
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